Morando atualmente no Brasil, a holandesa de origem judia foi presa no campo de Bergen-Belsen, o mesmo onde Anne passou seus últimos dias
André Nogueira Publicado em 27/01/2020, às 08h00 - Atualizado em 25/06/2021, às 08h00
Uma das principais fontes que temos da trágica passagem de Anne Frank pela indústria da morte nazista, além de seu diário, são os relatos de uma de suas amigas do campo de extermínio Bergen-Belsen, Nanette Blitz Konig. Nascida em Amsterdã no mesmo ano de Frank, Blitz era judia, segunda das três filhas de um bancário holandês.
Durante a marcha da Wehrmacht em direção a Paris, os Países Baixos foram tomados pelo Reich e, a partir de 1940, os judeus da Holanda passam a serem perseguidos. Com a implementação da segregação étnica no país, Nanette passa a frequentar uma escola exclusiva para judeus, o Liceu Judaico, acabando na mesma classe que a famosa Anne Frank. Lá, se conheceram e tornaram-se amigas.
Em 1943, já estava iniciado o esforço do governo alemão para a contenção e o extermínio dos judeus. A família de Nanette, então, é presa e encaminhada para Westerbork, um campo de transição onde judeus eram levados e redirecionados. Em cinco meses, já em 1944, eles são levados a Bergen-Belsen, construído para o extermínio.
Anne Frank também estava naquele campo, mas as amigas não haviam se encontrado. Diante das condições de trabalho daquele lugar, o pai de Nenette morre, levando à transferência da mãe e do irmão para outro campo. A garota, então, passa a sobreviver sozinha naquele atroz local, enquanto o irmão morria em Orenienburg e a mãe se tornava escrava nas minas de sal da Saxônia.
Apenas em 1945, Nanette e Anne voltam a se encontrar, quando a primeira é transferida para a ala exclusivamente feminina do campo: ela estava no “campo pequeno para mulheres” e vê a amiga, através do arame farpado, no “campo grande”. Um mês depois, o arame é derrubado e os campos se tornam um só, e Nanette sai em busca de Anne Frank, a encontrando com a irmã Margot.
Ambas as jovens judias contraem tifo no campo de extermínio, o que levou a morte de Anne Frank. Nanette, porém, sobrevive até a libertação do campo pelo Exército Britânico. A garota é salva pelo major Leonard Berney e levada a um hospital, onde ela fica internada por três anos após o fim da Guerra.
Durante sua passagem no hospital, ela se encontra com o pai da amiga, Otto Frank, que a entrega um exemplar do famoso diário, um livro intitulado O Anexo Secreto (Het Achterhuis).
Após se recuperar do tifo, Nanette passou a morar na Inglaterra. Apaixonou-se e se casou com John Konig, um húngaro, em 1953 e, logo depois, se mudou para São Paulo, no Brasil. Atualmente, a sobrevivente dá palestras e entrevistas sobre a experiência do Holocausto.
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