História de Margarida Bonetti chocou todos que ouviram o podcast ‘A Mulher da Casa Abandonada’
Fabio Previdelli Publicado em 09/07/2022, às 13h00 - Atualizado em 20/07/2022, às 16h35
Na tarde desta quarta-feira, 20, a Polícia Civil de São Paulo realizou um mandato de busca e apreensão na mansão que virou cenário do podcast 'A Mulher da Casa Abandonada'. A operação faz parte de um inquérito que investiga um possível caso de abandono de incapaz, sendo Margarida Bonetti a vítima do episódio.
Depois que os vizinhos do imóvel ligaram para delegacias afirmando que uma pessoa que apresentava possíveis problemas de saúde mental mora na casa e parecia precisar de ajuda, foi dado início a uma investigação policial.
O procedimento foi aberto depois que os primeiros episódios do podcast já tinham sido publicados, no início de julho, conforme apurou a Folha de S. Paulo. Conforme dito pelo delegado Marcelo Palhares, do 4º DP (Consolação), a polícia quer saber "se as condições de habitar a casa são dignas".
Ainda de acordo com ele, os familiares de Margarida podem ser responsabilizados por abandono de incapaz, ao longo da investigação.
Mas quem é a moradora desse casarão?
O bairro de Higienópolis é um dos mais caros e tradicionais da capital paulista. Quem passa pela região, se vislumbra com edifícios residenciais modernos, restaurantes sofisticados, opções de lazer e até mesmo alguns espaços verdes.
Contrastando com todo o luxo da região, uma moradora vem chamando a atenção por conta do podcast 'A Mulher da Casa Abandonada'. Criado e apresentado pelo jornalista Chico Felitti, o programa da Folha de S. Paulo cativa cada vez mais seus ouvintes, que se tornaram obcecados pelo enredo. Mas, afinal, qual a verdadeira história da mulher?
A grande figura por trás dessa história é Margarida Bonetti, que se apresentou ao jornalista apenas pelo apelido de Mari. De início, a história parece apenas apresentar como vive uma excêntrica pessoa da elite paulistana, no entanto, Margarida esconde seus segredos: ela é procurada pelo FBI há mais de 20 anos.
Tudo começou na década de 1970, quando Mari casou-se com Renê Bonetti. Os dois, pouco depois, se mudaram para os Estados Unidos, levando consigo uma empregada doméstica. Brasileira e analfabeta, a mulher foi um “presente” dado aos noivos pelo pai de Margarida.
Em um novo país, a empregada, que não teve seu nome revelado, passou a viver condições análogas à escravidão. Além de não ser remunerada por seu serviço, ela era privada do direito a férias, também sendo constantemente humilhada e agredida pelo casal. Nas agressões, conforme narra o podcast, chegou a ser atacada com sopa quente, além de encontrar a geladeira e armários constantemente lacrados.
Para se ter uma ideia de seu sofrimento, conforme repercute matéria do UOL, a trabalhadora chegou a ter atendimento médico negado pelos dois, apesar das fraturas e ossos quebrados.
O cenário só passou a mudar no início dos anos 2000, quando Margarida e Renê saíram de férias e foram viajar. Nesse período, com a ajuda de uma vizinha, a mulher conseguiu escapar dos exploradores. A polícia foi acionada e o caso passou a ser investigado.
Com isso, o FBI indiciou Renê pelos crimes e ele acabou sendo condenado a seis anos de prisão. Margarida, por sua vez, conseguiu fugir para o Brasil e passou a morar na mansão de seus pais desde então.
Conforme explica Chico Felitti, pelo fato do Brasil não expatriar seus cidadãos brasileiros, Mari jamais foi levada para ser julgada nos Estados Unidos, apesar de todos saberem, hoje, sobre onde ela mora e quem ela é de verdade.
Já Renê, por conta de já estar naturalizado quando as investigações começaram, acabou sendo preso. Porém, seu paradeiro continua sendo um mistério que permeia a história de 'A Mulher da Casa Abandonada'.
Outro ponto que chama a atenção em toda essa narrativa é a personalidade de Margarida. Tudo começa pelo fato dela sempre andar com uma pomada branca cobrindo seu rosto. Algo explicado em matéria publicada pela equipe do site do Aventuras na História. Clique aqui!
Além do mais, Mari tem uma estranha obsessão por salvar as árvores do bairro, tanto aquelas que recebem poda quanto as derrubadas pela prefeitura. Outra coisa que chamou a atenção nos últimos dias diz respeito aos cachorros de grande porte que vigiavam a casa para evitar que a mesma fosse invadida.
Por conta da situação que os animais se encontravam, eles acabaram sendo resgatados no final de semana passado em uma operação do Instituto Luisa Mell. Os arredores da mansão estavam tomados por excrementos, que eram jogados pela janela por um balde. O hábito de Margarida gerava enorme preocupação não só pelo mau cheiro, mas pelo risco sanitário que os vizinhos poderiam enfrentar.
Falamos com vários vizinhos do entorno aqui, é um problema antigo do bairro. Isso aqui é um celeiro de doenças", explicou o delegado Bruno Lima, que participou da ação de resgate.
"Na verdade, é um problema de zoonose, vigilância sanitária. Acionamos hoje, mas é domingo [3], é complicado. Amanhã acionaremos mais uma vez. São fezes jogadas pela janela, urina, ratos andando por aqui e os animais viviam nesse ambiente, nessa situação lastimável", completou.
As denúncias, além de garantirem o resgate das cachorras Evory e Ebony, também foram responsáveis por revelar que Margarita Bonetti não estava mais na casa. Agora, o que resta, são mais teorias sobre sua história: afinal, onde está Margarida Bonetti?
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