Com a chance de ser o primeiro presidente civil com o fim do regime militar, sua internação e óbito antes de assumir resultou em boato histórico
Lira Neto, atualizado por Wallacy Ferrari, com supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 15/07/2021, às 14h15
Durante uma passagem no santuário dom Bosco, em Brasília, Tancredo Neves aproveitava para, não apenas agradecer a oportunidade de ter sido eleito presidente durante o histórico período de redemocratização do Brasil, mas para fazer outro pedido para as forças divinas. Devoto católico, levava a mão esquerda à testa — mas, de maneira lenta, carregava a mão direita à barriga.
Tratava-se dos primeitos sinais de desconforto que, meses depois, resultaria em sua partida. Com caminhar lento e dificuldade para se locomover, pessoas que acompanhavam a passagem do político no santuário notavam a dificuldade em realizar tarefas simples, como subir degraus do altar para ler uma passagem bíblica.
Entre eles, estava o fotógrafo Gervásio Batista, funcionário da Radiobrás, que acompanhava Tancredo desde seu tempo de governador em Minas Gerais. "Está tudo bem, presidente?", indagou discretamente enquanto trocava o filme da máquina. "Eu estou rezando", desconversou o presidente eleito, sem erguer a cabeça ou tirar a mão dos olhos.
Passavam alguns minutos das seis da tarde de quinta-feira, 14 de março de 1985. A data não poderia ser mais esperada. Às 10 horas da manhã seguinte, o primeiro presidente civil desde o golpe militar, deflagrado 20 anos antes, tomaria posse. Para alguns, era o fim da ditadura. Para os mais céticos, era pelo menos o começo do fim.
"Tancredo simbolizava uma união do país pelo retorno da ordem democrática", diz o historiador Marco Antônio Villa. "Em torno de sua candidatura levada ao colégio eleitoral "um sistema indireto de escolha do presidente, que reunia os membros do Congresso Nacional e representantes das Assembleias Legislativas dos estados" para enfrentar o candidato oficial, o então deputado federal Paulo Maluf, reuniu-se um arco de alianças comprometido com o fim das eleições indiretas e com a instalação de uma Assembleia Constituinte."
Por tudo isso, era compreensível que em Brasília, enquanto Tancredo sofria de dores e rezava na igreja de dom Bosco, nas ruas o povo comemorasse, em êxtase cívico, a volta definitiva dos generais aos quartéis. As largas avenidas da cidade estavam cobertas de bandeiras, cartazes e faixas verde-amarelas.
A música Coração de Estudante, composta por Wagner Tiso originalmente para homenagear outro mineiro, Teotônio Vilella, e que ficou famosa na voz de Milton Nascimento, tornou-se uma espécie de hino patriótico em louvor a Tancredo. E tocava a todo instante no rádio e na tevê e era cantada e assobiada por milhares de brasileiros.
À saída da igreja, abatido, sempre apalpando a própria barriga, Tancredo evitou falar com os jornalistas e dispensou os cumprimentos dos convidados para a missa que acabara de ser celebrada em sua homenagem.
"Ele caminhou com dificuldade até o carro. Seus dedos estavam trêmulos e o rosto ardia em brasa", diz Gervásio, que acompanhou toda a cena (incluindo o diálogo que abriu esta matéria). Conhecido pelo inabalável bom-humor, não distribuiu sorrisos como de costume. Uma febre de 40 graus tomava conta de seu corpo.
Naquela noite, o país foi dormir ansioso com o prenúncio de novos tempos. Nas primeiras horas do dia, veio a notícia tão terrível quanto inacreditável. Tancredo Neves havia sido internado às pressas no Hospital de Base de Brasília e submetido a uma cirurgia de emergência.
No princípio, informou-se que Tancredo sofrera uma crise de apendicite. Por fim, os médicos declararam que haviam extraído um divertículo de Meckel, espécie de obstrução no intestino, o popular "nó-nas-tripas".
Os brasileiros caíram em estado de torpor e, ao mesmo tempo, de desconfiança. O que realmente acontecera entre a aparição pública na missa e a fatídica madrugada de 15 de março? Ao aparente absurdo da situação somou-se a avalanche de informações médicas desencontradas. O prato estava cheio para as fábricas de boatos e teorias conspiratórias que infestam Brasília.
As suspeitas de que Tancredo sofrera um atentado se multiplicavam, nas mais variadas versões. Umas davam conta de que ele havia sido vítima de envenenamento e houve quem jurasse ter ouvido o som de um tiro nas imediações da Granja do Riacho Fundo, residência oficial do presidente eleito.
