Autor de O Príncipe, obra prima da política, Maquiavel revolucionou a relação da sociedade com o Estado
André Nogueira Publicado em 03/05/2019, às 17h00 - Atualizado às 21h00
Quando se trata de política e estratégia, o nome Maquiavel, orginalmente Niccolò Machiavelli, aparece unanimemente. Sua principal obra, O Príncipe, é a principal referência em manuais para governantes saberem como exercer seu poder, fazendo de Maquiavel um personagem obrigatório para estudiosos de política e guerra.
O trabalho de Maquiavel é marcado pelo pragmatismo e pelo uso inovador dos livros da Antiguidade Clássica — principalmente do romano Tito Lívio. Eles o possibilitaram pensar estratégias para planejar a vida política e institucional numa Itália extremamente dividida e sujeita a guerras e invasões estrangeiras.
Pouco se sabe do início da vida de Maquiavel. Era filho de Bernardo e Bartolomea de Nelli, funcionários públicos de Toscana. Porém, nasceu em Florença e logo começou a estudar, mesmo com os poucos recursos dos pais. Estudou latim, grego, o uso do ábaco e filosofia ainda criança.
Em 1498, Maquiavel começa a trabalhar na Segunda Chancelaria da Senhoria de Florença, na qual era responsável por encargos burocráticos, numa instituição responsável pela administração da guerra e das políticas internas do reino. Chegou também a presidir o Conselho dos Dez, órgão de caráter de conselheiro para a Chancelaria.
Maquiavel então começa a presidir missões diplomáticas pelo governo florentino. Quando Pisa aproveita a passagem de reis para começar uma rebelião, ele fica responsável por negociar a aliança com o mercenário Otaviano Sforza e manter o valor do pagamento de seu soldo. No mesmo ano, escreveu Discorso fatto al Magistrato dei Dieci sopra le cose di Pisa, inspirado na missão.
Na França, Maquiavel tem contato com um novo tipo de politica, pois o país era muito mais centralizado e unificado, não como a fragmentada Itália. Retornando a Florença, Maquiavel se casa com Marietta Corsini, com quem teria seis filhos.
Em 1501, o famoso mercenário Cesar Borgia, filho do papa Alexandre VI, deu inicio a uma grande campanha de expansão territorial, chegando a Bolonha, Toscana e nas fronteiras de Florença, onde, após dias de batalha, foi parado por Luís XII.
Bórgia sabia que a aliança de Florença com a França era uma de suas fraquezas e seu algoz seria o exército dos franceses. Bórgia, então, convoca uma reunião com representantes florentinos, dos quais Maquiavel era secretário. Após as reuniões, o exército vindo da França expulsou Brogia de Toscana. Logo depois, Maquiavel se trona oficialmente embaixador.
César Bórgia foi uma figura extremamente importante na produção literária e desenvolvimento da filosofia política de Maquiavel. Isso porque, para o florentino, Bórgia era uma das mais poderosas e engenhosas figuras de sucesso de um príncipe italiano, um excelente exemplo de sua classe.
A partir de 1509, o Papa Júlio II começou uma série de guerras para reconquistar terrenos perdidos para Veneza e os Bórgias. Para tal, pediu auxilio militar a Florença, que queria ao mesmo tempo manter seu domínio em Pisa e manter o Papa sem intrigas com o Reino. Novamente, mandaram Maquiavel para ganhar tempo.
Nicolau Maquiavel acompanha o papa em algumas batalhas travadas pelo Vaticano e lá se deu conta de uma realidade surpreendente: não se tentava prender o papa como um príncipe normal, pois as influências das noções e limitações cristãs religiosas impediam os príncipes de agir pragmaticamente de acordo com a melhor estratégia. a situação foi essencial para fundamentar a distinção projetada por Maquiavel entre política e religião.
Com a declaração de Guerra dos Estados Eclesiásticos contra a França, Florença se encontrou em uma encruzilhada entre aliados. Maquiavel foi enviado à França para tentar manter as pazes, sem sucesso.
A Guerra era inevitável. Então o príncipe Luís XII convoca um concilio contra o papa em Pisa, criando uma intriga intransigível com Júlio II. O papa então derruba os Soderini em Florença, fazendo retornar os Medici, a quem Maquiavel foi fiel. O famoso O Príncipe foi um manual de comentários dado a Lourenço de Medici, por exemplo.
Maquiavel morreu em 1527 em Florença, onde foi um importante homem público aliado aos príncipes Médici.
Principais obras de Maquiavel:
O Príncipe (1513)
Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio (1517)
A Arte da Guerra (1521)
Sobre o modo de tratar os povos rebelados da Valdichiana (1502)
História de Florença (póstumo)
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