Em antigo relato à Veja, Fernando Henrique Cardoso comentou sobre ameaças de golpe, Venezuela, Bolsonaro e reformas
Jânio de Oliveira Freime Publicado em 07/11/2019, às 11h03
Em 1992, a revista Veja entrevistou o então senador de São Paulo pelo PSDB, Fernando Henrique Cardoso, que seria eleito presidente do Brasil em dois anos. Durante a conversa, o político tucano passou por temas como ameaças de golpe, instabilidade institucional, Venezuela e reformas, ou seja, sobre as mesmas coisas que hoje fazem parte do debate público. Outro ponto curioso da entrevista se deu quando FHC decidiu falar sobre Jair Bolsonaro, atual presidente do Brasil.
O político falava em um Brasil que teria um “curto-circuito”, num momento em que se pressionavam os votos pelo impedimento do mandato do presidente Fernando Collor de Melo, por escândalos de corrupção. O vídeo dessa entrevista, que já tem quase seus 30 anos, voltou a circular na internet ano passado, impulsionado pelo professor da FGV Guilherme Casarões.
“Hoje parece loucura imaginar um regime autoritário em Brasília, mas esse tipo de coisa não é previsível nem racional. Pode aparecer um maluco e pronto. Nós temos o Bolsonaro gritando, temos os militares com baixos soldos. Para piorar, o salário do trabalhador também é baixo, o do funcionário idem. Na Venezuela, também era loucura pensar em golpe e houve uma quartelada que contou com apoio popular”, afirmou o tucano.
Dois temas dessas eleições também apareceram na entrevista: a questão das privatizações e de uma reforma partidária. FHC, que comandou uma saga de privatizações suspeitas em seus dois governos, afirmou que “no Brasil é ilusão pensar em resolver a educação, a saúde e a previdência privatizando, com essa massa de carentes”.
Também afirmou que, se fosse necessário, o PSDB poderia fundir com outro partido, no sentido defendido pela sigla de diminuir o número de partidos com acesso ao Congresso. Hoje, o PSDB possui rixas internas tão fortes que tende à fragmentação.
Na época da entrevista, Bolsonaro era um deputado do Partido Democrata Cristão, tendo como principal bandeira o aumento do soldo no Exército. Chegou a ser preso por isso. Por mais que FHC tenha mencionado o nome do ex-paraquedista na entrevista, as intrigas entre o tucano e Bolsonaro ocorreram alguns anos depois, quando o atual presidente já tinha fama.
Em 1999, chegou a comentar num programa de televisão que, comparado a FHC, Collor “é anjo, é santo”, chegando a defender o fuzilamento do então presidente. Para ele, a situação só seria resolvida “quando nós partirmos para uma guerra civil aqui dentro. E fazendo um trabalho que o regime militar não fez. Matando 30 mil, começando por FHC”.
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