Nada disso. O mal que acometera Tancredo e abatera o país não foi súbito. Tampouco inevitável. "Desde junho do ano anterior, pouco antes de afastar-se do governo de Minas para se dedicar à campanha presidencial, Tancredo vinha sentindo mal-estares e fortes dores na barriga", diz Aécio Neves, neto de Tancredo e um dos que acompanharam de perto toda a doença do avô. Tratado com paliativos "aspirinas e antibiótico Keflex", o quadro se agravou. Sete meses depois, em janeiro, já na condição de presidente eleito, Tancredo sofreu uma crise.
"Quando viajava da Espanha para os Estados Unidos, o aeroporto de Nova York foi mobilizado para postar uma ambulância na pista, destinada a atender Tancredo, que não passou bem durante o voo", diz José Sarney, então vice da chapa que elegeu Tancredo. A doença, ainda sem diagnóstico, foi mantida sob absoluto sigilo, por recomendações expressas do próprio paciente.
"Ele temia que a notícia sobre sua saúde desestabilizasse o delicado processo de redemocratização do país", afirma Aécio Neves. Sarney compartilha dessa opinião. "Ele imaginava que os quartéis podiam aproveitar-se da situação e prolongar o mandato do último dos generais-presidentes, João Batista Figueiredo, dando uma sobrevida ao regime militar".
Porém, na terça, dois dias antes da posse, as dores ficaram insuportáveis e o médico Renault Mattos Ribeiro foi chamado às pressas. Além de cólicas, Tancredo sentia calafrios. O médico colheu amostras de sangue e encomendou uma bateria de exames, que, ele suspeitava, indicaria a necessidade de uma cirurgia de urgência. A idade, 75 anos, era um agravante. "Eu não posso me submeter a essa cirurgia. O senhor já imaginou o que acontecerá com o país?", teria dito Tancredo ao médico, segundo Aécio Neves.
Oficialmente, a visita do médico e a fadiga do presidente eleito foram atribuídas a uma faringite. "Ele tem ótima saúde", disse Renault ao jornal O Estado de São Paulo, no dia que o examinou. "Estou muito bem, obrigado", garantiu ao mesmo jornal o próprio paciente, disfarçando os sintomas, ao deixar sua casa na tarde daquela terça, rumo a uma reunião com seus assessores.
Na quarta, dia 13, o resultado dos exames indicou uma grave infecção. A taxa de leucócitos, que em um organismo saudável fica na faixa dos 6 mil por mililitro de sangue, alcançara a marca de 13,4 mil por mililitro. Pularia para 27 mil por mililitro em poucas horas. A cirurgia tornou-se inevitável.
Tancredo, contudo, relutava. "Até sexta-feira, dia da posse, não posso ir para o hospital. Depois, façam de mim o que quiserem", teria dito, segundo relato de Aécio Neves. Porém, na noite de quinta-feira, Tancredo piorou.
Sentia dificuldades para respirar e as pontas dos dedos começavam a ficar roxas, sinais de que a infecção se alastrava. Chamado de volta, doutor Renault levou com ele o cirurgião Francisco Pinheiro da Rocha. Encontraram o paciente na cama, vestido com um robe cor de vinho sobre o pijama azul claro. "Pálido, ele tremia da cabeça aos pés", diz Renault. "E ainda assim não admitia ser levado para a cirurgia."
Com a ajuda da família e com a desculpa de que era preciso aplicar-lhe um soro para recuperar as forças, os médicos convenceram-no a calçar um par de pantufas, colocaram-no no banco traseiro de seu Ford Landau preto e, ao lado da mulher, Risoleta Neves, o levaram ao Hospital de Base de Brasília. O que se seguiu, a partir daí, foi uma inacreditável sucessão de erros, desencontros e trapalhadas que faria corar os roteiristas daqueles seriados médicos de TV.
Poucos minutos depois da meia-noite, metade da equipe médica, devidamente paramentada, aguardava Tancredo no centro cirúrgico localizado no subsolo do hospital, enquanto a outra metade o conduzia, de maca, pelo elevador, para o segundo andar, onde ficava outra sala de cirurgia, próxima à UTI.
Pelo interfone, os médicos não conseguiam chegar a um consenso sobre o local mais adequado para fazer a operação. O impasse durou cerca de 10 minutos. Enquanto isso, Tancredo assistia a tudo, estirado numa maca, com o corpo vestido apenas com a bata cirúrgica e coberto por um lençol.
A notícia de que Tancredo estava sendo hospitalizado espalhou-se imediatamente pela madrugada da capital federal. Logo uma romaria de políticos tomou o caminho do hospital, a maioria deles em trajes de festa, saídos de alguma das muitas comemorações que se realizavam naquela noite.
Vindos da rua, alguns trocaram o paletó pelo jaleco e entraram direto para assistir à operação, iniciada aos 37 minutos do dia 15. "Havia cerca de 30 pessoas dentro da sala de cirurgia", lembra Aécio Neves. O número elevado de curiosos multiplicava os riscos de uma infecção hospitalar.
