Apesar de todos os alertas, políticos soviéticos insistiram com projeto que colocaria em risco a vida de Komarov, mas como último pedido, ele fez questão mostrar as consequências desse ato
Fabio Previdelli Publicado em 27/06/2020, às 08h00
Era abril de 1967 quando, sentado na cápsula espacial Soyuz 1, o cosmonauta russo Vladimir Komarov orbitava acima da Terra. Entretanto, diferente de todas as outras pessoas que já se aventuraram no espaço, Komarov tinha uma única certeza naquela ocasião: a de que morreria naquele dia.
Afinal, o nível do combustivo estava baixo e a nave tinha um padrão de construção considerado abaixo da média, como se isso não bastasse, mal sabia, mas os paraquedas na embarcação de pouso também estavam com defeito.
A carreira de Komarov
Nascido em Moscou, em 16 de março de 1927, se formou como engenheiro espacial, o que lhe permitiu ser selecionado para o primeiro grupo de cosmonautas, em 1960. Apesar de ser um dos mais experientes do grupo, Vladmir foi, a princípio, declarado sem condições de saúde para continuar no programa russo, porém, sua inteligência e perseverança permitiram que prosseguisse com um papel ativo dentro do projeto.
Com isso, finalmente teve sua primeira missão espacial em 12 de outubro de 1964, comandando a nave Voskhod 1, tendo como companheiros os cosmonautas Boris Yegorov e Konstantin Feoktistov. Aquele era o primeiro voo ao espaço em uma nave com mais de um tripulante.
A tragédia anunciada
Após sair bem-sucedido da missão, Komarov foi selecionado para liderar o programa seguinte: uma viagem a bordo da Soyuz 1. Porém, desde o início, o projeto apresentou defeitos que seriam cruciais para o sucesso da missão.
Durante a engenharia da nave, descobriu-se que o design da Soyuz não permitiria que um cosmonauta saísse da escotilha com segurança. Os engenheiros garantiram a Vladimir que tudo ficaria bem. Infelizmente, ele nunca teve a oportunidade de testar isso.
Além do mais, durante o treinamento, Vladimir Komarov e seu colega cosmonauta constantemente tiveram seus horários reorganizados sem aviso prévio e foram forçados a trabalhar de 12 a 14 horas por dia.
Como se já não bastasse, os problemas de engenharia com a nave persistiram, e Vladimir ficou confiante de que morreria durante sua viagem na Soyuz 1. Mesmo assim, o Comando Espacial Soviético ainda queria mandá-lo para o espaço, embora estivesse claro que o plano tinha suas falhas.
Komarov, é claro, poderia ter desistido da missão, mas sabia que isso certamente significaria enviar Yuri Gagarin, seu substituto, para a morte. Assim, decidiu seguir em frente com a missão de salvar Yuri, mas antes de partir, seu desejo final era que seu funeral tivesse um caixão aberto para que os engenheiros e a liderança soviética pudessem ver seus restos mortais.
A missão saiu da Terra sem problemas, mas quando a cápsula Soyuz 1 chegou no espaço, os painéis solares 1 e 2 falharam ao abrir, o que significaria que a cápsula estaria funcionando com pouca energia. Mas este foi apenas o começo dos problemas.
As comunicações de alta frequência na nave pararam de funcionar por completo. Os propulsores manuais DO-1 usados para orientar a embarcação não tinham pressão suficiente para funcionar corretamente. Vladimir Komarov ficou preso em uma caixa com funcionalidade limitada, orbitando acima da Terra.
Como o Soyuz 1 tinha tantos problemas no espaço, a missão de suporte planejada para executar testes no módulo nunca foi lançada. Após essa decisão, as autoridades disseram a Komarov para iniciar o processo de reentrada na Terra.
No entanto, essa parte do plano também não deu certo, já que o paraquedas de frenagem do módulo falhou, portanto, a cápsula manteve uma velocidade muito alta ao pousar, matando Komarov ao se espatifar e explodir no solo.
Apesar de todas as objeções dos engenheiros de prosseguir com o programa, o voo só aconteceu por pressões de líderes políticos soviéticos, que desejavam realizar uma grande missão espacial em comemoração ao aniversário de nascimento de Lenin.
Dois dias depois do acidente, Vladimir Komarov foi sepultado com honras em Moscou e suas cinzas foram enterradas na Necrópole da Muralha do Kremlin, na Praça Vermelha, junto de outros lumiares da então União Soviética. Além do mais, foi condecorado duas vezes com a Ordem de Lenin e com o título de Herói da União Soviética. Seu nome foi escrito em uma placa deixada na Lua pelos tripulantes da Apollo 11 e da Apollo 15.
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