Em um novo documentário, arqueólogos desvendam os mistérios por trás da queda do primeiro império chinês através de tesouros antigos; confira!
Isabelly de Lima Publicado em 12/06/2024, às 19h00 - Atualizado em 13/06/2024, às 19h21
Nas profundezas da província de Shaanxi, na China, jaz um exército de proporções épicas, pronto para a eternidade. Mais de 7.000 soldados de terracota, em tamanho real, cuidam do túmulo do primeiro imperador da China, Qin Shi Huang, desde o ano 210 a.C.
A descoberta acidental, feita em 1974, por agricultores locais, revelou ao mundo um dos maiores tesouros arqueológicos da História. O exército de terracota, composto por soldados, cavalos e carruagens de guerra, foi meticulosamente esculpido em terracota, um tipo de argila cozida.
Cada figura, com seus detalhes intrincados e expressões únicas, representa um indivíduo real, desde generais experientes até jovens recrutas. A vastidão e o realismo desse exército impressionam até hoje, oferecendo um vislumbre do poderio militar do Império Qin e da crença na vida após a morte prevalecente na época.
Mas apesar da grandiosidade do império chinês, representado pelas esculturas, o passado pode revelar uma sociedade cruel e violenta. É isso que aborda o documentário “Os Mistérios dos Guerreiros de Terracota”, na plataforma de streaming Netflix, que exibe o trabalho de um grupo de arqueólogos e especialistas forenses que investigam os tesouros funerários do primeiro imperador.
A construção do exército colossal teve início em 246 a.C., logo após a ascensão de Qin Shi Huang ao trono. Acredita-se que milhares de artesãos e trabalhadores tenham dedicado anos a essa tarefa monumental, moldando e cozendo cada peça com precisão e cuidado. O objetivo era garantir que o imperador fosse acompanhado por sua guarda leal para a outra vida, protegendo-o e garantindo-lhe poder e glória na eternidade.
O túmulo de Qin Shi Huang, que ainda não foi totalmente escavado, é um complexo funerário extenso e intrigante. Estima-se que o local abrigue outros tesouros inestimáveis, como artefatos que revelam ainda mais sobre a vida e a cultura daquela época.
No entanto, como resgata o documentário da Netflix, a câmara funerária e sua construção revela um passado obscuro de muita violência entre gerações — que resultou até mesmo na destruição de alguns guerreiros de terracota.
Qin Shi Huang foi o primeiro imperador da China, unificando os diversos vilarejos que existiam na época em um grande império. No entanto, aquele que já carregava consigo o peso de milhares de mortes durante suas conquistas territoriais, causou ainda mais dor quando faleceu.
Segundo a tradição, após a morte do imperador, alguns de seus homens mais fiéis realizaram um golpe para fazer com que o filho caçula, Hu Hai, ocupasse o trono ao invés do irmão mais velho.
Graças a uma carta falsa, o plano deu certo e os irmãos e irmãs de Hu Hai foram mortos, e todos de forma brutal, seja por mutilação, cortados ao meio ou até suicídio (para aqueles que não queriam morrer nas mãos de generais).
Com o caçula no poder, muitos rebeldes se uniram para lutar contra o exército chinês, entretanto, acabaram vencidos por um grupo de prisioneiros, vasto, chamado para lutar em nome do imperador, com a promessa de um perdão oficial.
Após alguns anos da grande luta, um dos homens de confiança do imperador, Zhao Gao, responsável pelo primeiro golpe de estado, aplicou o segundo, agora contra o Hu Hai. Com o novo imperador no poder, Gao é morto e a história da China continua entre golpes e diferentes imperadores.
Em meio a toda essa revolta, alguns rebeldes invadiram a câmera funerária que continha os guerreiros de terracota e destruíram muitos deles, como forma de mostrar descontentamento com a situação que viviam.
O grupo de arqueólogos revelou ter encontrado diversos itens no interior, incluindo o túmulo de um guerreiro real da dinastia Qin, sendo, até o momento, uma das principais descobertas da história do país.
"A oportunidade de escavar este túmulo é algo sem precedentes. É uma oportunidade única", disse o chefe da escavação, Jiang Wenxiao, no documentário.
O que faz esse túmulo ser tão curioso é que se trata de um guerreiro de verdade da dinastia Qin. Já encontramos milhares de guerreiros de terracota, mas não tivermos a oportunidade de escavar um guerreiro Qin de verdade”, afirmou Janice, uma das arqueólogas do projeto.
O documentário já está disponível na Netflix. Confira o trailer abaixo:
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