Ao final da operação, os médicos comemoraram o que consideraram um sucesso e informaram ter retirado um divertículo do abdômen de Tancredo. Era mentira. A peça extraída do intestino do presidente eleito, medindo cerca de seis centímetros, era um mioma, um tumor.
"Assumo a responsabilidade pelo falso laudo de divertículo", diz o médico Élcio Miziara, na época, encarregado de fazer a biópsia do material. "O exame indicou que se tratava de um tumor. Era benigno, mas imaginamos que a simples menção ao "tumor" geraria pânico em todo o país", diz Élcio (que anos depois acabaria punido pelo Conselho Federal de Medicina).
Segundo ele, tudo foi feito com o consentimento da família. Neto de Tancredo, Aécio nega o fato: "A família acreditou na história do divertículo. Os médicos tomaram a decisão de divulgar um laudo falso por conta própria", afirma.
Mas havia um problema muito mais urgente a enfrentar. O convalescente Tancredo não poderia ir à sua própria posse, que ocorreria dali a cinco horas. Com pouca gente sabendo da verdade, às 10 horas da manhã de15 de março, José Sarney assumiu como o primeiro presidente civil em 20 anos. Garantida a posse, tratou-se, então, de enganar o povo.
Os boletins médicos, lidos pelo jornalista Antônio Brito, porta-voz de Tancredo, pintavam um quadro otimista, de franca recuperação, quando na realidade ele definhava. A taxa de leucócitos continuava a subir e, durante a operação, foi registrada uma parada respiratória.
Com a confiança nos médicos de Brasília abalada, a família decidiu pela formação de uma junta médica, para tentar deter o avanço do quadro infeccioso. De São Paulo, chegou Henrique Walter Pinotti, que logo se indispôs com os médicos locais. São atribuídas a ele insinuações que vazaram para a imprensa de que teria havido negligência e imperícia durante a cirurgia.
Enquanto a trupe de branco batia cabeça, Tancredo retornou à sala de operação, em 20 de março. A segunda cirurgia, comandada por Pinotti e prevista para durar 180 minutos, estendeu-se por mais de cinco horas.
Mas a infecção não cedeu. Seis dias depois, após sofrer hemorragias, Tancredo foi transferido para o Instituto do Coração, em São Paulo, onde passaria por mais cinco operações. O país prendeu a respiração.
Foram 38 dias de agonia, durante os quais o país praticamente parou para acompanhar pela TV o calvário do presidente eleito. Uma multidão montou guarda à frente dos portões do hospital para velar, chorar e orar pela saúde dele.
Em uma onda de ecumenismo sem precedentes na história da política brasileira, católicos, evangélicos, espíritas, judeus, muçulmanos, umbandistas, videntes e esotéricos de todos os matizes fizeram suas preces e, juntos, pediam pelo seu restabelecimento.
Enquanto o povo rezava lá fora, Tancredo agonizava na UTI, cercado por equipamentos, responsáveis por manter suas funções vitais. "Doutor, chega, me tirem desta máquina", teria dito em um de seus últimos momentos de lucidez, antes de ser sedado e receber 11 tubos, segundo relato de Antônio Britto.
O desespero chegou a ponto de se recorrer ao sobrenatural. A pedido da família de Tancredo, foi chamado um religioso catarinense, Frei Ungolino, que dizia trabalhar com "bioenergia" e curas com o toque das mãos.
Os cirurgiões, que àquela altura já haviam esgotado seus recursos, autorizaram o acesso de Ungolino à UTI. Um segundo guru, o "mentalizador" Thomas Green Morton, que dizia entortar garfos e transformar cédulas de cruzeiro em dólar, também quis ver Tancredo, mas foi impedido.
Por fim, em 20 de abril, chegou a São Paulo o médico americano Warren Zapol, especialista do Hospital Geral de Massachusetts. Segundo Britto, após o primeiro exame em Tancredo, ele teria dito: "O homem está morrendo".
Às 22h30 do dia seguinte, Britto, com um nó na garganta e quase às lágrimas leu diante da TV a notícia lacônica, de apenas 21 palavras, cujo esboço já havia redigido 12 dias antes: "Senhores, lamento informar que o Presidente Tancredo Neves faleceu às 22h23 de hoje". O país inteiro chorou. Era domingo, 21 de abril, dia de Tiradentes.
No caixão, ao contrário das tradicionais mãos postas do sepultamento cristão, o corpo foi colocado com os braços estendidos ao longo do corpo, para que os dedos arroxeados, que já apresentavam sinais de necrose, ficassem encobertos por flores. Uma multidão de cerca de 2 milhões de pessoas acompanhou, nas ruas de São Paulo, o cortejo que levou o corpo de Tancredo até o aeroporto, de onde seguiu com destino a São João Del Rei, sua cidade natal.
