A cidade mais setentrional do planeta é assolada por ursos, pela escuridão durante o inverno e por uma lei um tanto quanto inusitada: em Longyearbyen é proibido morrer
Fabio Previdelli Publicado em 09/06/2024, às 10h00
Localizada no arquipélago norueguês de Svalbard, na metade do caminho entre a Noruega continental e o Polo Norte, a cidade de Longyearbyen é um tanto quanto peculiar.
A cidade fica tão ao norte do planeta que durante o inverno, o sol não 'existe' por lá. Durante cerca de três ou quatro meses seguidos no ano, os dias e as noites são de completa escuridão.
Mas não é só isso. Na ilha também vivem cerca de 1.000 ursos polares, que representam uma ameaça aos cerca de 2.144 habitantes. Por outro lado, quem ousa desbravar os desafio de Longyearbyen pode se encantar com o avistamento das belíssimas auroras boreais.
Todos esses fatores, porém, não chegam nem perto do fato mais inusitado sobre como é morar em Longyearbyen. Afinal, desde 1950, o governo norueguês promulgou uma lei tornando ilegal morrer e ser enterrado por lá. Entenda o motivo!
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Para entender a lei que parece um tanto quanto incomum, primeiro precisamos entender sob quais condições vivem os moradores de Longyearbyen. A cidade mais setentrional do planeta é habitada principalmente por mineiros.
Um dos lugares mais frios do mundo, Longyearbyen já registrou incríveis −46,3 °C no dia mais gelado de sua história. Já a temperatura mais quente varia entre os 3 e 7 graus Celsius positivos. Esse é o clima do Ártico!
A proibição de morrer por lá acontece justamente por conta das condições ambientais adversas. O primeiro ponto, aponta o Times of India, é que o permafrost (ou seja, o solo congelado) impede que se façam buracos profundos para os métodos tradicionais de sepultamento.
Mas o problema não se limita apenas a isso. Acontece que devido à temperatura baixa, os cadáveres simplesmente não se decompõem com o passar do tempo. E isso é apenas a ponta do iceberg.
Isso porque, em Longyearbyen, foi relatado que os vírus e as bactérias continuam preservados em perfeitas condições. Segundo a Men’s Health, em 1998, um grupo de cientistas exumou cadáveres daqueles que morreram de Gripe Espanhola em 1918. Assim, conseguiram recuperar amostras vivas do vírus mortal.
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Portanto, se uma pessoa morrer de uma doença infecciosa, ou coisa do tipo, o corpo e os patógenos continuarão preservados e não voltarão à natureza como deveria acontecer naturalmente. Além disso, ainda existe o risco das sepulturas congeladas libertarem agentes patogênicos nocivos para o ambiente a medida que o permafrost descongela.
Assim, em 1950, o governo da Noruega promulgou uma lei tornando ilegal morrer e ser enterrado dentro dos limites da cidade. Para 'desencorajar' as mortes dentro dos limites do território, todas as entradas dos cemitérios que existem, foram fechadas.
Mas, obviamente, impedir que as pessoas morram não vai fazer com que vivam para sempre. Assim, quem está na fase final da vida é encaminhado para o continente, a mais de 2.000 quilômetros de distância.
Se parecer que você está prestes a partir, serão feitos todos os esforços para mandá-lo para o continente", disse Jan Christian Meyer, da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, ao The Sun.
Mas Longyearbyen não está acima dos limites apenas da morte, como também dos nascimentos. Se você não pode morrer em Longyearbyen, saiba que você também não pode nascer por lá. Isso porque as gestantes são incentivadas a deixar a cidade e se mudarem para o continente um mês antes da data prevista para o parto.
Tudo pode até parecer 'bizarro', mas é provavelmente a melhor solução devido ao contexto da cidade. Apesar disso tudo, uma grande pergunta pode ficar: mas porque as pessoas simplesmente não são cremadas?
Isso até acontece com aqueles que morrem antes de conseguirem serem levados para o continente. Mas conforme aponta o Times of India, as cremações só acontecem após um longo processo de aquisição de uma licença estadual para cremar e enterrar uma urna.
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