Comandantes Israelenses durante a Guerra do Yom Kippur e a ex-primeira-ministra de Israel, Golda Meir - Foto por Bamahane pelo Wikimedia Commons / Foto por Willem van de Poll pelo Wikimedia Commons
Guerra do Yom Kippur

Israel: Ataque do Hamas ocorre um dia após os 50 anos da Guerra do Yom Kippur

Israel foi alvo de um ataque surpresa do Hamas neste sábado, 7; relembre o que foi a Guerra do Yom Kippur

Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 31/08/2023, às 17h19 - Atualizado em 07/10/2023, às 09h35

Muhammad Al-Deif, atual comandante militar do Hamas, movimento islamista palestino, instigou um levante contra Israel neste sábado, 7. Ele argumenta que o ataque contra Israel ocorre como resposta aos ataques promovidos contra mulheres, cerco a Gaza e também ao desrespeito contra a mesquita de al-Aqsa.

De acordo com o grupo, 5.000 mísseis foram lançados contra Israel na operação “Tempestade Al-Aqsa”. Segundo Muhammad Al-Deif, o Hamas “alvejou as posições inimigas, aeroportos e posições militares com 5.000 foguetes”.

"Se você tem uma arma, use-a. Esta é a hora de usá-la – saia com caminhões, carros, machados. Hoje começa a melhor e mais honrosa história", disse ele em mensagem. Como resultado, Forças de Defesa de Israel convocam soldados e determinaram 'alerta de estado de guerra'.

Ao mesmo tempo, também foi dito que o grupo responsável 'enfrentará as consequências', repercute a CNN Brasil. O Centro Médico Kaplan informou que muitos das pessoas alvo dos ataques foram feridas com balas e estilhaços. Ao menos 100 pessoas estão feridas.

O ataque ocorre um ano após o aniversário de 50 anos da Guerra do Yom Kippur. Com isso em mente, relembre o que foi o conflito!

A Guerra do Yom Kippur, que durou entre os dias 6 a 25 de outubro de 1973, recebeu esse nome devido ao feriado judaico em que se iniciou: o Yom Kippur, considerado o dia mais sagrado do ano para o judaísmo.

Em um dos lados do conflito estava Israel, e do outro uma coalizão de países árabes, liderados pelo Egito e Síria. Entenda como ocorreu este conflito. 

Israelenses x árabes

Inicialmente, é importante compreender que o Estado de Israel é recente, criado em maio de 1948 através de um plano proposto pela Organização das Nações Unidas (ONU), como um refúgio para os judeus depois da Segunda Guerra Mundial e o Holocausto.

No entanto, desde sua criação, outros países árabes da região rejeitaram a presença israelense — devido principalmente às diferenças religiosas, mas também às disputas econômicas, territoriais e pelo domínio da cidade de Jerusalém, sagrada para ambos os lados —, e assim surgiram grupos radicais que atacaram os "invasores", de acordo com o portal Mundo Educação.

As ações desses grupos radicais, eventualmente, se tornaram conflitos armados completos — entre eles, está a Guerra dos Seis Dias (1967) —, mas, no fim, a vitória foi de Israel, apoiado militar e financeiramente pelos Estados Unidos. Assim, o novo Estado ampliou sua presença no Oriente Médio, anexando territórios que, outrora, pertenciam ao Egito e à Síria. 

Tanques israelenses cruzando o Canal de Suez em 25 de outubro de 1973, na Guerra do Yom Kippur / Crédito: Getty Images

 

No entanto, esses povos de origem árabe não concordaram com a expansão de Israel por seus territórios e, em 1973, mais uma vez, os dois grupos se colocaram a postos em campo, na chamada Guerra do Yom Kippur. Enquanto os árabes queriam expulsar os israelenses do Oriente Médio, Israel pretendia reforçar sua presença na região.

Guerra do Yom Kippur

Foi no derradeiro dia 6 de outubro de 1973, no feriado mais importante para o judaísmo, que tropas egípcias e sírias coordenaram os primeiros ataques militares da Guerra do Yom Kippur contra bases israelenses na região do Canal de Suez, uma ligação entre os mares Mediterrâneo e Vermelho, portanto, um importante ponto de conexão para navios comerciais — por isso, era motivo de interesse para ambos os lados.

Para o combate, os egípcios atacaram ao atravessar as águas do Canal de Suez, enquanto os sírios foram pelo lado da Colina de Golã. A princípio, os árabes não tiveram grandes problemas com a invasão, fator considerado um êxito — o que, depois, provou-se um engano.

Tropas israelenses em meio à Guerra do Yom Kippur / Crédito: Getty Images

 

Rapidamente, a marinha de Israel interveio o ataque, derrotando todas as embarcações árabes no Mar Mediterrâneo, além de expulsar por terra os demais soldados árabes. Foi neste incansável conflito que, no dia 26 de outubro de 1973, israelenses declaram terem oficialmente derrotado mais uma vez os árabes, e mantiveram os territórios que conquistaram na Guerra dos Seis Dias.

Soldados sírios rendidos em meio à Guerra do Yom Kippur / Crédito: Getty Images

 

Acordo de paz

Cinco anos depois da vitória de Israel na Guerra do Yom Kippur, em 1978, israelenses e árabes discutiram um acordo de paz em Camp David — retiro rural do presidente norte-americano, no estado de Maryland —, nos Estados Unidos. Na ocasião, o Egito finalmente reconheceu a derrota e existência do Estado de Israel, retomando assim as relações diplomáticas entre os países. 

Antiga primeira-ministra de Israel, Golda Meir, e o ministro da defesa Moshe Dayan (com tapa-olho) reunidos com tropas israelenses em 21 de outubro de 1973 / Crédito: Getty Images

 

No entanto, vale pontuar que ainda existiriam consequências do embate: em retaliação ao apoio do Ocidente a Israel, os árabes, na época os maiores produtores de petróleo do mundo, aumentaram o preço do barril do produto, levando a uma necessidade de se buscar novas fontes de energia.

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