Defendendo um amor adúltero e repleto de imagens picantes, O Conto dos Dois Amantes foi um best-seller da Idade Média
Joseane Pereira Publicado em 02/12/2019, às 08h00
O Conto dos Dois Amantes, escrito em 1444 por Aeneas Sylvius Piccolomini, foi um best-seller medieval. Com ilustrações picantes sobre o amor entre uma mulher casada e um jovem italiano, o livro teve grande êxito entre o público adulto. Mas uma distinção o torna ainda mais interessante: o autor da obra mais tarde se tornaria o Papa Pio II.
Sumo Pontífice não convencional
O papa em questão era uma pessoa diferente. Comparado a um hippie com espírito livre, ele deixou sua família após completar 18 anos, frequentando uma universidade e trabalhando como professor em Florença. Em seguida, serviu como secretário do Bispo de Fermo e foi enviado pelo cardeal Albergati a uma missão secreta na Escócia, em 1435. Lá, teve um filho fora do casamento.
Certa vez, Piccolomini escrevera a um amigo: “Aquele que nunca sentiu verdadeiramente as chamas do amor é apenas uma pedra”. Mas a chama amorosa de sua juventude acabou se apagando quando ele chegou à idade adulta: após se juntar ao sacerdócio, aos 40 anos, escreveu: “Quando você vê uma mulher, pensa que vê o diabo”.
O Romance
O Conto dos Dois Amantes foi feito em estilo epistolar, ou seja, dando a impressão de ser escrito pelos personagens principais. Ambientado em Siena, Itália, e publicado por volta de 1467, relata o caso de amor entre Lucretia e Euryalus, com direito a várias imagens eróticas. Em certo ponto, Eurylaus defende seu caso de amor adúltero com a Lucretia casada citando Virgílio: “O amor vence tudo. Vamos todos nos render ao amor.”
Embora o futuro papa sustentasse que sua história não passava de ficção, pesquisadores afirmam que os dois personagens foram inspirados em pessoas reais: Kaspar Schlick, o chanceler de Sigismund, e a filha de Mariano Sozzini, que era professor de direito de Piccolomini na Universidade de Sienna.
Se tornando papa
Sete anos após escrever a história, em 1450, Piccolomini foi enviado a Portugal pelo imperador Frederico III, para negociar seu casamento com a princesa Eleonore. Como forma de agradecimento, Frederico recomendou que ele se tornasse cardeal. Entretanto, o papa Calixto III acabou nomeando seus próprios sobrinhos para o cargo.
Em 1458, quando Calixto III faleceu, Piccolomini fez campanha para que seu nome fosse incluído como sucessor. Em votação unânime, ele foi coroado papa em 3 de setembro de 1458, assumindo o nome de Papa Pio II. Foi então que o antigo viajante, que escreveu um livro erótico e teve pelo menos dois filhos fora do casamento, subiu para a mais alta posição religiosa do mundo.
Para saber mais sobre os papas recomendamos as leituras a seguir:
O papa contra Hitler: A guerra secreta da Igreja contra o nazismo, Mark Riebling (2018)
A História Secreta dos Papas: Vício, Assassinato e Corrupção no Vaticano, Ralph Lewis Brenda (2014)
Dois Papas: Francisco, Bento e a decisão que abalou o mundo, Anthony McCarten (2019)
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