Ilustração de Lizzie Halliday - Wikimedia Commons
Crimes

Lizzie Halliday, a serial killer que foi considerada a pior mulher da História

A assassina assombrou os Estados Unidos no século 19, e se tornou a primeira mulher a ser condenada para morte na cadeira elétrica

Alana Sousa Publicado em 08/05/2020, às 12h00

Em 21 de junho de 1894, o mundo se deparava com o primeiro caso de uma mulher condenada à morte na cadeira elétrica. Tratava-se de Lizzie Halliday, serial killer que atuou durante o final do século 19, tendo matado pelo menos cinco pessoas — e suspeita de muito mais. Após sua morte, o The New York Times a descreveu como: a pior mulher do mundo.

Eliza Margaret McNally nasceu em 1859, na Irlanda, e ainda criança mudou-se com a família para os Estados Unidos. Aos 20 anos, casou-se pela primeira vez. Seu marido, Charles Hopkins, morreu dois anos depois em circunstâncias misteriosas. E Lizzie fugiu com outro homem. Após um ano, o veterano de guerra, Artemus Brewer, também foi encontrado morto.

Seu terceiro companheiro, Hiram Parkinson, a abandonou em pouco tempo. A mulher então selou matrimonio com um parceiro de guerra de Brewer, George Smith. Nos primeiros meses da relação, Lizzie tentou matar Smith colocando arsênico em seu chá, vendo seu plano falhar, a psicopata decidiu ir embora de Nova York. Reapareceu em Vermont, casada com Charles Playstel. Por razões desconhecidas, ela desapareceu duas semanas depois.

Ilustração de Lizzie Halliday / Crédito: Wikimedia Commons

Foi encontrada na Filadélfia, estava vivendo com a família McQuillan, que havia sido vizinha de seus pais na Irlanda. A vida parecia mais calma para Lizzie, sob o nome Maggie Hopkins ela montou uma pequena loja, na qual trabalhava diariamente. Até que ela resolveu incendiar o estabelecimento para coletar o dinheiro do seguro.

 A pior mulher do mundo

Pelo crime de incêndio, Lizzie cumpriu pena de dois anos na Penitenciária Oriental, na Filadélfia. Ao ser liberada, ela procurou moradia novamente em outro lugar, dessa vez o local escolhido foi a cidade de Newburgh, no Condado de Orange, Nova York.

Lá, a homicida conheceu o viúvo Paul Halliday, que morava com os filhos. Inicialmente, Lizzie trabalhava na casa de Halliday como empregada doméstica, mas a relação logo se tornou amorosa e seu hábito bizarro voltou a marcar presença.

Lizzie fugiu com um vizinho, dessa vez levando consigo alguns cavalos, que havia roubado. Mais tarde, Halliday diria que o casamento deles foi marcado por “feitiços de insanidade” da esposa. A mulher foi enviada para um asilo, mas logo convenceu o marido a libertá-la.

Fora da casa de repouso, a serial killer realizou um de seus piores atos. Colocou fogo no celeiro da casa, matando um filho de Paul — que sofria de doença mental, e era maltratado pela madrasta —. Após o crime, Paul desapareceu, e Halliday afirmou para os vizinhos que o marido tinha feito uma viagem de última hora.

Os crimes

Desconfiados da história, os moradores da região decidiram comunicar as autoridades, que emitiram um mandado de busca na propriedade dos Halliday. Em 4 de setembro de 1891, Ao vasculhar a casa, os policiais se depararam com uma cena brutal.

No celeiro, foram encontrados os corpos de Margaret e Sarah McQuillan. As mulheres que haviam dado abrigo para Lizzie na Filadélfia haviam sido baleadas. Sob as tábuas do piso da residência foi descoberto o cadáver mutilado de Paul Halliday.

Poster de Lizzie / Crédito: Wikimedia Commons

Levada sob custódia, a serial killer se comportava de maneira anormal. Rasgava as próprias roupas e falava de maneira incompreensível. Os detetives, no entanto, acreditavam que ela apenas estava fingindo insanidade.

Acusada de assassinato Lizzie esperou julgamento na prisão de Sullivan County, em Monticello, Nova York. Sua estadia no local foi marcada por ações turbulentas. Durante os meses em cárcere a criminosa se recusava a comer, incendiava a cama na qual dormia, tentou diversas vezes se enforcar e chegou a cortar a garganta, para, segundo ela, “ver se sangrava”.

Popularidade e sentença

O caso de Lizzie Halliday foi noticiado pelos maiores jornais dos EUA, como The New York Times e New York World. Em entrevista para a jornalista Nellie Bly, Lizzie afirmou ter matado os primeiros maridos, e ainda mencionou o nome de outro parceiro, até então desconhecido, cujo corpo ela contou que havia conseguido esconder.

A cobertura da saga da serial killer era tão intensa que histórias sensacionalistas começaram a aparecer. Logo, a irlandesa foi ligada aos crimes de Jack, o estripador. “Suspeitamos que esta criatura misteriosa tenha sido relacionada com os horríveis assassinatos de Whitechapel”, escreveu o Daily Times.

Hospital Estadual Matteawan para os Criminosos Insanos / Crédito: Wikimedia Commons

 

Até que em junho de 1894, a assassina foi julgada e sentenciada à cadeira elétrica. Foi o primeiro caso no qual uma mulher foi condenada a morte por eletrocussão. Pouco tempo depois, após o diagnóstico de insanidade ser revelado, o governador de Nova York, Roswell P. Flower, mudou a condenação de Halliday para prisão perpétua.

Lizzie foi enviada para o Hospital Estadual Matteawan para os Criminosos Insanos. Na instituição a homicida passou o resto da vida (morreu apenas em 1918), mas não deixou de cometer pelo menos mais um crime brutal: em 1906, esfaqueou 200 vezes, com uma tesoura, a enfermeira Nellie Wickes.


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