O Saci e o Curupira são os mais famosos, no entanto, existem outros personagens com narrativas extremamente curiosas
M. R. Terci Publicado em 22/08/2020, às 16h59
Um povo, muitas cores, que se faz entender e assimila a identidade social de sua comunidade através de expressões culturais, dentre as quais, o folclore se destaca. Sendo assim, o folclore do Brasil é um dos mais ricos do mundo.
Para sua formação, além do elemento nativo – embora vasto e mais destacado – colaboraram o povo português e africano, tornando-se ainda mais complexo e fantasioso com a imigração.
Venham comigo, pelos caminhos mais escuros da história, adentrar a fronteira do estranho e cruzar o caminho de personagens que por se tratarem de fenômenos regionais, ficaram restritos às comunidades onde se originaram.
Papa Figo
Um velho deformado, corcunda e barbudo que vaga pelas ruas durante o dia, à caça de crianças travessas. Quando encontra um garoto desobediente o coloca dentro de um saco e, mais tarde, em alguma encruzilhada, ele come seu fígado. Um mito muito difundido em Pernambuco e Paraíba. Em algumas cidades do interior paulista, contudo, é conhecido como Homem do Saco.
Pisadeira
Comumente associada à paralisia do sono no interior de São Paulo e na fronteira com Minas Gerais. É uma mulher muito magra e horrenda, uma velha bruxa de unhas compridas que percorre os telhados, adentra pelas janelas e atormenta as pessoas durante o repouso noturno.
Bradador
Um espírito sem forma definida que em São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, invade os quintais das casas e emite gritos selvagens e hórrido uivos deixando seus moradores de cabelo em pé. Quem vê a coisa, enlouquece.
Acutipiru
Criatura que segundo as histórias vive na Serra do Japó. Dizem que para seduzir um homem ou uma mulher, pode aparecer tanto na forma masculina quanto feminina. Quando homem, fecunda mulheres para que tenham meninos valentes, na forma de mulher, dá a luz a belas meninas. Certo é que não existe uma Serra do Japó, possivelmente se trata de uma corruptela do vocábulo Japi, cuja serra fica no Estado de São Paulo.
Matinda Pereira
Uma hórrida feiticeira, muito velha e com poderes mágicos que assusta as pessoas na região amazônica. Quando se ouve o terrível assovio da Matinda, para afugentá-la, os moradores da região costumam, lhe prometer fumo. Na manhã seguinte, dizem, uma mendiga aparece à porta do promitente cobrando a oferenda.
Curacanga
No Maranhão e no Pará, é costume dizer que quando uma mulher tem sete filhas, a última passará por uma terrível metamorfose. Sua cabeça se soltará do corpo e tomando a forma de uma bola de fogo, percorrerá os campos e caminhos assustando e ferindo os viajantes.
Porca-dos-Sete-Leitões
Uma leitoa monstruosa, sempre cercada por sua bizarra ninhada que, à noite, persegue as pessoas que andam sozinhas por ruas estreitas. Solta fogo pelas ventas e guincha terrivelmente. Seu mito é difundido no Tocantins.
Capelobo
Conterrâneo de Curacanga, habita a região do Rio Xingu, causa muito medo nas populações nativas, pois costuma se alimentar de crianças recém-nascidas. É representado com forma humanoide. Corpo coberto de pelos, cabeça de anta no Maranhão e de tamanduá no Pará.
Pé de Garrafa
Uma das mais curiosas e desconhecidas criaturas de nosso folclore. Possuí corpo de homem, mas suas pernas e pés são redondos com formato de garrafa. Costuma se esconder nas matas do Centro-Oeste, onde captura a alma de suas vítimas paralisando-as com urros assustadores.
Chibamba
É o bicho-papão mineiro, assombra e assusta crianças malcriadas que teimam em dormir tarde. Essa criatura anda coberta por folhas de bananeira e ronca como se fosse um porco.
Minhocão
Possuí a forma de uma titânica serpente e vive no fundo das águas lamacentas do Rio São Francisco. Quando perturbado, afunda os barcos e devora seus ocupantes. Os moradores ribeirinhos o responsabilizam, igualmente, pela erosão dos barrancos.
Perna Cabeluda
Em Pernambuco, próximo a cemitérios, dizem que, vez ou outra assurge no puro elemento do ar uma perna escura e cabeluda que se materializa com o propósito de agredir quem encontra em seu caminho.
Corpo-Seco
Um dos mais assustadores e presentes mitos do folclore nacional. Diz a tradição em algumas localidades de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e em todo o Nordeste, que em vida, era um homem muito mal, tão ruim que quando morreu, nem o céu, nem o inferno reivindicaram sua alma e a terra, onde fora sepultado, acabou vomitando um corpo ressequido e pestilento que assombra as casas. Para afastar ele, frequentemente, algumas famílias mandam rezar missas.
Mapinguari
Conhecido no Amazonas, Acre e Pará como um monstro gigantesco coberto de pelos negros, munido de garras afiadas e que tem o olho no meio da testa e a boca na altura do estômago. Quem ouve seu grito aflito na floresta e responde seu chamado, geralmente é perseguido pela criatura que vem derrubando galhos e árvores pelo caminho.
Sanguanel
Nos pinheiros e araucárias da Região Sul, frequentemente se vê um ser pequenino e vermelho. Os gaúchos dizem que, à noite, o Sanguanel rouba crianças pequenas e só devolve quando recebe oferenda de água e mel.
Vira-Roupas
Na Paraíba e Rio Grande do Norte, as pessoas costumam ver um ser alto, magro, muito esperto e ágil, cujo passatempo é infernizar a vida de quem lava roupa fora de casa, em rios ou lagoas. Diverte-se manchando roupas com barro, arrancando botões ou simplesmente virando do avesso.
Ururau da Lapa
Figura mitológica presente no folclore do Estado do Rio de Janeiro. É descrito como um jacaré titânico que ataca as embarcações no Rio Paraíba do Sul. Reza a lenda que nasceu da vontade do deus das águas que ficou indignado com o assassinato de um cortador de cana, a mando de um coronel que proibiu o namoro do rapaz com sua filha. Dizem que afundou o navio que trazia o sino do Convento da Lapa.
Mãe do Ouro
Segundo a lenda, tem o aspecto de menina bonita, loira e de olhos azuis. Um personagem muito popular no interior das regiões Sudeste e Nordeste do Brasil. Quem encontra com ela, deve cortar o dedo e deixar que três gotas de sangue caiam sobre sua cabeça, daí a moça transforma as gotas de sangue em ouro.
M.R. Terci é escritor e roteirista; criador de “Imperiais de Gran Abuelo” (2018), romance finalista no Prêmio Cubo de Ouro, que tem como cenário a Guerra Paraguai, e “Bairro da Cripta” (2019), ambientado na Belle Époque brasileira, ambos publicados pela Editora Pandorga.
**O canal Coluna não reflete, necessariamente, a opinião da Aventuras na História
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