Cristo teria marcado o pano com seu próprio sangue de uma forma que deixou registrado seu rosto, seu corpo e as marcas de seu martírio. Conheça a teoria que divide opiniões
Tiago Cordeiro Publicado em 18/07/2019, às 08h00
As duas opiniões sobre a peça de tecido que teria coberto o corpo de Jesus são difíceis de digerir. Para parte dos pesquisadores, Cristo marcou o Sudário com seu próprio sangue de uma forma que deixou registrado seu rosto, seu corpo e as marcas de seu martírio.
Para os demais, a peça é obra de um artesão extraordinário, com conhecimentos avançadíssimos de anatomia, aplicação de sangue a tecido e técnicas de fotografia – um gênio tão acima de seu tempo que sua obra parece tão milagrosa quanto a versão em que os fieis cristãos preferem aceitar.
Um longo debate
Para cada novo teste no tecido, um dos lados parece sair vencedor. Isso porque, independentemente da autenticidade, a peça é extraordinária. Feita de linho e medindo 4,30 m por 1,10 m, ela teria coberto o cadáver nu do filho de Deus por três dias, até que ele ressuscitasse. Ou então é mais uma falsificação produzida durante a Idade Média, época em que toda igreja de respeito mantinha uma coleção de relíquias de Cristo e dos santos.
A peça, que veio a público no século 14, mostra um rosto perfeito, reproduzível em três dimensões e de traços coerentes com um homem de cerca de 30 anos do Oriente Médio da época – o que por si só já é espantoso, considerando que os artistas da Idade Média, em geral, preferiam retratar Cristo com a pele mais clara e os traços mais finos.
Além disso, as marcas de flagelação e crucificação são coerentes com noções de anatomia que um artista do século 14 não teria, a menos que agredisse e crucificasse um homem para observar os efeitos da tortura.
O primeiro registro conhecido da peça data de 1390 e já é polêmico: em memorando ao antipapa Clemente VII, o bispo Pierre d’Arcis registra que ela é uma fraude e que o autor já havia confessado. Mas esta pode ter sido outra peça, uma das muitas que circulavam pela Europa na época. A versão mais conhecida para sua origem é que ela teria surgido pelas mãos do cavaleiro Geoffroi de Charny.
A crença na autenticidade da peça aumentou no século 19, quando o material foi fotografado e mostrou que o Sudário funcionava como um negativo, que quando revelado expõe o corpo de um homem com grande riqueza de detalhes. Por outro lado, a força do sudário despencou quando um pedaço foi submetido a datação de carbono, que indicou que o linho era muito mais novo do que deveria.
O debate parecia encerrado, até que, em 2014, uma nova análise comprovou que os padrões das manchas de sangue combinam com um corpo crucificado à maneira dos romanos.
Testes realizados nos últimos anos indicam que o tecido é comum em Jerusalém do século 1 e o pólen que aderiu a ele é bastante comum em Israel. O problema é que, para cada evidência, surgem discussões sobre os métodos aplicados e a amostragem recolhida.
A igreja não costuma se pronunciar sobre o assunto e é rigorosa para liberar amostras do sudário. Mas, em junho de 2015, o papa Francisco visitou a relíquia, que desde 1694 está guardada na catedral de São João Batista em Turim.
O pontífice já havia declarado, dois anos antes, que a imagem do Sudário representa o ícone de um homem, e que convida os cristãos a contemplar Jesus de Nazaré. Mas não entrou no mérito de confirmação da legitimidade do tecido. Enquanto os debates sobre a peça continuam, o Sudário continua sendo a relíquia mais imponente da história do cristianismo e um dos objetos mais estudados em toda a História.
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