O Maníaco do Parque - Reprodução/vídeo/Youtube/Brasil Urgente
Maníaco do Parque

Maníaco do Parque: Como o serial killer foi capturado?

O mais insólito assassino em série do Brasil, o Maníaco do Parque passou 23 dias procurado pela polícia, até ser capturado no fim de 1998

Éric Moreira Publicado em 18/10/2024, às 14h54

Dirigido por Maurício Eça, o filme 'Maníaco do Parque', sobre o mais notório e insólito serial killer brasileiro, chegou nesta sexta-feira, 18, ao catálogo do Amazon Prime Video. Ele recebeu a alcunha por assassinar brutalmente mulheres, além de abusar de seus cadáveres, no Parque do Estado, em São Paulo.

Estrelado por Silvero Pereira como o assassino Francisco de Assis Pereira, a produção mistura fato e ficção ao reviver os crimes do assassino em série que chocou o país no fim da década de 1990, mergulhando nas investigações que levaram à sua prisão e detalhes de sua psicopatia.

Após uma série de corpos serem descobertos no Parque do Estado, a polícia percebeu que lidava não com uma série de crimes individuais, mas, com um único assassino em série impiedoso, que tinha certo método não só para cometer os crimes, como também para escolher suas vítimas.

Foi em meio às investigações que a polícia descobriu a identidade do maníaco, Francisco de Assis Pereira, e iniciou-se uma caçada que moveu todo o país. Confira detalhes sobre a captura do assassino em série.

Descoberta do assassino

Tudo começou ainda em 1998, quando "um garoto entrou na mata [do Parque do Estado] para procurar uma pipa", que havia caído por ali, conta o delegado Sérgio Luís Alves, envolvido nas investigações, no episódio dedicado ao Maníaco do Parque na série documental 'Investigação Criminal', também disponível no Amazon Prime Video.

Essa vítima, que posteriormente foi identificada como uma jovem chamada Selma, "tinha evidência de estrangulamento, de uma morte por asfixia, e de mordidas no corpo, em vários locais, nos braços, uma região do tórax, no quadril e nas pernas", conforme descrito pela médica legista que analisou o corpo, Valéria Carla Mendes, também no documentário.

Apenas cerca de dois dias depois, um homem que havia montado armadilhas para capturar passarinhos no parque, quando foi olhar o local, também encontrou outros dois corpos. Assim, as autoridades começaram a suspeitar que o que parecia um crime isolado, na verdade, poderia ser apenas a peça de um quebra-cabeça brutal.

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Buscas

Então, as autoridades realizaram um mapeamento da região, pontuando os locais de descoberta dos corpos, determinando a área de maior recorrência. Conforme explicou Sérgio Luís Alves, um momento crucial das investigações foi a revelação da prima de uma das vítimas.

Segundo ela, antes de desaparecer, a prima havia lhe telefonado da estação Jabaquara do metrô, e lhe disse que estava "saindo" com um rapaz que oferecia uma carreira como modelo, o que seria um código entre as duas de que ela havia se interessado pelo rapaz.

Sabendo que a prima possuía um "tipo" de homem que se interessava mais, ela disse à polícia que possivelmente seria um homem moreno, com cerca de 30 anos e com um bom físico.

Silvero Pereira no filme 'O Maníaco do Parque' / Crédito: Divulgação/Amazon Prime Video

 

A partir das vagas e incertas informações sobre a aparência, além da região de atuação do criminoso e do que prometeu a uma das vítimas, as autoridades conseguiram esboçar um retrato falado e repercutiram os dados do assassino para a imprensa. 

Vale mencionar que, também com as ligações, mulheres disseram ter sido abordadas pelo mesmo homem, inclusive, algumas que foram seduzidas e agredidas por ele, mas sobreviveram. 

Nós recebemos, entre vários telefonemas, um que chamou bastante atenção e foi preponderante, de uma moça que pedia sigilo absoluto sobre a sua identidade", comenta Sérgio Luís Alves.

