O governo nazista fez de tudo para desencorajar a festa cristã centrada em Jesus Cristo, um messias judeu; criando assim sua própria versão do Natal
Ingredi Brunato Publicado em 24/12/2023, às 08h00
A propaganda foi uma parte essencial da Alemanha nazista. Uniformes, bandeira, símbolos, cumprimentos e muito mais: a ideologia pregada pelo Partido Nazista comandado por Adolf Hitler tomou conta da cultura alemã da época.
Joseph Goebbels, o ministro da propaganda, era o braço direito do Führer e a mente por trás de muitas das estratégias de marketing que ajudaram a consolidar a popularidade do regime.
O Natal, por sua vez, que era uma festividade cuja comemoração pela população alemã era muito enraizada no século 20, não ficou de fora da intervenção do governo nazista. A data de origens cristãs, afinal, é centrada na celebração do nascimento de Jesus Cristo, um menino judeu visto como o salvador da humanidade.
Não é difícil entender, portanto, porque o período natalino era uma fonte de muitos incômodos para Hitler — que conduziu a perseguição e posterior genocídio do povo judeu, e era frequentemente retratado como uma figura messiânica nos materiais nazistas.
O regime ditatorial não podia, contudo, banir a festividade completamente, dada sua força na Alemanha, de forma que optou por, em vez disso, modificar as tradições natalinas a fim de refletirem sua ideologia. Entenda abaixo alguma das maneiras através das quais isso foi feito!
Na tentativa de separar o Natal de suas raízes cristãs, o Partido Nazista promoveu uma volta da cultura pagã germânica. Eles pediram, por exemplo, que a população comemorasse a data no dia 21 de dezembro, que é quando ocorre o solstício de inverno no Hemisfério Norte, em vez do dia 25. Também passaram a chamar a celebração de "Julfest".
Além disso, fizeram uma repaginada nos principais personagens natalinos: Jesus Cristo, o messias judeu, começou a ser chamado de "menino solar" (que renascia das cinzas ao fim do inverno); enquanto o Papai Noel se tornou "Wotan", conforme repercutiu o Smithsonian Magazine.
As melodias típicas do Natal são uma parte fundamental da cultura natalina, e também algo que o Führer não conseguiria eliminar. Assim, a alternativa foi reescrever muitos dos jingles das datas, com as novas letras refletindo as crenças da ideologia nazista. "Noite Feliz", por exemplo, ganhou uma nova versão que glorificava Hitler:
Tudo é calmo, tudo é esplendido. Apenas o Chanceler fica em guarda. O futuro da Alemanha para vigiar e proteger. Guiando nossa nação certamente", diziam os primeiros versos da canção.
A releitura foi incluída em livros de partituras da época, além de ter tomado os rádios e a televisão, assim se fixando na mente dos alemães.
+ Hitler criou uma versão nazista do clássico 'Noite Feliz'
Os enfeites natalinos são outro elemento importante do Natal, e frequentemente simbolizam detalhes da história bíblica do nascimento de Cristo. Por isso, o Partido Nazista também precisou modificá-los.
Ele incentivou, em vez disso, que os pinheirinhos do Julfest fossem decorados com objetos em forma de suástica, Rodas do Sol de Odin (que é um ícone pagão pertencente à mitologia nórdica) e águias douradas. Ainda de acordo com o Smithsonian Magazine, também existem relatos das famílias assando biscoitos natalinos trazendo esses símbolos.
Para completar essa campanha de substituição do Natal pela Julfest, o governo de Hitler também distribuiu diversos materiais de propaganda, trazendo o foco para ações de caridade realizadas pelo regime.
Durante a comemoração, a juventude hitleriana também recebia presentes que reforçavam a ideologia nazista, como calendários tematizados com símbolos das crenças na supremacia racial ariana.
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