Emile Leray fazia uma travessia pelo deserto quando seu Citroen quebrou a dezenas de quilômetros do seu destino. Ele não teve dúvidas: transformou o carro em algo que pudesse tirá-lo dali
Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 25/10/2020, às 10h00 - Atualizado em 15/11/2021, às 10h00
Em 1993, o eletricista Emile Leray viveu uma verdadeira prova de sobrevivência. O homem francês estava na cidade Tan-Tan, em Marrocos, quando decidiu fazer uma travessia do deserto africano. Não era nada fora do comum para ele, que já havia feito uma dezena de viagens pelo continente africano, e acreditava que conhecia bem os desafios da região.
Ele levou consigo suprimentos, água e seu Citroen 2CV, que no deserto costuma ser chamado de “Camelo de Aço”, segundo contou Leray ao Daily Mail em 2012, por “ir a toda parte”. Nesse ponto, o eletricista nem poderia imaginar o grande macete que teria de elaborar para conseguir, de fato, terminar aquela viagem.
Seu primeiro obstáculo foi um posto militar, onde a polícia marroquina parou o homem parar e avisou que aquela área estava com acesso restrito devido a um aumento dos confrontos entre Marrocos e o Saara Ocidental.
Emile, no entanto, decidiu ignorar o comunicado, e em vez disso contornou o bloqueio da estrada, fazendo um caminho alternativo pelo deserto. Na companhia de seu Camelo de Aço, ele tinha confiança que nada daria errado.
Porém, talvez ele tenha ficado muito confiante, e esquecido de tomar cuidado: o eletricista acabou forçando seu carro, que morreu em meio ao terreno pedregoso. Era quase como se Leray estivesse sofrendo uma espécie de carma por não ter ouvido os policiais. Foi aí que o francês precisou tomar algumas decisões difíceis para tentar sobreviver à enrascada que tinha se enfiado.
O eletricista rapidamente descobriu quão complicada era sua situação, quando viu que quebrou duas peças que não tinha como consertar no meio do deserto, e que ao mesmo tempo eram fundamentais para que o carro andasse.
Piorando a situação, ele já estava muito longe da cidade de onde tinha saído para voltar a pé, e ainda por cima se encontrava fora das rotas tradicionais de travessia do deserto, por ter optado por um caminho alternativo, de forma que era improvável que alguém aparecesse para salvá-lo.
Com água suficiente para dez dias, Leray começou então a trabalhar em uma solução que pudesse permitir sua sobrevivência. Usando apenas as peças do carro, e sem ferramentas apropriadas, o eletricista decidiu transformar o Citroen 2CV em algo diferente - que pudesse tirá-lo do local.
“Eu me coloquei no que se chama de modo de sobrevivência. Comia menos; monitorava meus suprimentos de água e comida para que durassem o máximo possível”, contou Emile em entrevista ao Daily Mail.
O francês pensou que o projeto demoraria três dias para ser terminado, todavia foram precisos dez dias para que tivesse seu resultado final, ponto no qual Leray só tinha meio litro de água restando.
O que o eletricista francês construiu foi uma espécie de motocicleta Frankenstein. Ele encurtou o chassi, acoplou um dos eixos de duas rodas do carro, e colocou o motor e a caixa de câmbio no meio de tudo, conseguindo até mesmo improvisar um banco. O mais importante, todavia, é que sua invenção improvável funcionava.
Logo antes de entrar novamente em uma região habitada, Emile Leray teve sua jornada finalizada com um toque de humor, quando um policial o parou por estar operando um “veículo ilegal”. Mal sabia ele a impressionante história por trás daquela motocicleta improvisada, que rendeu ao francês o apelido de "mecânico extremo".
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