Durante as Olimpíadas de Tóquio, a representatividade trazida por diversos atletas trouxe tal identidade e toda a sua pauta à tona
Pamela Malva Publicado em 28/07/2021, às 20h00
Na noite do último domingo, 25, o mundo parou para assistir às classificatórias do skate feminino nas Olimpíadas de Tóquio. Marcada pelo pódio composto por jovens esportistas, a competição ainda trouxe uma importante discussão à tona.
Acontece que, apesar de suas notas baixas, a norte-americana Alana Smith, de 20 anos, chamou atenção ao competir com um curioso broche preso em sua camiseta. No acessório, lia-se os termos “they/them”, tradução em inglês para “eles/deles”.
Muito além de pronomes, as palavras representam uma identidade de gênero que ganhou bastante destaque nos últimos tempos. Fugindo do padrão binário da sociedade, que divide as pessoas entre homens e mulheres, trata-se do gênero não-binário.
No dia 19 de maio de 2021, a cantora Demi Lovato fez uma revelação em suas redes sociais. Depois do lançamento de um documentário sobre sua longa trajetória, a artista afirmou que, a partir daquele momento, gostaria de ser tratada como não-binária.
Da mesma forma que Alana Smith, então, a cantora colocou em pauta uma discussão necessária acerca do espectro de gênero que conhecemos hoje. Antes divididos apenas entre masculino e feminino, os gêneros hoje são muito mais abrangentes.
É importante pontuar, contudo, que identidade de gênero não é a mesma coisa do que orientação sexual. Enquanto o primeiro diz respeito à forma como a pessoa se identifica, o segundo roda em torno dos interesses amorosos e sexuais de alguém.
Em sua definição oficial sobre o gênero não-binário, por exemplo, a LGBT Foundation deixa claro que “pessoas não binárias sentem que sua identidade de gênero não pode ser definida dentro das margens da binariedade”.
“Em vez disso, elas entendem o gênero de forma que ultrapassa a mera identificação como homem ou mulher”, explica a instituição. Dessa forma, pessoas não-binárias seriam aquelas que não se identificam com o gênero masculino, nem com o feminino.
É entre a comunidade não-binária, inclusive, que se torna essencial o uso dos chamados pronomes neutros, dado o fato de que aqueles que se identificam dessa forma não respondem por pronomes femininos ou masculinos — daí vem o broche de Alana.
Segundo a LGBT Foundation, todavia, é importante pontuar que o gênero não-binário também pode representar uma fluidez de identidade. “Como os não-binários incluem qualquer pessoa que não se enquadre na narrativa tradicional de homem ou mulher, as comunidades não binárias são incrivelmente diversificadas”, pontuou a instituição.
Dessa forma, enquanto algumas pessoas não-binárias não se identificam com qualquer um dos gêneros binários, outras podem se identificar com os dois ao mesmo tempo, ou com apenas um de cada vez — o que também acontece com pessoas de gênero fluido.
“Pessoas não binárias podem se identificar como homens e mulheres ou nem como homens ou mulheres”, narrou a fundação internacional, em seu site oficial. “Eles podem sentir que seu gênero é fluido, pode mudar e flutuar ou talvez eles não se identifiquem permanentemente com um gênero em particular."
Marcadas pela diversidade, as Olimpíadas de Tóquio também contam com um número recorde de atletas abertamente LBGTQIA+ nas delegações. No total, são 163 atletas gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros, queer e não-binários publicamente declarados.
Tamanha representatividade torna-se importante para mostrar que, muito além de uma bandeira erguida pela comunidade, o respeito também é crucial em diversos âmbitos da sociedade. Com dezenas de atletas que fogem do padrão, é necessário respeitar tanto a orientação sexual, quanto a forma como uma pessoa se identifica.
Daí vem, também, a discussão sobre a aplicação do pronome neutro nas linguagens modernas, já que seria uma forma de demonstrar respeito e empatia pela identidade de atletas, cantores, estudiosos, artistas e trabalhadores como Alana, Demi e muitos outros.
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