Em 1978, Anatoli Petrovich Bugorski viveu para contar o encontro com uma das mais poderosas emissões de energia conhecidas pelo ser humano
Thiago Lincolins Publicado em 13/10/2019, às 08h00
Em 13 de julho de 1978, o cientista Anatoli Petrovich Bugorski seguia a sua rotina no Instituto de Física de Alta Energia, na Rússia. Ele trabalhava com o maior maior acelerador de partículas soviético, o sincrotron U-70.
Quando uma falha atingiu os mecanismos do acelerador, Bugorski fez a coisa mais natural: abriu a tampa e enfiou a cabeça para ver o que acontecia. Sentia-se protegido pelo sistema de segurança, que impedia o sincroton de ser ligado com a tampa aberta.
Mas a máquina estava mais estragada do que imaginava. A trava falhou e ele foi atingido pelo que chamou de "brilho de mil sóis". Um feixe de fótons de 72 bilhões de eléctron-volts, equivalente a 300 vezes o que se usa hoje em terapia de prótons - e cujo efeito é matar todas as células em seu caminho. Jamais um ser humano havia sido atingido por algo remotamente parecido.
O feixe entrou pela parte de trás do crânio e saiu pelo nariz do russo. De imediato, a parte esquerda do rosto inchou de uma maneira anormal e uma parte do seu cabelo caiu.
Na época, Bugorski relatou que não sentiu nenhuma dor. Quando foi examinado, os médicos – que nunca haviam presenciado algo do tipo–, acreditavam que ele estava próximo dos seus últimos dias. Muito pelo contrário: ele havia achado a fonte da juventude.
Sequelas
Apesar do feixe ter atravessado o cérebro, a capacidade intelectual dele não foi afetada – ele até concluiu um PhD– e a sua saúde não foi muito comprometida. Perdeu a audição da orelha esquerda e esse mesmo lado do rosto ficaria paralisado gradualmente ao longo de 2 anos após o incidente. Teve também ataques de convulsão.
Mas pararia de envelhecer. Ao menos em parte. Seu lado direito, não afetado, se tornou enrugado, como manda a natureza. O esquerdo está quase igual a 1978.
Aparentemente, raios de partículas, ignorando essa parte chata de epilepsia e paralisia, podem ser o novo Botox.
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