Corpos encontrados em Jonestown em 1978 - Getty Images
Jonestown

Há 46 anos, mais de 900 pessoas eram encontradas mortas em Jonestown

Em novembro de 1978, 918 pessoas morreram em Jonestown, uma comuna fundada na Guiana pelo pastor americano Jim Jones, no maior suicídio coletivo da história

Éric Moreira Publicado em 10/11/2024, às 13h00

No dia 18 de novembro de 1978, uma das maiores tragédias da história envolvendo uma seita ocorreu: 918 pessoas morreram em Jonestown — uma comuna fundada por Jim Jones, um pastor americano e fundador do Templo Popular, uma seita pentecostal cristã de orientação socialista —, em meio à floresta amazônica, mais especificamente no território da Guiana, no que ficou conhecido como o maior suicídio coletivo da história.

Vale mencionar que, das mais de 900 pessoas encontradas mortas, algumas tinham sinais de terem sido atacadas e assassinadas a tiros e facadas. No entanto, a maioria pereceu após ingerir veneno misturado a um ponche de frutas, sob ordens do pastor Jim Jones. Entenda mais detalhes sobre o caso!

+ Heaven's Gate: Neste dia, em 1997, acontecia um dos maiores suicídios em massa dos EUA

Fotografia aérea dos corpos encontrados em Jonestown em 1978 / Crédito: Getty Images

 

 

Templo Popular

Jim Jones fundou o Templo Popular em 1956, em Indiana, nos Estados Unidos. Desde o início, ele promovia curas "milagrosas", obviamente fraudulentas, mas também conquistou muitos seguidores ao promover ideais igualitários, impondo um vestuário simples aos frequentadores de seu culto, além de distribuição de comida gratuita e fornecimento de carvão às famílias mais pobres, durante o inverno.

Porém, na década de 1960 o Templo Popular se mudou para a Califórnia, um estado mais aberto aos ideais defendidos pelo pastor. Nos anos que se seguiram, o grupo ficou maior e conquistou mais popularidade, ao ponto até mesmo de Jim Jones circular entre figuras poderosas da época, encontrando-se várias vezes, por exemplo, com a primeira-dama Rosalynn Carter, esposa de Jimmy Carter.

No entanto, não demorou até que a seita despertasse suspeitas e fosse investigada mais profundamente. A mídia americana da época explorou diversos relatos de pessoas que abandonaram o grupo, que alegavam que o pastor tinha estilo messiânico e ditatorial. Por isso, algum tempo depois, Jones buscou refúgio para seu grupo na Guiana, onde conseguiu, em 1974, arrendar um terreno na selva para criar uma comuna distante dos curiosos.

Jim Jones e sua esposa, Marceline / Crédito: Getty Images

 

Jonestown

Batizada como Jonestown, a comuna contava com uma escola, bangalôs e um pavilhão central. Lá, seus habitantes também poderiam plantar verduras e legumes; e por isso, em 1977, Jim Jones e centenas de seguidores partiram para a Guiana.

Um detalhe é que a comuna era quase completamente isolada, tendo como única forma de contato com o restante do mundo um rádio de ondas curtas. Após relatos de que Jones promovia um regime ditatorial no local, com punições severas a quem quebrasse regras e até mesmo com guardas armados para evitar fugas, não demorou para que Jonestown fosse, mais uma vez, alvo de atenção das autoridades.

Por isso, em 17 de novembro de 1978, o deputado federal Leo Ryan viajou até a Guiana com outras 18 pessoas, para visitar Jonestown. No entanto, no dia seguinte, o próprio Ryan e outras quatro pessoas morreram baleadas em uma pista de pouso próxima ao assentamento.

Alertando seus seguidores de que serviços de segurança dos Estados Unidos "conspiravam contra Jonestown", Jim Jones disse aos seus fiéis que uma solução para o problema era um "suicídio revolucionário", que inclusive já havia sido ensaiado em assembleias anteriores. E foi apenas algumas horas após a morte de Leo Ryan que ocorreu o que foi considerado o maior suicídio coletivo da história.

Cadáveres após o suicídio coletivo de Jonestown / Crédito: Getty Images

 

Suicídio coletivo

Não foram muitos que sobreviveram ao episódio de Jonestown, mas aqueles que restaram relataram que todos os seguidores estavam em um "estado de transe coletivo" quando aconteceu o caso brutal.

Em uma gravação encontrada dos procedimentos, é possível ouvir discursos de Jim Jones e gritos agonizantes de pessoas envenenadas ao fundo. Vários que tentaram fugir nesse dia foram mortos de outras formas pelos guardas ou demais seguidores de Jones.

Depois que chegaram ao local, autoridades da Guiana encontraram o pastor morto com um tiro na cabeça, em uma posição que sugeria ter sido um suicídio. Ao todo, apenas 35 pessoas sobreviveram, entre eles Laura Johnston Kohl, que estava comprando mantimentos para a comuna em Georgetown, capital guianesa, quando aconteceu o suicídio em massa.

Nós éramos visionários que deixaram para trás os confortos da vida urbana e se mudaram para o meio da floresta para criar um modelo de comunidade para o resto do mundo. Jim Jones era articulado para mascarar as partes dele que eram corruptas ou doentes", explica Laura Johnston Kohl em seu livro 'Sobrevivente de Jonestown: Um de dentro' (em tradução livre do título).
Fotografias de Jim Jones / Crédito: Getty Images

 

Hoje, mais de 40 anos após o grande suicídio coletivo de Jonestown, o terreno da comuna já foi tomado novamente pela floresta. Apesar do passado sombrio — ou talvez por conta disso —, muitas pessoas ainda gostariam de ver o local explorado como atração turística, mas o governo ainda se recusa a isso, segundo a BBC.

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