Telefonema

Durante a ligação, essa mulher em questão disse: "‘Olha, só vou falar uma coisa: eu fui abordada na estação do metrô Sé, o rapaz ficou me prometendo um monte de coisa, que eu era bonita e que eu podia ser modelo fotográfica. Eu não me interessei, estava com um problema muito sério conjugal, saí da estação, ele insistiu, veio ao meu encalço, até que eu disse que eu não queria e que ia acabar chamando a polícia. Então ele falou ‘se você mudar de ideia, você me liga’, deu o telefone [anotado em um papel] e colocou o nome Jean’", relembrou o delegado na série documental.

Essa mulher, então, passou o telefone para as autoridades, que conseguiram chegar até a empresa que o assassino trabalhava como motoboy. Porém, no local, não encontraram o assassino e nem um homem chamado Jean, entretanto, o proprietário da empresa revelou algo estranho: um de seus funcionários, Francisco, havia desaparecido repentinamente, sem dizer nada, deixando apenas uma carta e um jornal.

Na carta, o homem pedia desculpas ao patrão pela saída repentina, e disse que tinha que ir embora, pois, "seu tempo ali havia encerrado". Enquanto isso, no jornal havia um retrato falado de Francisco.

Outra vítima

O ex-patrão do homem também contou, na ocasião, que outros policiais, da delegacia de pessoas desaparecidas, também foram ao local buscando por ele. Assim, Sérgio Luís Alves e sua equipe foram até a delegacia, e descobriram um auto de investigação referente a uma moça chamada Isadora Fraenkel, de apenas 18 anos, que havia desaparecido naquele ano mesmo e seria namorada de Francisco.

Além disso, ele havia feito compras recentes em lojas de patins e surf, emitindo cheques assinados pela própria Isadora.

A polícia até havia abordado Francisco, no entnto, não havia provas de crime para que ele fosse ao menos preso preventivamente, visto que ela era considerada desaparecida. Porém, graças a essa etapa da investigação, as autoridades obtiveram uma foto de Francisco, e levaram às vítimas sobreviventes. Todas o reconheceram.

Com uma imagem de Francisco de Assis Pereira, a polícia convocou à imprensa, e uma caçada ao Maníaco do Parque iniciou-se. "O país inteiro se mobilizou nessa procura, mas o Francisco não era encontrado", conta Sérgio Luís Alves no documentário.

O Maníaco do Parque após ser capturado / Crédito: Reprodução/vídeo/Youtube/Brasil Urgente

 

Captura

Após um total de 23 dias de buscas intensas, uma emissora do televisão noticiou que "o indivíduo mais procurado do Brasil havia sido preso em uma cidade do Rio Grande do Sul, e já havia sido confirmado ser ele o Francisco de Assis Pereira", relembrou o delegado.

Então, Sérgio e sua equipe foram até o Rio Grande do Sul, onde o criminoso foi apresentado a eles, ainda negando todas as acusações. De qualquer forma, sua prisão preventiva foi decretada.

Para a surpresa das autoridades, Francisco decidiu confessar os crimes — negando apenas os casos das mulheres que não foram mortas. De volta a São Paulo, levou a polícia até o local em que estava o corpo de Isadora Fraenkel.

Nesse tempo, ele descreveu em detalhes como levou a jovem ao local, agredindo-a e ameaçando constantemente, revelando também os restos mortais de outras vítimas.

Por fim, Francisco foi julgado e condenado por 7 homicídios — embora se acredita que ele tenha matado 11 mulheres — e 9 estupros, além das condenações por roubo, atentado violento ao pudor e ocultação de cadáver.

Sua pena chega a uma soma de 285 anos, onze meses e dez dias de prisão, mas, conforme a legislação brasileira, que diz que ninguém pode passar mais de 30 anos preso, ele pode receber a liberdade nos próximos anos, em 2028.

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