Em entrevista, a fisiologista e meditadora profissional Debora Garcia fala sobre a prática
Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 13/02/2021, às 09h00
Que a pandemia é fonte de preocupação e ansiedade é um fato inegável. O período não apenas tirou milhões de vidas, estabelecendo uma atmosfera de luto coletivo ao redor do mundo, como também provocou impactos econômicos, levando muitos negócios à falência e aumentando a insegurança financeira de diversas famílias.
Até mesmo para aqueles que felizmente não perderam ninguém próximo na luta contra o coronavírus e também foram capazes de manter sua renda familiar estável, a insegurança em relação ao futuro e o próprio isolamento proporcionado pela quarentena também podem representar um grande desafio para a saúde mental.
Nesse clima de tensão, uma prática milenar vem prosperando como nunca no mundo ocidental: a meditação. De acordo com um levantamento do Google divulgado no fim de 2020 pelo jornal Estadão, a pesquisa “benefícios da meditação”, por exemplo, teve um acréscimo de 200% e a pergunta “como fazer meditação para ansiedade” aumentou impressionantes 4.000%.
A disseminação da prática de meditação não é uma tendência nova, como é mostrado pelos próprios dados do Google, que tem registrado recordes de buscas relacionados aos termos “mindfulness” (referente à técnica de atenção plena) e “meditação” nos últimos 16 anos - mas a pandemia do coronavírus definitivamente acelerou esse processo.
Para saber mais a respeito dessa prática, sua história e seus benefícios, o site Aventuras na História contou com a experiência da fisiologista e meditadora profissional Debora Garcia.
Tradição
“A meditação é uma prática milenar com mais de 4 mil anos de história, ela nasceu no berço das filosofias religiosas do oriente e por muito tempo se manteve assim, imersa nesse contexto”, contou a especialista.
A técnica nasceu dentro de um ambiente religioso, portanto, desempenhando um papel espiritual. Foi mais tarde que a meditação seria despida de sua simbologia original, e usada com fins terapêuticos.
Segundo Debora, a prática poderia ter sido considerada “pagã”, inclusive, uma vez que é atrelada ao hinduísmo, budismo e taoísmo.
Isso é, nossa sociedade dominada pelo cristianismo poderia ver o ato de sentar-se com a coluna reta e se concentrar na respiração da mesma forma que os rituais realizados em terreiros de umbanda são vistos hoje, por exemplo.
Felizmente para aqueles que se beneficiam da técnica hoje, isso não aconteceu, com a meditação sendo ressignificada em sua chegada no Ocidente.
“Hoje a maioria das pessoas medita para acalmar a mente, melhorar o autoconhecimento, cuidar da saúde mental e até para ser produtivo, o que eu acredito ser bem distante de um objetivo tradicional como a 'iluminação espiritual'. Não que não existam pessoas com esse foco, mas acredito que seja minoria dentro da realidade ocidental contemporânea”, observa a fisiologista.
Do Oriente para o Ocidente
Essa transição teria ocorrido quando pessoas do Ocidente, imersas na vida acelerada e estressante da realidade que se estabeleceu após a Revolução Industrial, passaram a procurar por maneiras de aproximar-se da “atmosfera de calma” demonstrada por figuras como Gandhi, por exemplo.
“Acredito que essa prática começou a ser 'importada' há cerca de 200 anos para países como os Estados Unidos e também algumas regiões da Europa. Foi ganhando cada vez mais espaço principalmente porque profissionais de áreas distintas começaram a se interessar pelo assunto, como os psicólogos e psicoterapeutas”, explicou Debora. “Acredito que é inevitável que algo que traz uma atmosfera de paz encantasse os olhos de muitas pessoas e ganhasse espaço com o tempo”.
Desde então, a neurociência tem descoberto cada vez mais benefícios ligados à meditação, como aumento da concentração e produtividade, diminuição da ansiedade e da pressão arterial, menos dificuldade para dormir e muitos outros.
Levando em conta as muitas vantagens da técnica, não é à toa que milhares buscaram aprendê-la durante o período da pandemia.
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