Entenda os detalhes da alarmante situação atual da região, assim como os eventos históricos que contextualizam o sangrento conflito
Ingredi Brunato Publicado em 07/11/2023, às 10h28
Na madrugada do último dia 7 de outubro, o Hamas, grupo palestino islâmico, iniciou um ataque surpresa contra Israel que inclui o lançamento de mísseis e a invasão do país por homens armados. Essa investida inicial resultou na morte de 1.400 pessoas e na captura de 240 reféns.
Em seguida, o primeiro-ministro do governo israelense, Benjamin Netanyahu, fez um anúncio público em que declarava guerra contra o Hamas:
Estamos em guerra. Esta não é uma operação simples. O inimigo pagará um preço sem precedentes", afirmou na ocasião, conforme repercutiu a CNN.
Esse foi o início do catastrófico conflito, que em um mês já resultou nas mortes de mais de 11,4 mil pessoas na região. Vale destacar, no entanto, que existe uma diferença abrupta no caso das vítimas.
Isso, pois, 1.430 delas eram israelenses, enquanto as 10.022 eram palestinos moradores da Faixa de Gaza. Outro dado duro é que 4.104 dos palestinos mortos eram crianças, de acordo com informações compartilhadas pelo Ministério da Saúde de Gaza na última segunda-feira, 6.
"Gaza está a tornar-se um cemitério para crianças. Centenas de meninas e meninos são mortos ou feridos todos os dias", comentou António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, a respeito da guerra.
As operações terrestres das Forças de Defesa de Israel e os bombardeamentos contínuos estão a atingir civis, hospitais, campos de refugiados, mesquitas, igrejas e instalações da ONU – incluindo abrigos. Ninguém está seguro", acrescentou.
Em vista do alto saldo de vidas humanas perdidas, diversas organizações internacionais humanitárias pedem o cessar-fogo.
Outro detalhe é que o cenário na Faixa de Gaza é particularmente precário devido à falta de recursos essenciais como alimentos, água potável, suprimentos hospitalares e combustível, que foram bloqueados por um cerco israelense durante vários dias, de acordo com informações do The Guardian.
Desde 2007, a maioria dos recursos que chegam à região passam primeiro por Israel. Com o ataque do Hamas, as autoridades israelenses cortaram esse fluxo.
A água está sendo usada como arma de guerra. Muitas pessoas estão recorrendo a fontes de água inseguras... A água potável em Gaza não está disponível ou está disponível em quantidades muito, muito pequenas", explicou Juliette Touma, porta-voz da UNRWA, agência das Nações Unidas que luta pelos refugiados palestinos.
A escassez de suprimentos inclusive leva hospitais em Gaza a precisarem fechar as portas, deixando os doentes e feridos à mercê do destino. No dia 1º de novembro, por exemplo, o único hospital que atende pessoas com câncer precisou interromper suas atividades devido à falta de combustível e eletricidade na região.
Pedimos ao mundo: 'Não abandone os pacientes com câncer à morte certa devido ao hospital estar fora de serviço'", afirmou o diretor da instituição de saúde, Subhi Sukeyk, em uma coletiva de imprensa repercutida pelo portal Al Jazeera.
Um detalhe importante é que o contra-almirante Daniel Hagari, o principal porta-voz do exército israelense, afirmou à imprensa que o Hamas utiliza hospitais para se esconder do inimigo, assim utilizando civis como escudos humanos.
"O Hamas transformou os hospitais em centros de comando e controle e esconderijos para os terroristas e comandantes do Hamas (...) Os terroristas do Hamas operam dentro e sob o hospital Shifa e outros hospitais em Gaza", afirmou ele no fim do último mês de outubro, conforme divulgou a Reuters.
Um dos eventos do conflito que mais chocou o mundo até agora, por sua vez, foi o bombardeio do hospital palestino Ahli Arab no dia 17 de outubro. A autoria do ataque, no entanto, é alvo de controvérsias: Hamas culpa o exército israelense, enquanto o governo de Israel afirma que o próprio Hamas realizou o ato na tentativa de incriminar seu inimigo.
Investidas militares destinadas a hospitais, vale mencionar, são consideradas como crimes de guerra.
O Estado de Israel foi fundado em 1948 como resultado do movimento sionista, que defendia a criação de um Estado Nacional judeu na região da Palestina histórica, vista pelo judaísmo como "a Terra prometida".
O sionismo surgiu no fim do século 19 em meio à comunidade judaica europeia e se intensificou com o passar do tempo frente ao crescimento do antissemitismo (nome dado à discriminação direcionada a judeus) e ainda com os horrores do Holocausto ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial.
Assim, ocorreu uma migração judaica para o local, que, no entanto, era majoritariamente habitado por palestinos, um povo árabe e seguidor da religião islâmica.
A situação inspirou a elaboração de um plano de partilha da Palestina pelas Nações Unidas. Nele, os judeus, embora fossem a minoria, teriam direito a ocupar 56% do território, enquanto os árabes deveriam ficar com 44%, segundo relembrado pelo portal DW. Jerusalém, por sua vez, teria um "status especial" por ser considerada sagrada pelos povos de todas as religiões predominantes da zona.
Os países árabes da região rejeitaram o plano, levando à Guerra de 1948, que teve Israel de um lado, e de outro Egito, Síria, Iraque, Jordânia, Líbano e Arábia Saudita. O recém-formado país, no entanto, saiu vitorioso desse conflito e de vários outros relacionados a disputas territoriais que se seguiram, como a Guerra dos Seis Dias e a Guerra de Yom Kippur, apenas anexando mais territórios ao fim de cada um desses episódios.
Assim, o povo palestino acabou limitado a viver na Faixa de Gaza. Diversas autoridades palestinas ainda hoje acreditam, porém, que a ocupação da Palestina histórica pelos israelenses é errada. Entre essas, estão ativistas pacíficos, mas também o Hamas, o grupo armado que iniciou a guerra atual.
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