Seu avô, Amon Göth, ficou conhecido após ser representado no filme A Lista de Schindler, de Steven Spielberg
Daniela Bazi Publicado em 03/02/2020, às 15h02
No ano de 2008, Jennifer Teege, uma escritora alemã negra, descobriu de forma despretensiosa em uma biblioteca pública na cidade de Hamburgo, na Alemanha, um sádico personagem em sua família. A mulher percebeu através de um livro que seu avô por parte de mãe era o comandante nazista Amon Göth, responsável por atrocidades no campo de concentração de Plaszow, na Cracóvia.
O homem ganhou destaque após ser representado por Ralph Fiennes no filme A Lista de Schindler, dirigido por Steven Spielberg (1993). Göth tinha como algumas de suas características chicotear faxineiras judias que trabalhavam para ele e atirar nos prisioneiros de Plaszow de sua sacada.
Göth foi responsável pela morte de pelo menos 8.000 prisioneiros, e teria enviado outros 80.000 para serem assassinados nas câmaras de gás do campo de Auschwitz.
A mãe biológica de Teege, Monika Göth, era filha única de Amon e Irene Göth, que se suicidou em 1983, e nasceu enquanto o pai estava preso por crimes de guerra, que seria condenado à morte e enforcado no ano seguinte, em 1946. Aos seis meses de idade, Monika estava em um passeio com sua mãe, quando foi esfaqueada por um homem no pescoço, e por pouco sobreviveu.
No livro Amon: Meu Avô Teria Me Executado, lançado no Brasil em 2013, Jennifer conta a história de sua mãe, e diz "A culpa da genética não existe. Minha única responsabilidade como alemã é não me calar. Luto contra um segredo tóxico".
Teege foi fruto de um relacionamento que Monika teve com um nigeriano, e afirma ter sido uma verdadeira história de amor que, infelizmente, durou pouco. Quando ainda era pequena, por não ter condições de criá-la, a mãe deixou a graota num orfanato para que fosse adotada. As duas tiveram pouco contato desde então.
Sobre seus avós, Jennifer disse "O meu avô está morto há muito tempo. Mas eu ainda conheci a minha avó. Era a pessoa mais importante para mim quando era criança – eu tinha muito pouco a que me agarrar. Ela gostava de mim, e isso já significava muito. Para mim, tudo nela emanava bondade. Quando penso nela, me invade de imediato um sentimento bom, familiar. Depois, leio o livro sobre a minha mãe e fico sabendo de coisas sobre a minha avó que contradizem em muito a imagem que guardo dela".
O livro que Jennifer encontrou na biblioteca de Hamburgo responsável por toda a descoberta é A História de Vida de Monika Göth, Filha do Comandante do Campo de Concentração de A Lista de Schindler. Após o sucesso do filme, Monika foi convidada e aceitou participar da obra literária e de um documentário que contava um pouco sobre sua história.
Teege se encontra atualmente com 49 anos, tem dois filhos, e trabalha como publicitária na cidade de Munique, na Alemanha. Seu livro foi um sucesso após o lançamento, tornando-se um best-seller do The New York Times, e já foi traduzido para mais de nove línguas.
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