Maison Mantin, mansão francesa do fim do século 19 que passou mais de 100 anos fechada - Foto por Silex pelo Wikimedia Commons
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A mansão de herdeiro francês que passou 105 anos fechada

Construída em 1893, luxuosa mansão de herdeiro francês foi fechada após sua morte e reaberta como museu depois de mais de um século

Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 12/03/2023, às 14h32 - Atualizado em 13/03/2023, às 11h39

Em todo o mundo, ao longo da história humana, incontáveis pessoas com metas das mais variadas e até mesmo inusitadas surgiram. E na cidade de Moulins, localizada na região central da França, um antigo herdeiro teve bastante ousadia ao construir uma mansão, e ainda mais ambição ao fazer um pedido inusitado através de seu testamento.

Conheça a seguir a Maison Mantin, a luxuosa mansão francesa do fim do século XIX que passou mais de um século fechada.

Louis Mantin

Antes de entender em que consiste a Maison Mantin, é importante conhecer a pessoa por trás desse ambicioso projeto: Louis Mantin. Nascido em 1851 na cidade de Moulins, na região central da França, o homem trabalhou como funcionário público por grande parte de sua vida até que, aos 42 anos, herdou uma fortuna milionária de seu pai.

Como já não precisava mais trabalhar, viveu o restante de sua vida apenas se dedicando a realizar viagens, além de explorar cada vez mais as ciências, artes, e expandir seus conhecimentos. Como nunca se casou e nem teve filhos, também não tinha uma grande preocupação com possíveis herdeiros, sendo assim obcecado pela passagem do tempo e sua eventual morte, de acordo com o site The Vintage News.

Fotografia antiga de Louis Mantin, antigo dono de luxuosa mansão francesa / Crédito: Foto por J. Mondiere pelo Wikimedia Commons

 

Então, com a fortuna, encomendou uma mansão que seria construída no centro da cidade. Projetada por um arquiteto residente, René-Justin Moreau, em colaboração com seu pai, Jean-Bélizaire Moreau, a propriedade foi concluída em 1893 e, então, o dono a encheu com as mais diversas coleções de arte, antiguidade e tapeçarias.

Luxuosa mansão

Uma inovação para a época, a mansão estava ligada à eletricidade, conceito este que assustava muitas pessoas, visto que a tecnologia ainda não era compreendida, mas seu pioneirismo com certeza lhe rendeu conforto. Em seu interior, havia até mesmo uma sala coberta com paredes de couro.

A sala de estudos e de jantar foi projetada com o estilo Luís XVII, e o banheiro era repleto de acessórios modernos na época, como um vaso sanitário com descarga, água corrente tanto quente quanto fria, e um chuveiro no estilo Art Nouveau completo com vitrais e pinturas.

O andar superior da Maison Mantin, por sua vez, era repleto de antigos artefatos egípcios, ferragens medievais, ferramentas pré-históricas e lamparinas a óleo do período neolítico. Além disso, também existiam crânios de macacos e pássaros montados, e peixes espalhados entre as muitas salas. O restante era uma propriedade de luxo padrão: móveis de época, esculturas, cerâmicas, livros, amostras de minerais, fotografias e muitos outros objetos coletados por Mantin durante suas viagens pelo mundo.

Imagem do interior da Maison Mantin / Crédito: Reprodução/Vídeo/YouTube

 

Testamento

Porém, quando Louis Mantin fez seu testamento, apenas alguns meses antes de sua morte, adicionou especificações inusitadas: além do fato de que a mansão e todo o conteúdo em seu interior seriam doados à cidade de Moulins, ela deveria ser reaberta 100 anos depois de sua morte, mas servindo como um museu.

Só houve um detalhe que Mantin não especificou em seu testamento: o que deveria ser feito com a mansão nesses 100 anos de espera. Logo, a maioria das pessoas apenas presumiu que ela deveria permanecer fechada até que os 100 anos se passassem, e foi o que realmente fizeram depois da morte do herdeiro, falecido em 1905, aos 54 anos.

100 anos depois...

Embora a propriedade tenha sobrevivido às duas guerras mundiais, o próprio tempo não foi capaz de perdoar a deterioração gradual. Insetos e pequenos animais destruíram os luxuosos móveis, papéis de parede, tapeçarias e tapetes orientais ao longo dos 100 anos, enquanto mofo e bolor cobriam algumas das paredes e tetos devido à mudança das estações sem calor no interior.

Foi só quando Isabelle de Chavagnac, sobrinha-neta de Louis Mantin, ameaçou reivindicar posse da propriedade — um direito que ela tinha, de acordo com as leis de herança —, que a cidade decidiu tomar uma decisão a respeito da propriedade. Isabelle, no caso, sequer desejava possuir a mansão; a ameaça só foi feita para que os últimos desejos de seu ancestral fossem realizados, antes que o casarão sucumbisse ao tempo.

Então, funcionários municipais de Moulins arrecadaram o equivalente a aproximadamente US$ 4 milhões na época e, então, restauraram a antiga mansão à sua antiga glória. Após quatro anos de trabalhos intensivos, a Maison Mantin de fato reabriu como museu, em novembro de 2010, 105 anos depois da morte de Louis Mantin.

Maison Mantin / Crédito: Foto por Silex pelo Wikimedia Commons

 

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