Harmódio e Aristógito, em escultura do século 5 - Wikimedia Commons
Grécia Antiga

Harmódio e Aristógito: os amantes assassinos da Antiga Atenas

Conhecidos como Tiranicidas, os atenienses foram considerados heróis de seu tempo, na Grécia

Penélope Coelho Publicado em 14/05/2020, às 14h30

Há muitos anos atrás, a palavra tirania não tinha a conotação ruim que tem hoje. Na Grécia antiga, Pisístrato foi o percursor desse sistema em Atenas, na época, o movimento estava relacionado à tomada de poder pela força bruta, guerra ou morte.

A história de dois homens chamados Harmódio e Aristógito ficou marcada para sempre graças ao mesmo percursor da tirania, Pisístrato e por seus filhos Hípias e Hiparco.

Os atenienses Harmódio e Aristógito eram namorados e mantinham uma relação de pederastia — termo usado quando há a presença de um relacionamento entre um homem e um menino. Segundo fontes históricas registradas na obra História da Guerra do Peloponeso, Harmódio era um jovem de aparência bonita e Aristógito, já estava na meia idade.

Pintura de Harmódio e Aristógito em um vaso antigo / Crédito: Divulgação

 

Interesse e Vingança

Após a morte de Pisístrato, Hípias e Hiparco assumiram o poder de Atenas no lugar do pai, ambos levavam uma vida boêmia e se interessavam mais por artes no geral, do que pelo governo da Polis.

Foi então que o caminho do casal se cruzou com os irmãos. Segundo o historiador antigo, Tucídides, por mais de uma vez Hiparco teria demonstrado interesse por Harmódio, mesmo sabendo de sua relação com Aristógito.

Harmódio rejeitou as investidas do governante, mas, ao saber da proposta sexual de Hiparco para o seu amor, Aristógito ficou extremamente enciumado e começou a planejar os assassinatos dos filhos de Pisístrato.

Sendo um dos homens mais poderosos da época, Hiparco não estava acostumado com a rejeição e se mostrou enfurecido, por isso, decidiu humilhar publicamente a irmã de Harmódio — de maneira premeditada.

O grego convidou a menina para uma procissão, só para que tivesse a portunidade de destratá-la na frente de outros atenienses. Esse fato deixou o jovem Harmódio irado, por isso, ele decidiu entrar no plano de seu amante: matar Hiparco e seu irmão, Hípias.

O assassinato

Os amantes decidiram arquitetar a morte dos governantes junto com outros atenienses que demonstraram insatisfação com a liderança dos filhos de Pisístrato. A estratégia planejada era matar os irmãos no festival de Panateneias, no ano 514 a.C.. No dia do crime, Harmódio e Aristógito, juntamente com seus parceiros levaram adagas escondidas em suas vestimentas.

Pintura da morte de Hiparco / Crédito: Divulgação 

 

Na hora de colocar o plano em ação, os amantes acabaram se precipitando devido ao grande tumulto causado no evento. Os Tiranicidas viram um de seus homens conversando calmamente com Hiparco e acharam que o plano tinha sido entregue por um deles.

A dupla entrou em pânico e resolveu agir antes da hora combinada, como consequência, apenas Hiparco foi morto. Sem pensar duas vezes, Hípias tomou atitudes drásticas contra os apaixonados  — que nunca mais puderam ficar juntos. Harmódio foi morto pelos guardas. Enquanto Aristógito conseguiu fugir, mas foi preso e torturado até a morte, logo depois.

Heróis ou egocêntricos?

Depois do feito, Harmódio e Aristógito tornaram-se símbolos da liberdade e democracia, em Atenas, já que após a morte de seu irmão, Hípias teria ficado ainda mais autoritário, causando um descontentamento geral para que ele saísse do governo. Porém, somente quatro anos depois da morte de Hiparco, sua tirania chegaria ao fim e após as reformas de Cleisthenes, Atenas viria a ser uma democracia.

Após o assassinato planejado pela dupla, os descendentes dos Tiranicidas encontraram vários privilégios por parte população, como por exemplo, o direito de fazer refeições gratuitas que ficavam na conta da Polis.

Os namorados foram homenageados com um grupo de esculturas dos dois, algumas foram roubadas e se perderam com o tempo. A mais famosa retrata o casal lado a lado: Harmódio com o braço levantado acima da cabeça e segurando uma espada com a outra mão. Já Aristógito, com as pernas afastadas, está com uma espada em sua mão direita e com sua vestimenta levemente caída nos ombros.

Porém, para alguns pesquisadores a definição de herói não se encaixa muito bem para Harmódio e Aristógito, já que suas motivações com a morte de Hiparco eram pessoais, os namorados não estavam pensando no bem coletivo de Atenas, mas, se aproveitaram da situação de desagrado geral para realizarem o crime. 


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