Em 1993, oito crianças foram friamente assassinadas por policiais em frente à Igreja da Candelária. O episódio entrou para a História como um dos crimes mais chocantes do país
Alana Sousa Publicado em 30/11/2019, às 16h00 - Atualizado em 21/07/2023, às 15h31
A noite de 23 de julho de 1993 do Rio de Janeiro foi marcada por um dos maiores cenários de terro que o Brasil já viveu. Dois carros pararam em frente a uma das igrejas no centro da cidade e começaram a disparar com armas de fogo.
O alvo: meninos, moradores de rua, que tinham entre 11 e 19 anos. As vítimas foram pegas de surpresa enquanto dormiam e morreram sem nenhuma chance de defesa. O caso entrou para a história como a Chacina da Candelária.
No total foram oito garotos assassinados. Entretanto, no alvo dos criminosos estava o grupo com mais de 40 crianças. A mais nova deles, tinha, na época, apenas seis anos. Essas vítimas moravam na rua e se estabeleciam em frente à Igreja da Candelária para dormir.
Os meninos, frutos de lares desestruturados, muitas vezes precisavam roubar para comer e, algumas delas se envolviam até mesmo com o tráfico de drogas. Andando sempre em grupo, as vítimas permaneciam juntas também durante a noite.
No momento da chacina alguns morreram dormindo, outros enquanto corriam tentando fugir, e ainda, dois corpos foram encontrados executados em uma área abandonada próximo ao Museu de Arte Moderna, no Aterro do Flamengo.
Um dos presentes na hora do massacre era Wagner dos Santos. Ele foi a principal testemunha do caso, peça fundamental na procura pelos culpados. Wagner, contou que enquanto fugia do local com outros dois meninos, um carro parou ao seu lado e o obrigou a entrar no veículo. Os criminosos, então, efetuaram quatro tiros contra ele, que sobreviveu — os outros dois amigos morreram.
No hospital, o jovem descreveu os homens que o sequestraram, levando a polícia a identificar os primeiros suspeitos. Em setembro de 1994, Wagner foi vítima de um segundo atentado, desta vez na Estação Central do Brasil, onde foi atingido por quatro tiros. As autoridades colocaram-no no Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas. Chegou a morar na Suíça, com o apoio do governo, como repercutido pelo O Globo em 2018.
A investigação, guiada pelo retrato falado oferecido pelo sobrevivente, identificou sete policias militares como suspeitos. No entanto, três deles foram inocentados, um deles foi morto durante o processo — possivelmente por queima de arquivo — e, outros três foram acusados e considerados culpados, são eles: Nelson Oliveira dos Santos Cunha, Marcus Vinícius Emmanuel Borges e Marco Aurélio Dias de Alcântara.
Apesar de terem recebido uma sentença que variava de 20 até 300 anos de prisão, todos os três foram soltos antes que completassem o período mínimo. Em 2018, o G1 informou que Marcus Vinícius Emmanuel Borges estava foragido. Ele cumpriu 18 anos, dos 300 ao qual foi condenado.
O motivo da chacina é visto como resolvido para a Justiça brasileira. No dia anterior ao massacre, os policiais efetuaram uma prisão de dois meninos, os amigos jogaram pedras na direção dos oficiais, sendo que uma delas quebrou o vidro da patrulha do 5º BPM. As mortes seriam uma vingança pelo ocorrido.
Porém, há quem acredite que o crime estava ligado ao tráfico de drogas, já que o 5º Batalhão da Polícia Militar do Rio, segundo repercutido pelo Terra, funcionava como um esquadrão da morte que também traficava drogas, as mortes seriam um acerto de contas com outros meninos ligados ao sistema.
Nome dos mortos na Chacina da Candelária
Paulo Roberto de Oliveira, 11 anos
Anderson de Oliveira Pereira, 13 anos
Marcelo Cândido de Jesus, 14 anos
Valdevino Miguel de Almeida, 14 anos
Gambazinho, 17 anos
Leandro Santos da Conceição, 17 anos
Paulo José da Silva, 18 anos
Marcos Antônio Alves da Silva, 19 anos
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