Desenvolvida pela arquiteta sino-brasileira Chu Ming, a estrutura tornou-se um grande símbolo do design brasileiro, mas acabou sofrendo com a chegada dos celulares
Izabel Duva Rapoport Publicado em 03/10/2021, às 08h00
Com a massificação do celular, os telefones públicos no Brasil, conhecidos carinhosamente como orelhões, entraram na lista das espécies em extinção. Hoje, poucos usam, e as raras unidades que ainda restam pelas ruas passam quase despercebidas pela população. Mas nem sempre foi assim.
Em 1971, quando o orelhão foi criado pela arquiteta e designer sino-brasileira Chu Ming Silveira, logo foi incorporado à paisagem urbana, causando enormes filas. E novas peças. Em 2001, por exemplo, haviam 1,4 milhão de aparelhos no país, segundo dados da Anatel, a Agência Nacional de Telecomunicações. Um número que cai a cada ano.
Inspirado no formato de um ovo, considerado por Chu como “a melhor forma acústica”, o orelhão recebeu diversos apelidos depois de sua criação. Tulipa, capacete ou o técnico Chu II, a invenção da arquiteta logo tornou-se um ícone do design brasileiro, já que solucionava todos os problemas enfrentados por quem usava os telefonespúblicos.
Feita com fibra de vidro, a estrutura não apenas protegia ambos o telefone e o usuário, como ainda tinha um baixo custo de produção e de manutenção. Por fim, a criação de Chu também ficou marcada na história do design por sua aparência e ótima acústica. Com o passar dos anos, contudo, os orelhões tornaram-se cada vez mais obsoletos.
Diante deste desaparecimento, o artista austríaco radicado no Brasil, Martin Ogolter, até fez uma intervenção nas unidades do Rio de Janeiro inspirada no movimento artístico abstrato do Colorfield Painting (campos de cor), surgido na década de 1950, em Nova York. No material, usou lycra colorida, tecido comum de biquíni, outro símbolo brasileiro.
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