As duas publicações da estudante de medicina - Divulgação / Redes Sociais
Brasil

A estudante de medicina que causou indignação ao ironizar morte de paciente

Após o insólito episódio, a aluna perdeu seu estágio e pode ser expulsa da faculdade

Redação Publicado em 19/02/2022, às 07h00

No começo de fevereiro, mais especificamente no dia 8, a internet, as redes sociais e a mídia presenciaram um acontecimento polêmico: uma estudante de medicina, trabalhando em seu estágio, reclamou com ironia da chegada de uma paciente enfartando e com um caso grave de edema, que acabou falecendo.

A reclamação foi publicada nos stories do perfil da jovem no Instagram e, pouco tempo depois, foi seguida de uma nova foto: “Atualizações: a mulher morreu e eu não dormi”. A postagem original continha um palavrão e uma maneira insólita de tratar a situação.

“Faltando 10 min para minha hora de dormir, chega mulher enfartando e com edema agudo de pulmão, e agora já passou 1:30 da minha hora de dormir, tô put*”, digitou.

Além do tom sarcástico em relação à condição da paciente, a primeira foto contava com os dados, nome completo e procedimentos realizados na mulher que sofria com um enfarto e um inchaço no pulmão.

Divulgação / Redes Sociais

 

Assim que essas fotos e declarações se tornaram públicas, as redes sociais se revoltaram contra a estudante de medicina, que tratou a morte da paciente com descaso. Ela estuda no Centro Universitário Cesmac, em Maceió, capital do estado de Alagoas.

Reação da família da paciente 

Imagem meramente ilustrativa - Créditos: Pixabay

 

A mulher, que foi internada, era Lenilda Silva, de 62 anos. Sua filha, Dayane Silva, teve acesso às publicações da estudante, que deveria tomar conta de Lenilda. Após dar entrada no hospital com sua mãe, às 2h22, e receber a notícia de sua morte, às 5h40, a filha da paciente descobriu as declarações da estudante. 

De acordo com informações dos portais O Globo e g1, a primeira resposta de Dayane ao acontecimento foi a de indignação e revolta.

Narrando sua incredulidade em relação à zombaria com o falecimento de sua mãe e observando que as declarações da estudante foram uma grande “falta de respeito”, a filha desabafou

“Quando olhei e vi o nome da minha mãe, eu não acreditei, me deu muita revolta.Como um ser humano que quer ser médico zomba de um paciente? E principalmente um paciente que chega a falecer na mão dela. Então isso ficou muito marcante, muito ruim esse sentimento que a gente está. Tenho que viver meu luto e ao mesmo tempo indignação, a falta de respeito com minha mãe”, explicou ela ao O Globo.

Além disso, Aline dos Santos Moreira, nora da mulher que faleceu, também relembrou a maneira com que a aluna de medicina tratou a paciente e sua família durante o atendimento, observando sua “cara de sono” e certa falta de reação em relação ao auxílio necessário.

“Fizemos todo o protocolo e, depois da triagem, a estudante de medicina pediu para que a gente entrasse na sala. Ela estava com muita cara de sono, calada. Eu fui logo dizendo que ela [Lenilda] estava com muita dor no peito. E a estudante de medicina continuou calada, não esboçou nenhuma reação. Em seguida, acredito que ao ouvir os gritos da minha sogra, o médico abriu a porta e já foi dando as devidas providências. Pegou ela e já foi mandando ir para outra sala e pediu para eu me retirar", explicou ela ao G1.

Com a reação universal à zombaria da universitária, a Secretaria Municipal de Saúde de Marechal Deodoro solicitou seu desligamento do quadro de estagiários da unidade de emergência em que ela atendia. No dia 10, a estudante foi removida da rede pública de saúde, perdendo o estágio.

Imagem meramente ilustrativa do corredor de um hospital - Créditos: Pixabay

 

Ao mesmo tempo em que a estudante de medicina foi desligada de seu estágio no sistema de saúde, a reação da faculdade Centro Universitário Cesmac também foi rápida.

A aluna foi suspensa por seis meses, com o risco de consequências extremas assim que o caso fosse apurado pela administração.

Na última quarta-feira, 16, porém, o conselho universitário da instituição revelou que recomenda a expulsão da aluna, segundo informações do vice-reitor Douglas Apratto Tenório, dadas ao g1.

A decisão agora está nas mãos da reitoria, que decidiu criar uma comissão de sindicância para investigar e ouvir a defesa da estudante.

“Essa foi a primeira vez que o conselho universitário se posicionou pelo desligamento de um aluno. Cabe ressaltar que a instituição não compactua com o posicionamento da aluna, mas sabemos que hoje as pessoas usam as redes sociais de diversas formas e que muitas vezes postam coisas que não deveriam ser publicadas”, expressou o vice-reitor Tenório.

Possível processo

Além disso, a família de Lenilda Silva planeja levar o caso para a Justiça, já tendo uma advogada e planejando o que fazer judicialmente. Os acontecimentos da zombaria em relação à morte de Lenilda, sua morte e as declarações da estudante em geral irão constar no processo da família.

"O que ocorreu foi absurdo. Estou analisando os detalhes do ocorrido para, junto com a família, decidir o que faremos judicialmente", explicou Luciana Omena, a advogada, ao G1.

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