Uma das figuras mais importantes da história moderna, Vladimir Ilyich Ulianov "Lenin" segue preservado na Praça Vermelha, em Moscou
Éric Moreira Publicado em 22/01/2024, às 17h06 - Atualizado em 25/01/2024, às 10h01
Há 100 anos, morria uma das figuras históricas mais importantes do século 20, que colaboraria para uma mudança que entraria para os livros: Vladimir Ilyich Ulianov, mais conhecido pela alcunha de Lenin. Um revolucionário, político e teórico político russo, ele foi um dos grandes responsáveis pela Revolução Russa, e a eventual formação da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas).
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Após a morte de Lenin, no dia 21 de janeiro de 1924, aos 53 anos, seu corpo foi rapidamente preparado para um grande funeral que acabou por reunir, em Moscou, cerca de 500 mil pessoas. A princípio, era planejado que ocorresse um velório antes que ele fosse definitivamente sepultado, no entanto, o destino de seu corpo foi outro.
Segundo a Folha de Pernambuco, mais de 50 dias após a morte do líder soviético, ocorreu uma reviravolta: decidiram preservar o corpo de Lenin por mais tempo. A princípio, foi cogitado congelá-lo — o que não impediria sua decomposição por completo, embora retardasse —, mas, foi posteriormente adotado o embalsamamento, um processo químico que poderia preservá-lo para sempre.
E de fato, mesmo hoje ele segue mantido, e visitado por turistas curiosos na Praça Vermelha, em Moscou. Mas afinal, como foi todo o processo de preservação do líder bolchevique e a saga de seu corpo? Confira!
Como padrão para o processo de embalsamamento, desde os antigos egípcios, a primeiro momento todos os órgãos internos de Lenin foram retirados, em uma operação na qual mais de 200 pessoas trabalharam.
Uma curiosidade que merece destaque é que após esse procedimento, seu cérebro foi enviado para ser estudado, resultado das "capacidades excepcionais" do líder. Alguns fragmentos do órgão seguem no Centro de Neurologia da Academia Russa de Ciências.
Então, para o embalsamamento em si, é injetado um líquido à base de formol, álcool, glicerina e outras substâncias, expulsando o sangue pela veia jugular, o que já é suficiente para preservar o corpo por mais tempo. A cada 18 meses, uma nova rotina de limpeza e embalsamamento ocorre, em um processo mantido em extremo sigilo.
Em 1º de agosto de 1924, o mausoléu em homenagem a Lenin foi finalmente aberto ao público. Entretanto, vale destacar que o local só tomou o formato que possui até hoje alguns anos depois, em 1930.
Mesmo morto, Lenin ainda não encontrou o descanso eterno. Isso porque o líder que o substituiu, Josef Stalin, que morreu em 1953 e conduziu a URSS durante a Segunda Guerra, passou pelo mesmo processo de embalsamamento, e foi mantido ao lado de Lenin por oito anos.
Importante lembrar que, sob o comando de Stalin, a URSS sofreu com perseguições, compreendendo uma mancha na história da Rússia e de seus países vizinhos. Por isso, o líder comunista sucessor, Nikita Kruschev, teve como pilar em seu governo a "desestalinização" da URSS. Em 1961, Stalin foi sepultado no cemitério ao lado dos muros do Kremlin.
Após a dissolução da URSS, que ocorreu no dia 25 de dezembro de 1991, aquela região do norte da Europa passou por grandes transformações, e o sistema comunista acabou dando lugar ao capitalismo; em outras palavras, o sonho de Lenin também havia encontrado seu fim. Novas questões surgiram: o que deveria ser feito com o corpo de Lenin? E quem arcaria com os custos de sua preservação?
Logo de cara, novos líderes democráticos começaram a defender que o corpo de Lenin fosse imediatamente enterrado. Além disso, outros símbolos do regime — incluindo o mausoléu — deveriam ser derrubados. No entanto, grande parte da população se opôs.
Muitas pessoas foram para a Praça Vermelha protestar contra essa blasfêmia", contou o deputado e por muito tempo responsável pela manutenção do memorial de Lenin, Yevgeny Dorovin, em entrevista ao Moscow Times em 2016. "Felizmente, o comandante da guarnição do Kremlin acalmou a todos, dizendo que o mausoléu estava a salvo."
Também em 2016, foi divulgado um relatório do governo russo que, para as manutenções realizadas no embalsamamento de Lenin, gastava-se cerca de 13 milhões de rublos ao ano — o que, na época, equivaleria cerca de R$ 650 mil, ou US$ 200 mil.
Com a divulgação desse valor exorbitante, muitos passaram a questionar se Lenin não deveria ser sepultado, tanto por liberais que queriam cortar os gastos quanto por comunistas que diziam que o líder soviético não gostaria de ser um "ídolo"... Mas Putin não aceitaria isso.
Vladimir Putin, presidente da Rússia, deixou bem claro em 2019 que o sepultamento não aconteceria tão cedo. No entanto, cinco anos depois, não está claro se o presidente mudou de ideia.
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Não devemos tocar nisso [enterro de Lenin] enquanto ainda houver pessoas que conectem suas vidas com isso, com as conquistas do passado, dos anos soviéticos", afirmou na época.
O descanso de Lenin também chama atenção para visitantes. De acordo com a agência de notícias Tass, repercutida pela AP, aproximadamente 450 mil pessoas visitam a múmia do líder soviético por ano.
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