Nessa história cercada por controvérsias e dissimulações, correu ainda a suspeita de que Tancredo Neves não teria morrido em 21 de abril, mas um dia antes, na noite de 20 de abril, quando seu cérebro deixara de funcionar. O anúncio da morte teria sido adiado para coincidir com a data simbólica, aproximando as figuras históricas de Tancredo e Tiradentes, dois mártires que Minas deu à história nacional.
Dois anos depois do ocorrido, tal versão seria sustentada em uma reportagem da Veja, amparada por uma declaração de um dos médicos que teria acompanhado o estado clínico de Tancredo até o fim. Indagado a respeito, 20 anos depois, José Sarney balança a cabeça, negativamente: "Esta é uma daquelas histórias que nunca ninguém jamais conseguirá confirmar".
"Pode se preparar. O senhor vai assumir o governo". Foi assim que o médico Renault Mattos Ribeiro, que examinou Tancredo no dia anterior, deu a notícia sobre a gravidade da doença do presidente eleito a José Sarney, na tarde de 14 de março de 1985. "Do que você está falando?", disse Sarney. Pela manhã, ele estivera com Tancredo e, na ocasião, estranhou as mãos frias e o cachecol no pescoço, apesar da temperatura amena que fazia em Brasília.
Só à noite, quando recebeu uma ligação confirmando a internação de Tancredo, Sarney compreendeu o que lhe dissera o doutor Renault. Sarney correu para o hospital, onde encontrou-se com o deputado Ulysses Guimarães, líder do PMDB, ex-MDB, principal partido de oposição ao regime militar. Foi quando ouviu pela primeira vez a questão que àquela altura pairava no ar: com o impedimento de Tancredo, quem deveria assumir a presidência?
Porém, pouco antes de sair de casa para ser internado, o próprio Tancredo já se preocupava com isso. Seu sobrinho, Francisco Dornelles, ex-diretor da Receita Federal e escolhido para ser o ministro da Fazenda, disse-lhe que o chefe da Casa Civil, Leitão de Abreu, e o próprio presidente Figueiredo haviam lhe garantido, pelo telefone, que ninguém impediria a posse de Sarney.
Era mentira, mas foi a única forma de convencer Tancredo a concordar com a cirurgia. Ele achava que, uma vez operado e impedido de tomar posse, seu vice não poderia ser considerado seu substituto legal. E pela estrita forma da lei, Tancredo tinha razão. "Foi preciso fazer um acordo de cavalheiros para chegar a uma solução imediata, livre das interpretações da Constituição e dar posse a José Sarney", diz o historiador Marco Antônio Villa. Restava o medo de virada de mesa.
Sarney, ex-presidente do PDS, partido de sustentação do regime militar, passara a ser considerado um traidor nos quartéis após mudar de lado e aderir aos oposicionistas. Ulysses, presidente da Câmara dos Deputados, seria a primeira alternativa na linha sucessória, mas havia igualmente o temor de que os militares não topariam que um adversário histórico do regime envergasse a faixa presidencial.
"Naquela noite no hospital, Ulysses não fincou pé para assumir o cargo, receando que o fato de não se dar posse ao vice poderia sugerir que a eleição não valera e que, assim, seria necessário novo embate no colégio eleitoral", diz Sarney. Ficou acertado que o melhor era, assumindo um risco calculado, garantir a posse de Sarney.
Por se julgar parte interessada, ele foi para casa, enquanto as negociações para arranjar o apoio de congressistas, de notórios constitucionalistas e de membros do STF continuaram no meio da madrugada.
Às três da manhã, Sarney recebeu uma ligação do general Leônidas Pires Gonçalves, comandante do 3º Exército e principal interlocutor entre Tancredo e as Forças Armadas. Amigo pessoal de Sarney, com quem se reunia, de forma secreta e sistemática em Brasília, o general telefonou para dizer que ele e Leitão de Abreu haviam defendido a posse de Sarney numa conversa com Figueiredo e com o ministro do Exército, Walter Pires.
Leônidas relatou o encontro. "Alto lá, vou me reunir com meus comandados para deliberarmos o assunto", teria dito Pires. "Desculpe-me, mas o senhor não comanda mais nada, a exoneração dos ministros do governo acaba de ser publicada", teria respondido Leitão de Abreu, que era simpatizante da chapa Tancredo-Sarney e havia antecipado em um dia o desligamento do ministério.
"Quem manda nos quartéis agora é o general Leônidas, que será o novo ministro do Exército", teria garantido Leitão de Abreu a Walter Pires, que foi obrigado a vestir o pijama mais cedo. Figueiredo, porém, recusou-se a ir à cerimônia de posse e, assim, evitou passar a faixa a Sarney, que se tornou presidente às 10 horas da manhã do dia 15. A Nova República, ironicamente, começava com um dos nomes de proa do regime anterior no comando.
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