Profissionais exumam o cadáver da nobre francesa - Divulgação / vídeo / Youtube / Inrap
Arqueologia

Morta em 1656 e redescoberta em 2014: A saga do cadáver de uma nobre francesa

Junto aos restos mortais da mulher, os arqueólogos ainda encontraram o coração de seu marido

Redação Publicado em 07/11/2021, às 10h00 - Atualizado em 09/11/2021, às 11h00

No ano de 2014, uma equipe de arqueólogos da França encontrou, no terreno da capela Saint-Joseph, em Rennes, o corpo de uma nobre local que morreu há mais de três séculos: Louise de Quengo.

Nascida em meados de 1584, a mulher nasceu em uma família aristocrática da Bretanha, herdeira de François de Quengo e Jacqueline de Bourgneuf. Seu pai era conhecido como , Senhor de Rochay, um Cavaleiro da Ordem do Rei, ou 'Ordem de Saint-Michel'.

Neta de René de Bourgneuf de Cucé, antigo presidente do Parlamento da Bretanha, Louise casou-se com Toussaint de Perrien, que era um cavaleiro de Brefeillac, mas nunca teve filhos. Ao lado do marido, passou grande parte de sua vida em Rennes, Pommeret e Saint-Hernin — todas importantes regiões da Bretanha.

Em seu caixão de chumbo, a mulher fora encontrada com suas roupas ainda intactas, assim como o chapéu e os sapatos com os quais foi enterrada em 1656.

Conforme informou o The Guardian na época, outros quatro caixões de mesmo material e datados da mesma época dos pertences de Louise foram descobertos no local, além de que ainda havia outras 800 sepulturas com esqueletos na capela.

No entanto, o corpo da mulher, que ficou conhecida como a Senhora de Brefeillac, se encontrava muito mais preservado do que o esperado.

Cadáver da nobre francesa / Crédito: Divulgação / vídeo / Youtube / Inrap

 

Identificando o corpo

Foi possível descobrir, a partir de análises do corpo de 1,45 m, que a nobre tinha cerca de 60 anos quando morreu. Ela foi identificada por meio de inscrições presentes em uma relíquia na qual estava o coração de seu marido, Toussaint de Perrien, o Cavaleiro de Brefeillac, morto no ano de 1649.

Foi uma descoberta muito bonita”, declarou ao jornal o arqueólogo Rozenn Colleter, do Instituto Nacional de Pesquisas Arqueológicas Preventivas.

“Vimos imediatamente que não havia apenas um cadáver bem preservado, mas uma massa de material ainda flexível e úmida, além de sapatos. Como o caixão foi completamente lacrado, ele manteve tudo preservado", explicou Colleter.

Profissionais analisam caixões de chumbo encontrados / Crédito: Divulgação / vídeo / Youtube / Inrap

 

“Tivemos que agir rápido porque, uma vez que o caixão foi aberto, ele retomou o processo de decomposição após 350 anos. Tivemos 72 horas para baixar a temperatura do corpo a quatro graus e preservar tudo”, narrou o profissional.

Análise dos restos mortais

Segundo a fonte, foi possível entender, por meio de exames, que Louise de Quengo tinha pedras nos rins, além do que os médicos chamaram de “aderências pulmonares”.

“Com Louise, tivemos surpresa após surpresa”, declarou o radiologista e médico legista Fabrice Dedouit ao afirmar que o coração do marido da francesa havia sido arrancado com “verdadeiro domínio cirúrgico”

Os restos mortais da nobre / Crédito: Divulgação / vídeo / Youtube / Inrap

 

Vida religiosa?

Segundo os profissionais, a mulher usava roupas religiosas simples da época: uma capa, um hábito marrom (uma espécie de vestimenta religiosa) feito de lã grossa, uma camisa de linho lisa, além de polainas de lã.

Seus sapatos de couro com sola de cortiça também foram encontrados em excelente estado. A nobre ainda levava consigo um escapulário devocional no braço direito, além de um crucifixo que unia suas mãos.

Em razão de todos esses detalhes, a equipe de pesquisadores acreditou na possibilidade da mulher ter entrado para o convento após a morte do marido.

“Como arqueólogos, estamos acostumados a encontrar coisas interessantes, mas esse é o tipo de descoberta que acontece uma vez na carreira. É um sonho encontrar algo tão excepcional, tão incomum”, declarou Colleter ao The Guardian na época da descoberta.

Louise foi enterrada novamente em 23 de setembro de 2015, dessa vez no cemitério comunal de Tonquédec, uma comuna francesa na Bretanha. No segundo sepultamento estavam presentes diversos membros ainda vivos da famíla, como Denis Moutel, o bispo de Saint-Brieuc e Tréguier.


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