Militares teriam dado cabo a ex-presidentes e ao ex-governador que apoiou o golpe de 64? Um mistério espinhoso na história recente do Brasil
José Vicente Bernardo e Fábio Marton Publicado em 24/06/2019, às 07h00
Esse é um assunto que está em aberto e nunca foi realmente confirmado. Será mesmo que JK morreu num acidente de carro, como a versão da ditadura contou? Segundo testemunhas, existiram indícios de assassinato. Seguredos como esse estão nos fundos do baú da ditadura militar.
Em dezembro de 2013, a Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo publicou um relatório que afirma com todas as letras: o ex-presidente Juscelino Kubitschek foi assassinado pela ditadura . Até então, a versão oficial era de que ele teria morrido em um acidente de carro na Via Dutra, aos 73 anos, em 22 de agosto de 1976.
Entre os 90 indícios levantados pela comissão está o depoimento do perito Antônio Carlos de Minas, que garante ter visto um buraco de bala no crânio exumado do motorista do ex-presidente. Josias Nunes Oliveira, condutor do ônibus que teria fechado o automóvel, diz ter recusado a oferta de "uma mala de dinheiro" para assumir a culpa no desastre.
Em 1996, com o país livre do regime militar havia anos, uma investigação tentou esclarecer as circunstâncias da morte de JK e, na ocasião, o mesmo perito teria tido acesso ao crânio do motorista e concordado com a versão da ditadura. Por quê?
Também existem perguntas não respondidas a respeito das mortes de Carlos Lacerda e João Goulart, que com JK formaram a Frente Ampla para o combate à ditadura. Seria apenas coincidência que os três tenham morrido em menos de um ano? Jango, o presidente deposto em 1964, de ataque cardíaco em dezembro de 1976, na Argentina. Lacerda, ex-governador do estado da Guanabara, que apoiou a ditadura para depois mudar de lado, de uma infecção cardíaca em maio de 1977.
A Comissão Nacional da Verdade exumou o corpo de João Goulart no mesmo ano. A suspeita é de que ele tivesse sido envenenado na Argentina, vítima da Operação Condor, uma ação de extermínio de opositores orquestrada entre as ditaduras do Cone Sul.
No final de 2014 os resultados saíram, e foram inconclusivos. O ex-agente uruguaio Mário Neira Barreiro diz que a ordem para matar Jango veio da presidência brasileira. Ele cumpre pena no Rio Grande do Sul por roubo e posse ilegal de arma.
Em 2014, a mesma Comissão Nacional da Verdade rejeitou a versão da Comissão da Verdade de São Paulo e disse que a versão oficial da época da ditadura está correta e JK não foi assassinado.
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