"Ela tinha grande respeito por [Adolf]", disse um homem que conversou com Paula Hitler em 1959. "Se eu tivesse perguntado sobre qualquer coisa que pudesse ter sido crítica dele, acho que ela o teria protegido"
Fabio Previdelli Publicado em 14/02/2020, às 09h00
Paula Hiedler nasceu em 21 de janeiro de 1896. Filha mais nova de uma família alemã de classe média, a garota era fruto da relação de Alois e Clara. Nessa época, Hiedler era simplesmente um sobrenome qualquer alemão. E optou pela ortografia tradicional. Já seu irmão, escolheu outra opção: Hitler.
A família seguia os moldes de qualquer outra. Seu pai era um homem duro, conservador e cruel. Por mais que jamais pudesse imaginar, tais traços seriam características marcantes de seu irmão, anos mais tarde. Adolf era o único entre os irmãos que ousava desafiar o pai, ele não queria trabalhar na fazenda e era castigado todos os dias por seus momentos de rebeldia.
Quando tinha sete anos, seu pai morreu. Alois foi vítima de uma hemorragia pleural, e sua única herança deixada era de uma pensão governamental. Sua mãe assumiu o posto de chefe da casa. Com a morte do marido, ela e os filhos se mudaram da residência da família em Leonding, para um modesto apartamento em Linz.
Quatro anos depois, mais um duro golpe. Clara estava com câncer de mama. A necessidade fez o jovem Adolf se tornar mais forte. Ele assumiu a reponsabilidades da casa quando Paula tinha apenas 11 anos, sua irmã sete anos mais nova, o via como um exemplo — seu apoio era incondicional.
No entanto, a morte de sua mãe separou o destino dos dois. O garoto mudou-se pra Viena, Paula permaneceu no apartamento da família em Linz. Apesar da distância, eles trocavam cartas, o jovem recomendava alguns livros e dava conselhos bem intencionados. Um vez, ela ganhou um exemplar de Dom Quixote do irmão, que se tornara um de seus livros favoritos.
Os dois se sustentavam com a divisão da pensão do governo, quando ficou mais velho, Hitler renunciou sua quantia, e Paula passou a receber sua parte. O reencontro aconteceu somente no início de 1920, quando ela havia se mudado para Viena e Adolf seguia em busca dos seus sonhos, queria ser pintor e líder público. A jovem preferiu uma vida mais pacata, trabalhava como governanta para famílias ricas de Viena.
Passado o período que trabalhou com atividades domésticas, ela passou a ganhar a vida fazendo trabalhos de secretariado para diversas empresas. Mais tarde, durante a Guerra, trabalhou em um hospital.
Pouco se é conhecido sobre as inclinações políticas da moça. Anos antes, ela havia trabalhado em um dormitório judaico e nunca mostrou desprezo pelos residentes locais. Tampouco deu algum tipo de apoio para seu irmão ou para o Partido Nazista.
Apesar do conhecimento de que Hitler estava fazendo com o povo alemão, uma estranha dicotomia existia dentro de si. Ela evidentemente não apoiava suas ações políticas e sociais, mas ao mesmo tempo, documentos apontam que Paula adorava seu irmão mais velho. Muitas vezes, lamentava o fato de que os dois só mantinham um contato esporádico, mas expressava grande satisfação quando eles aconteciam.
Em junho de 1946, durante uma entrevista para o Exército dos Estados Unidos, disse que não acreditava que Adolf teria ordenado o extermínio de milhões de pessoas. Isso, na visão dela, não correspondia ao irmão que conhecia. Realmente, Hitler demonstrava afeições por Paula, depois que ela perdeu o emprego, o irmão não hesitou ao enviá-la dinheiro. O apoio financeiro permaneceu até o suicídio do Fuhrer em abril de 1945.
Depois da morte do lpider alemão, ela foi detida para interrogatório por agentes da inteligência americana. Na sabatina, revelou que embora amasse Adolf e recebesse o apoio financeiro, ela somente o tinha visto em duas ocasiões durante toda a última década. Paula também afirmou que só conviveu com Eva Braun uma vez durante esse período.
Liberada da custódia, retornou para Viena. Com o fim do dinheiro que havia recebido dele, começou a trabalhar numa loja local de artesanato. Em 1952, mudou-se para Berchtesgaden, nos arredores de Salzburgo. A partir daí, Paula mudou seu sobrenome para Wolff. O nome era o apelido de seu irmão quando criança e foi o codinome que ele usou ao longo de seu tempo como Fuhrer.
Durante a maior parte do resto de sua vida, a irmã do Füher viveu em reclusão, mantendo-se sozinha e não comparecendo a reuniões sociais. Em 1959, ela concordou e concedeu – o que seria a única – entrevista para a imprensa. O repórter era Peter Morleu da rede de televisão Associated-Rediffusion.
A partir da entrevista, ficou claro que ela não sentia nada além de admiração por seu irmão mais velho. Ao longo do questionamento, ela afirmou constantemente que não podia acreditar que ele pudesse fazer algo tão horrível.
"Ela tinha grande respeito por [Adolf]", disse um homem que conversou com Paula Hitler em 1959. "Se eu tivesse perguntado sobre qualquer coisa que pudesse ter sido crítica dele, acho que ela o teria protegido".
Em 1960, aos 64 anos, Paula Hitler morreu, terminando ali a linhagem familiar imediata de Hitler. Sua morte pós fim a uma vida tranquila e pacata, bem diferente da vivida por seu irmão.
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