Protagonizado por Margot Robbie, o longa conta a história de sucesso e derrota da patinadora Tonya Harding, acusada de atacar sua maior rival
Pamela Malva Publicado em 26/05/2021, às 23h11 - Atualizado em 20/01/2023, às 15h26
Em ringues e pistas de gelo, os patinadores profissionais são treinados para passar o máximo de emoção possível com suas apresentações. Enquanto se movem no ritmo da música e riscam o gelo com seus patins, os artistas surpreendem a plateia o tempo todo.
Em 1994, contudo, uma série de acontecimentos inusitados tomou conta do universo dos esportes quando a patinadora Tonya Harding foi supostamente envolvida em um ataque contra a jovem Nancy Kerrigan, sua maior rival nas competições.
Na época, as investigações apontaram que o ex-marido de Tonya era responsável pelo complô e por quase tirar Nancy das Olimpíadas de Inverno daquele ano. O caso, no entanto, é apenas uma parcela da vida da patinadora contada no filme ‘Eu, Tonya’, lançado em 2017. Agora, o filme pode ser assistido no catálogo da plataforma de streaming Netflix.
Acontece que o longa dirigido por Craig Gillespie e roteirizado por Steven Rogers passa por todas as fases complexas da vida da patinadora, da infância até as supostas brigas com o marido — ainda que algumas partes não sejam 100% verdadeiras.
Para a produção do filme, que venceu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, além de ser indicado aos Oscar de Melhor Atriz e Melhor Edição, Steven Rogers fez questão de entrevistar a própria Tonya Harding e seu ex-marido, Jeff Gillooly, segundo a Veja.
Com cada um dos depoimentos em mãos, o roteirista percebeu que a história tinha mais de um lado ‘verdadeiro’. “[As versões] eram tão contraditórias que percebi que seria meu ponto de entrada no roteiro. Colocaria os pontos de vista e deixaria o público decidir em que acreditar”, narrou Rogers, conforme repercutido pelo É Tudo História.
No filme, tudo começa na infância de Tonya (Margot Robbie), uma menina que vence seu primeiro campeonato aos 4 anos. Toda a dedicação, contudo, vem de sua mãe, LaVona Golden, interpretada por Allison Janney, extremamente competitiva.
Assim como na vida real, o longa mostra que LaVona era uma mulher rígida, que fazia Tonya usar seus figurinos de patinação para ir à escola no dia de tirar fotos para o anuário, a fim de reutilizar as boas imagens nos torneios e nas divulgações da menina.
“Tonya Harding me contou tudo isso quando a entrevistei por dois dias”, contou Rogers. “Ela afirmou que não tinha amigos quando era criança, que sua mãe afastou muitos amigos na escola e também no ringue.” Mas as tristezas não paravam por aí.
Ainda que LaVona negue, afirmando que bateu na filha apenas uma vez, Tonya e Jeff Gillooly (Sebastian Stan) afirmaram ao roteirista que a menina sofria nas mãos da mãe quase todo dia. “Tonya e Jeff discordaram em tudo, a não ser sobre a forma como LaVona agia. Essa descrição veio dos dois”, lamentou Rogers.
Agressiva ou não, toda a personalidade de LaVona foi representada da melhor forma possível no longa. “Tive de criar todo o seu ponto de vista”, explicou o roteirista. “Para ela, estava sendo uma boa mãe e fazendo um sacrifício.”
O problema é que a mulher passava por cima da própria filha para conseguir o que queria. Na época do ataque contra Kerrigan, por exemplo, ela tentou gravar qualquer confissão de Tonya para irritá-la, já que a jovem patinava melhor nesse estado.
“As coisas mais doidas realmente aconteceram. Se eu tenho certeza absoluta que aconteceu? Não. Mas li em matérias da época”, comentou Rogers. A própria relação entre Tonya e Jeff gera dúvidas tanto para o roteirista, quanto para os envolvidos.
Segundo a patinadora, ela sofria agressões do marido todos os dias. No filme, o homem chega a fechar uma porta na mão da mulher e os dois até se ameaçam com uma arma. Para Jeff, todavia, as coisas não aconteciam bem assim.
“Jeff me disse que jamais bateu nela”, contou Rogers. “Ela contou que Jeff batia e que era tudo o que ela conhecia: ‘Minha mãe me batia, ela me amava, Jeff me batia, ele me amava’. Era o que ela estava acostumada. A polícia interrompeu as brigas várias vezes.”
Quanto ao ataque contra Nancy, tudo mostrado no longa é 100% verdade. Naquele dia, Shawn, o segurança de Tonya, contrata dois homens para bater na rival da patinadora. Por se gabar demais pelo ocorrido, contudo, Shawn é pego e uma investigação começa.
Ainda que, mesmo na vida real, ninguém saiba exatamente o papel de Tonya no episódio, o julgamento da patinadora acontece depois da Olimpíada de Inverno. Durante sua apresentação, todavia, ela quase perde sua vez ao ter um problema com seus patins e acaba fazendo uma má apresentação.
Nancy, por sua vez, se recupera e faz sua coreografia tranquilamente, conquistando o segundo lugar do pódio. Mesmo tentando se desculpar pelo ocorrido após a premiação, Tonya é criticada pela adversária e, com o julgamento, acaba banida da patinação.
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