Ligação misteriosa entre o pintor Leonardo da Vinci e a construção do Castelo de Chambord continua a fascinar estudiosos e visitantes
Luiza Lopes Publicado em 08/08/2024, às 19h00 - Atualizado em 10/08/2024, às 11h14
Em 1519, ano que marcou a morte de Leonardo da Vinci, também iniciou-se a construção do Château de Chambord, o maior castelo do Vale do Loire e um ícone da arquitetura renascentista francesa.
Embora o castelo tenha sido encomendado pelo Rei Francisco I da França, a identidade do arquiteto permanece um mistério, pois, não há registros do projeto original.
Segundo a BBC Internacional, muitos historiadores já sugeriram que Leonardo pode ter influenciado o design de Chambord, no entanto, o local não reivindica oficialmente ele como seu arquiteto devido à falta de provas.
Os historiadores ouvidos pela BBC explicaram que em 1516, Leonardo deixou Roma para se juntar à corte de Francisco I como "premier peintre et ingénieur et architecte du Roi" (primeiro pintor, engenheiro e arquiteto do Rei). Ele se estabeleceu no Château du Clos Lucé em Amboise, onde passaria seus últimos anos.
Durante seu tempo na França, Leonardo aceitou poucas encomendas, talvez focado em um projeto mais ambicioso: criar um grande palácio que demonstrasse inovações em engenharia.
Na época, Francisco I planejava uma residência real opulenta, um símbolo de seu reinado e da dinastia Valois, e havia encomendado projetos para um castelo em Romorantin, perto de Blois, uma comuna francesa.
Para Leonardo, seria a oportunidade ideal de aplicar suas paixões por arquitetura, planejamento urbano, hidráulica e engenharia, conforme relatado pela BBC.
O pintor havia feito esboços de projetos semelhantes na década de 1490, com desenhos de escadas em espiral, torres helicoidais e sistemas hidráulicos que lembram as características do castelo.
No entanto, não há evidências de que esses esboços se referissem especificamente a Chambord, e Leonardo morreu quatro meses antes do início da construção do castelo.
Embora a construção em Romorantin tenha sido iniciada, o projeto foi abandonado após a morte do pintor, e o foco mudou para Chambord.
Mais de um século após a conclusão do palácio de Chambord, em 1681, o historiador André Félibien encontrou um modelo de madeira do castelo em um sótão em Blois.
Este modelo, agora perdido, apresentou semelhanças com os esboços de castelos de Leonardo registrados no Codex Atlanticus, a coleção de documentos do artista, sugerindo que as ideias do pintor podem ter influenciado o design de Chambord.
"O design do plano central em forma de cruz grega do castelo, uma cópula central em grande escala, as proporções exatas e o layout modular e uma escada em espiral de dupla hélice [estão] notavelmente conectados com os estudos desenhados por Leonardo da Vinci", afirmou à BBC Virginie Berdal, do National Estate of Chambord.
No entanto, o modelo foi, provavelmente, feito por Domenico da Cortona, um arquiteto italiano que trabalhou na França e recebeu pagamento por um arquétipo de Chambord em 1532. Embora Leonardo não possa ter sido o arquiteto físico de Chambord, suas ideias teriam influenciado o projeto através de Cortona e do rei Francisco I.
"Leonardo fisicamente não pode ser o arquiteto de Chambord", afirmou à BBC Pascal Brioist, historiador e autor de 'The Audacity of Leonardo da Vinci'. "mas suas ideias infundiram o castelo por meio da influência de Domenico da Cortona e do rei".
À BBC, Berdal destacou que, no século XVI, arquitetos frequentemente forneciam ideias conceituais sem desenhar plantas detalhadas.
Assim, é possível que Leonardo tenha contribuído com conceitos arquitetônicos, mas que Domenico da Cortona tenha sido o responsável pelo design final.
Na década de 1990, arqueólogos encontraram um sofisticado sistema de esgoto sob o castelo, com dutos de alvenaria para ventilação que se alinham com as recomendações de Leonardo para sistemas semelhantes.
Anos depois, prospecções elétricas revelaram que enquanto as torres sul, leste e oeste são idênticas, a torre norte está girada 90 graus em relação à torre central. Esse alinhamento sugere a intenção original de uma estrutura helicoidal, em linha com o interesse do pintorem vórtices e simetria.
No entanto, não é possível afirmar que da Vinci é a mente por trás do famoso castelo de Chambord, um eterno enigma da arquitetura.
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