A criminosa brasileira concedeu uma entrevista à produção da Netflix em que deu sua versão dos acontecimentos
Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 12/07/2021, às 20h11
Na quinta-feira passada, 8, a Netflix lançou uma produção original sobre um dos mais famosos - e também chocantes - crimes brasileiros: o caso de Elize, que matou e esquartejou seu marido, o empresário Marcos Matsunaga, em 2012.
A série documental “Elize Matsunaga: Era uma vez um crime” é dividida em quatro episódios, durante os quais não apenas os detalhes do crime são recapitulados, mas também a maneira como ele foi retratado pela mídia na época.
A produção, que é dirigida por Eliza Capai, conta com a primeira entrevista dada pela assassina desde que foi presa, quase uma década atrás. Assim, ela tem a oportunidade de contar qual foi o seu ponto de vista da história.
De uma forma ou de outra, a história contada em “Era uma vez um crime” causou agitação nas redes sociais e na mídia.
Elize matou Marcos com um tiro, usando a arma que o casal tinha na residência. Os dois estavam discutindo quando aconteceu.
Era hora do jantar, e a mulher decidiu trazer à tona que tinha descoberto o caso extraconjugal do marido. O milionário tentou negar, mas ela disse que tinha contratado um detetive particular - não havia nenhuma mentira que poderia convencê-la, àquele ponto.
A discussão ficou acalorada, com Marcos xingando sua esposa de “vaca” e “vagabunda”, segundo repercutido por uma matéria do R7 em 2016. Em seguida, segundo a criminosa, ele deu um tapa em seu rosto. Foi nesse momento que ela pegou a arma com o qual tiraria a vida do pai de sua filha, então com apenas um ano de idade.
“Cada vez que eu citava a mulher, ele dizia que eu estava louca. Quando eu disse que sabia de tudo, que tinha contratado um detetive, me deu um tapa no rosto, ele nunca tinha feito aquilo. Ele negava tudo de forma tão extrema e me colocava numa situação de culpada, eu me perguntava: ‘Será que estou doida mesmo?’”, contou a criminosa na produção da Netflix.
Durante seu depoimento em 2016, a então acusada contou também que ficou “com medo” depois dos xingamentos e da agressão física.
“Eu não esperava isso dele, eu fiquei com medo. Eu queria que ele parasse. Ele me viu armada e eu apontei a arma pra ele. Ele estava me xingando, ele não parou, continuou andando. Ficou surpreso [quando me viu com a arma] e começou a rir, falou que eu não tinha coragem de atirar. Falou que eu era uma puta, para eu ir embora com minha família de bosta para o Paraná e deixar minha filha aqui. Quando falou que eu não ia mais ver minha filha eu não aguentei. E eu disparei. Na hora eu estava com o coração na garganta”, revelou ela na época.
No documentário da plataforma de streaming, Elize diz que a frase completa do marido foi: “Atira, sua fraca, atira ou some daqui, vai pro Paraná com a sua família de bosta e deixa minha filha aqui”.
Depois disso, a brasileira fez o que para muitos foi a parte mais chocante do crime: ela esquartejou o cadáver de Marcos, colocou os restos em sacos de lixo e os largou em um terreno baldio e em uma caçamba na região de Cotia, em São Paulo.
Antes de se casar com o dono da Yoki, uma empresa gigante de produtos alimentícios, Elize havia sido garota de programa. Como seu padrão de vida havia mudado drasticamente após o matrimônio, muitos a interpretaram como uma golpista, que matou Marcos para ficar com sua fortuna, o que ela sempre negou.
Embora a série documental da Netflix tenha sido feita com o objetivo de trazer todas as informações possíveis a respeito do grotesco acontecimento, assim podendo ser assistido até por aqueles que estão ouvindo sobre o crime pela primeira vez, não tira nenhuma conclusão definitiva, e nem tem meios para fazer isso.
A própria Elize confessa que não consegue ser inteiramente sincera: "Não dá pra falar sobre tudo. Tem coisas aqui que eu não consegui expor, não consegui ir a fundo e trazer em palavras. E há segredos na vida que a gente leva pro túmulo. Há segredos que são proibidos pra mim, e que eu levarei pro túmulo. Não serão ditos aqui em nenhum momento".
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