O longa de Darren Aronofsky possui mensagens e cenas curiosas, mas se engana quem acha que é feito de uma trama simples
Isabelly de Lima, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 03/07/2023, às 17h08
O filme 'Mãe!' estreou em 2017 e pode-se dizer que é repleto de significados religiosos e cheio de metáforas que nos faz questionar o enredo do longa diversas vezes. Dirigido pelo renomado diretor Darren Aronofsky, a produção conta com um elenco repleto de estrelas, tendo como protagonista a atriz vencedora do Oscar, Jennifer Lawrence.
Apesar de o filme possuir uma bela estética, é certo dizer que ele pode ser considerado confuso, por diversos motivos, e caso você já tenha assistido, com certeza também se perguntou o que estava, de fato, acontecendo em algumas cenas. Inclusive, a própria estrela da produção assumiu que não compreendeu o filme em sua totalidade.
Em uma entrevista para o 'Watch What Happens Live com Andy Cohen', que aconteceu em 26 de junho, a atriz revelou que não compreendeu muito bem a ideia do filme, ainda que, naquele período, estivesse se relacionando com o diretor. Cohen perguntou à Jennifer: "Em uma escala de 1 a totalmente confuso, o quanto você entendeu seu filme ‘Mãe!?‘"
Ela disse, segundo a People: "Vou ser honesta", disse ela. "Bem, eu estava dormindo com o diretor, então eu tinha CliffsNotes (anotações). Então… 5? Ou 4. Mas se alguém precisar de alguma dica para entender seus filmes, você sabe o que fazer!".
Se assim como a atriz, você também ficou com dúvidas sobre o longa, nós separamos alguns pontos que podem ajudar a entender a confusa trama de ‘Mãe!’:
Aronofsky explorou passagens do Antigo Testamento em seus filmes anteriores, como "Noé" (2014). Em "Mãe!", porém, ele oculta sua mensagem enquanto conta diversas histórias desde o Gênesis até o Apocalipse.
A trama aparentemente simples sobre um casal vivendo pacificamente em uma casa no campo com visitantes indesejados é, na verdade, uma alegoria bíblica. A narrativa abrange desde a criação do mundo, simbolizada pela reconstrução da casa, até o dilúvio, sinalizado pela advertência da personagem Mãe sobre a pia não estar devidamente fixada.
O nascimento de Cristo também é retratado, culminando no fim dos tempos, representado pela explosão final, sendo essa a mensagem mais evidente do diretor e roteirista.
A talentosa atriz assume o papel da personagem principal, retratando a figura materna, que, segundo o cineasta, é uma fusão entre a Mãe Natureza e uma encarnação do próprio planeta Terra. O diretor parece não fazer distinção entre essas duas entidades, considerando-as praticamente inseparáveis.
Nessa perspectiva, a personagem desempenha o papel crucial de zelar pela manutenção da casa, que representa fisicamente o mundo. Ela é diretamente afetada pelas ações agressivas dos visitantes inesperados, que simbolizam a própria humanidade.
"Eu sou Eu", responde o personagem espanhol quando a Mãe o questiona. Essa resposta enfática revela que Bardem interpreta um papel divino, representando Deus, o Pai da Criação. É notável que Ele seja o único a sobreviver à explosão final, simbolizando um novo ciclo de criação e destruição.
Essa distinção é fundamental para compreender a delicada dinâmica entre o casal protagonista. Enquanto Ele lida com frustrações e bloqueios criativos, ele acolhe a presença dos visitantes em sua casa, encontrando inspiração neles, mesmo que isso cause sofrimento para a Mãe.
É evidente que essa abordagem retrata uma personificação mais cética do Deus judaico-cristão, conforme a visão do diretor ateu Aronofsky.
O primeiro convidado a adentrar a residência também representa o primeiro Homem. Ed Harris desempenha o papel de Adão, marcando o início dos infortúnios enfrentados pela Mãe, de acordo com o G1.
Durante a primeira noite com o convidado, Lawrence observa um pequeno ferimento em sua região costal. No dia seguinte, surge sua esposa, a primeira de todas: Michelle Pfeiffer assume o papel de Eva, sendo sedutora, provocante e incisiva. Ela insiste em entrar repetidamente no escritório de Ele, ignorando os avisos de que ninguém deve entrar lá sozinho.
É esse casal que acaba por quebrar uma gema de vidro (seria o equivalente à maçã, o fruto proibido na história), provocando a ira de Deus e sendo expulsos do escritório, representando o Jardim do Éden. Como resultado, seus filhos são Caim (o assassino) e Abel (a vítima).
Se já não fosse evidente o suficiente por ser filho divino, o personagem de Jesus Cristo é entregue à humanidade e acaba morrendo exatamente por ela. Além disso, uma das cenas mais perturbadoras retratadas no filme é a representação da Comunhão, na qual os personagens consomem o corpo da criança.
Aronofsky também deixa claro que o filme traz uma mensagem ambiental poderosa. Apesar da Natureza suportar silenciosamente todo o sofrimento infligido pela humanidade, chega um momento em que ela reage.
Claramente, as consequências não são favoráveis para ninguém. Algumas pessoas também interpretam a obra como um debate sobre relacionamentos abusivos e a violência contra a mulher, mas não seria essa a mensagem principal do diretor.
Na trama há um remédio curioso, de coloração amarela, que ainda indaga quem assiste. No entanto, o diretor disse que essa é a única resposta do filme que ele não irá entregar. Em uma entrevista coletiva em São Paulo, antes do lançamento do filme, Aronofsky disse, aos risos: “Vocês podem me perguntar qualquer coisa. Eu contarei tudo. Mas isso isso eu levarei comigo para o túmulo”.
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