O então soldado britânico fez muitos relatos sobre a rotina de horrores vivida por prisioneiros em campos de concentração nazistas
Isabela Barreiros Publicado em 30/11/2020, às 18h08
Durante a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha Nazista exterminou milhões de prisioneiros, principalmente judeus, em suas câmaras de gás especificamente desenvolvidas para o assassinato em massa. Um dos maiores campos de concentração foi o de Auschwitz, onde ao menos 1,1 milhão de judeus morreram.
Mas não apenas judeus estavam dentro desses locais: outras pessoas consideradas “indesejáveis” pelo governo nazista também foram colocadas nessas situações terríveis. Além de tentar sobreviver, muitos foram responsáveis por ações generosas, ajudando inúmeros indivíduos em desespero.
Esse foi o caso de Denis Avey, um então soldado britânico que foi retido em um subcampo de Auschwitz, onde foi mantido como prisioneiro de guerra. Junto ao jornalista Rob Broomby, ele escreveu o livro “O homem que venceu Auschwitz”, publicado pela primeira vez em 2011, muito tempo depois de ter vivido os horrores dos campos nazistas.
O que ele narra na obra foi alvo de controvérsias e contestações de historiadores. Avey conta que ele entrou no campo de concentração por livre e espontânea vontade: não fora de fato preso ali pelos oficiais da SS. Segundo o inglês, ele trocou de lugar com um prisioneiro chamado Hans.
“Mas por que fiz isso? Por que, voluntariamente, abri mão da condição de prisioneiro de guerra britânico protegido para entrar num local em que a esperança e a humanidade tinham sido eliminadas? Vou lhes dizer o porquê. Eu sabia que os cativos de Auschwitz estavam sendo tratados pior do que animais”, explicou em seu livro.
Ele disse que poderia fazer algo contra isso: “Não era muito, mas se eu conseguisse entrar ali, se pudesse apenas ver, poderia dar meu testemunho”. A história contada é a de que a troca demorou semanas para ser feita, após muita observação e estudo dos movimentos dos guardas.
“Dali em diante, usando as roupas dele, eu seria tratado da mesma forma que ele vinha sendo tratado. Se eu fosse apanhado, guardas me matariam como impostor. Sem dúvida alguma. Eram meados de 1944 quando entrei em Auschwitz III, por livre e espontânea vontade”, narra.
Essa é a questão mais contestada por especialistas na versão de Avey, que morreu em 2015 aos 96 anos de idade. Muitos questionaram se todo o objetivo dele era ser uma testemunha, porque demorou tanto tempo para expor o que tinha vivido? Além disso, percebeu-se diferenças em seu relato no livro e ao Museu Imperial da Guerra em 2001.
Para o historiador Lyn Smith, que o entrevistou em 2001, não é surpresa que a passagem do tempo e a idade fizessem com que o homem se confundisse em alguns pontos na história. Ele também se justificou dizendo: “Lá atrás, em 1945, ninguém queria ouvir, então parei de falar sobre o que aconteceu durante a maior parte dos últimos 65 anos”.
Ainda assim, existem testemunhas de dentro de Auschwitz que podem confirmar muitas das boas ações praticadas pelo ex-soldado no campo. Avey trabalhou com muitas pessoas dentro do campo em construções de fábricas, conviveu com muitas, viu outras morrerem e ajudou algumas delas.
Ernst Lobethal, um sobrevivente do Holocausto, teve sua vida salva por ele. Segundo seu próprio testemunho, o homem que conhecia como “Ginger” contrabandeou cigarros que podiam ser usados como moedas e as deu a ele.
No livro, ele também narrou a rotina terrível, de constante morte, dentro do campo de concentração perpetrado pelos nazistas. Havia o “cheiro doce e horrível dos crematórios distantes”, os gritos dos oficiais que chutavam as beliches, a visão de um homem de cabeça raspada pendurado enforcado.
Seu relato trouxe humanização a pessoas que, por muito tempo, foram invisibilizadas. Como ele é um narrador-personagem, Avey conseguiu demonstrar de fato como era a rotina de um prisioneiro de campo de concentração e os horrores pelos quais muitos indivíduos tiveram que passar.
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