Situada numa região inóspita da Colúmbia Britânica, no Canadá, Kitsault foi da ascensão à queda em 18 meses nos anos 1980
Fabio Previdelli Publicado em 15/07/2023, às 14h00 - Atualizado em 24/01/2024, às 16h12
Kitsault fora construída para ser um centro urbano no meio de uma área selvagem do Canadá. Entre o final dos anos 1970 e início dos anos 1980, o local deu novos ares para a região inóspita nos confins da Colúmbia Britânica.
Kitsault tinha toda a estrutura que uma pequena cidade ou vila cobiçada poderia oferecer: um grande shopping center, academia, teatro, bancos, restaurantes variados e escolas.
Depois que sua construção foi finalizada, em meados dos anos 1980, mais de 1.200 pessoas se mudaram para lá, esperançosos para construir um futuro próspero. Mas, apenas 18 meses depois, Kitsault havia sido completamente abandonada. Hoje, a cidade 'fantasma' serve como uma espécie de cápsula do tempo.
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Embora existam inúmeras cidades 'fantasmas' espalhadas através do globo, Kitsault é diferente. Muitos destes centros abandonados foram esquecidos pelo tempo e se deteriorando ao longo dos anos. Mas a cidade canadense continua de pé, sendo preservada e servindo como uma janela para uma época passada.
A ascensão e queda de Kitsault está ligada a um metal chamado molibdênio, usado na produção do aço. No final dos anos 1970, o valor do elemento químico começou a subir no mercado.
Desta forma, aponta o site Mental Floss, a Amax Canada Development resolveu reativar uma mina do metal que fica localizada a quase 900 quilômetros ao norte de Vancouver — em uma região pouco povoada.
Longe de qualquer grande centro e inacessível até mesmo por estradas, o único meio de chegar até lá era se deslocando por barcos. Mas a nova atividade no local exigia uma operação muito maior. Algo precisaria ser feito para atrair os trabalhadores!
Assim, em 1979, a Amax decidiu construir uma cidade moderna e autossustentável, diz o próprio site da cidade. Um lugar onde todos seus funcionários se sentiriam atraídos para viverem com suas famílias.
Kitsault tinha toda a infraestrutura básica de uma cidade e ainda contava com vários espaços de lazer, como pistas para jogar curling ou até mesmo uma jacuzzi em um centro de recreação.
Mas foi justamente quando Kitsault ganhou vida, o preço do molibdênio despencou. 18 meses após ser inaugurada, a mina fechou, em meados de 1982. Com isso, os moradores receberam a ordem de deixarem a região.
O declínio de Kitsault foi tão imediato — aliado ao fato da cidade estar numa região remota — que grande parte de sua infraestrutura foi deixada para trás. Mas não abandonada. Kitsault continua de pé.
Por lá ainda há livros na biblioteca de Kitsault; a creche local continua cheia de brinquedos; os supermercados ainda continuam com filas de carrinhos; e até mesmo o hospital mantém seu estoque de suprimentos médicos.
Durante anos, a Amax Canada Development manteve esperanças de ressuscitar a mina e também a cidade. Desta forma, contratou zeladores para manter Kitsault, repercute matéria do Mental Floss.
Mas, em 2004, a cidade fantasma foi comprada pelo empresário indiano-canadense Krishnan Suthanthiran, que atua no ramo de produtos médicos. Suthanthiran gastou 7,7 milhões de dólares (R$36 milhões) na operação: 5,7 milhões pela compra e mais 2 milhões para manter a cidade, aponta a CBC.
O empresário logo lançou um projeto de restauração de Kitsault, modernizando seu sistema de água e renovando seus edifícios. Krishnan também pagava zeladores para cuidarem do local.
Krishnan Suthanthiran já apresentou diversos planos para revivê-la, desde transformar a cidade 'fantasma' em um centro para cientistas e artistas até convertê-la em um terminal de gás natural. Mas, até o momento, nenhum deles saiu do papel.
Assim, Kitsault continua abandonada, mas poucos grupos turísticos possuem permissão para visitá-la todos os anos. A região se tornou uma cápsula do tempo para os anos 1980, com estabelecimentos decorados com tapetes cor de vinho e com azulejos geométricos em suas paredes.
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