Através da bula papal Supremo apostolatus, o papa italiano deu um grande passo em meio a um lento processo
Caio Tortamano Publicado em 03/12/2019, às 16h05
Escrita pelo Papa Gregório XVI e emitida em 3 de dezembro de 1839, a bula papal In Supremo apostolatus denunciava e condenava a prática escravista pelos cristãos e repudiava a perpetuação da escravidão institucional.
Gregório ficou conhecido por ter sido um grande financiador de artes, mas também se tornou muito impopular no próprio território italiano por ter cometido algumas extravagâncias com dinheiro, a ponto de colocar a Igreja em profunda crise financeira.
A bula papal se refere a muitas outras cartas e pronunciamentos dados pela Igreja Católica ao longo dos anos que tinham como objetivo aliviar o sofrimento vivido pelos escravos, principalmente nas colônias da América do Sul.
Uma dessas cartas, inclusive, foi enviada por Bento XIV em 1741 endereçada aos bispos do Brasil, para que se opusessem contra a terrível prática.
Na bula, Gregório XVI ainda afirma que é dever da Igreja direcionar seus fiéis para longe das “práticas desumanas de comércio escravo com negros e todos os outros homens”.
A carta teve consequências curiosas nos Estados Unidos. Isso porque muitos bispos que atuavam ao sul do país, região com maior concentração de escravos, interpretaram que a bula condenava o tráfico de escravos em grande escala, em uma justificativa para a posse pessoal de escravos.
Por mais que a intenção da carta tenha sido dar fim à escravidão em terras cristãs, é inegável que ainda houve lentidão para o fim da prática em terras brasileiras. Somente em 13 de maio de 1888, 49 anos depois da bula ter sido publicada, a escravidão foi abolida do Brasil, país majoritariamente católico.
Para saber mais sobre escravidão recomendamos as leituras a seguir:
Escravidão – Vol. 1: Do primeiro leilão de cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares, Laurentino Gomes (2019)
As Cores da Escravidão, Ieda de Oliveira (2012)
Ser escravo no Brasil: Séculos XVI-XIX, Katia M. de Queirós Mattoso (2016)
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