Comissão Soviética analisa os vestígios dos crimes praticados pelos nazistas durante o Holocausto, em Janowska - Wikimedia Commons
Segunda Guerra

Há 76 anos, nazistas liquidavam 6 mil judeus para encobrir seus crimes sanguinários

Acabando com o campo de Janowska, os alemães tentaram apagar os traços do genocídio devido à aproximação soviética

André Nogueira Publicado em 19/11/2019, às 07h00

Janowska foi um brutal campo de trabalho e extermínio criado pelos nazistas no oeste da Ucrânia durante a ocupação do Leste da Europa, famoso por ter sido liquidado pelos alemães em 1943, durante as evacuações proporcionadas pelo avanço soviético no front oriental europeu (a Operação Sonderaktion 1005).

Essa operação ocorreu devido a contraofensiva do Exército Vermelho que, tendo Berlim como alvo, marchou sobre o antigo território dominado por Hitler. Os nazistas pretendiam apagar qualquer rastro dos sistemas de extermínio da Solução Final, impedindo que a Alemanha fosse julgada por crimes de guerra.

Corpos são queimados durante operação  Sonderaktion 1005 para encobrir os assassinatos em massa / Crédito: Wikimedia Commons

 

Porém, as atrocidades nazistas foram muito bem conhecidas e Roman Rudenko, promotor soviético em Nuremberg, afirmou que Janowska era um típico campo para extermínio em massa, mesmo tendo uma fábrica. A acusação é de que até 40.000 morreram na história do campo, mas provavelmente foram muito mais.

Quando os soviéticos começaram a se aproximar da região, o comandante do campo, Friedrich Warzok, iniciou um plano de evacuação dos prisioneiros para Przemyśl e destruição dos vestígios de assassinatos no campo. Para tanto, o oficial da SS ordenou que os próprios prisioneiros fossem às florestas ao redor do complexo e cavassem valas comuns para desovarem os corpos, além de um queima industrial dos remanescentes.

Roman Rudenko acusa os crimes de guerra dos nazistas nos campos, em Nuremberg / Crédito: Getty Images

 

Durante esse processo, um conjunto de prisioneiros tentou iniciar um levante para tomar o controle sobre o campo de trabalho, mas essa revolta foi rapidamente silenciada pela equipe do governo responsável pela operação. Poucos conseguiram fugir, e os que não o fizeram foram executados, levando à morte, no mesmo dia (19 de novembro), de 6.000 judeus.

Uma Comissão Extraordinária foi aberta pela URSS no fim da Guerra para avaliar a magnitude do ocorrido em Janowska, concluindo que mais de 200 mil pessoas foram mortas durante o funcionamento do campo, estimativa ainda aberta a debates. Nessa comissão, Leon W. Wells, prisioneiro polonês de Janowska, afirmou que em 1943, sua equipe “queimou mais de 310.000 corpos", reafirmando a cifra em 1961, durante o julgamento de Eichmann.


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