Montagem mostrando o gato do fundador da Cryopets, e tanques criogênicos para animais de estimação - Divulgação/ Arquivo Pessoal/ Kai Mills
Criogenia

Em busca da imortalidade: A empresa que quer congelar pets falecidos

Startup dos EUA se propõe a estender a vida de nossos melhores amigos peludos através da criogenia

Ingredi Brunato Publicado em 29/04/2023, às 09h00

A criogenia é uma técnica de refrigeração de material orgânico a fim de preservá-lo. Hoje utilizada para armazenar órgãos humanos antes de transplantes, ela é mais conhecida por seus possíveis usos na busca pela imortalidade. 

Acreditando que aprenderemos a ressuscitar pessoas no futuro, muitos já investiram grandes quantias de dinheiro para serem congelados após sua morte. A Cryopets, por sua vez, que é uma nova startup dos Estados Unidos, estende a ideia para animais de estimação.  

Seu criador é Kai Micah Mills, um jovem de 24 anos com grandes ambições e, o que talvez seja mais importante: um investidor de alto calão. Isso, pois, a iniciativa do rapaz chamou a atenção do programa de bolsas do bilionário Peter Thiel, co-fundador do PayPal, que recentemente concordou em lhe entregar 100 mil dólares (equivalente a mais de 500 mil reais) no decorrer de dois anos para que Mills tire seu projeto do papel. 

Fotografia de Kai Mills / Crédito: Divulgação/ Arquivo Pessoal/ Kai Mills 

 

Cryopets 

Kai Mills vem de uma família muito religiosa, e, embora tenha abandonado as crenças cristãs, o conceito de "vida eterna" nunca deixou de fasciná-lo. Assim, quando descobriu a existência de empresas de tecnologias explorando o ramo da imortalidade, ficou imediatamente interessado: 

Vida eterna não através da fé, mas da ciência. Eu realmente amei essa abordagem", explicou ele, segundo divulgou o portal Business Insider. 

Outro elemento importante que inspirou a startup é o gato de estimação do estadunidense. Batizado de "Cat", o felino foi adotado por Mills há uma década, quando ele tinha apenas 14 anos, tendo sido um companheiro fiel durante sua adolescência — um período particularmente solitário para o rapaz, que havia abandonado a escola e não tinha muitos amigos. 

Vale lembrar que gatos vivem entre 12 e 14 anos, de forma que o amigo peludo do norte-americano já está na velhice. Através de sua iniciativa, porém, ele imagina a imortalidade para Cat.

Montagem mostrando Kai Mills e Cat / Crédito: Divulgação/ Arquivo Pessoal/ Kai Mills 

 

Pessoas com pets frequentemente desenvolvem um enorme apego aos bichinhos, de forma que não é muito surpreendente que a proposta de alongar sua vida também já tenha vários interessados.

Assim, embora tenha acabado de surtir, a Cyriopets conta hoje com uma lista de espera de 500 animais, incluindo cachorros, gatos, hamsters, coelhos e até um macaco. 

Planos futuros 

É relevante mencionar que Kai Mills deseja não apenas a imortalidade para os pets, mas para seus humanos. Ainda segundo o Business Insider, o estadunidense tem, entre seus objetivos com a empresa, o de aumentar a pesquisa relativa à criogenia. 

É uma porta de entrada para os humanos. No final, estou interessado em impedir que as pessoas morram. Não apenas [impedir] por um tempo, mas de forma definitiva", afirmou. 

Isso pois é muito mais fácil congelar animais de estimação do que pessoas. Entre os motivos para isso, está o fato que os primeiros ocupam menos espaço, exigindo tanques menores, portanto, mais baratos.

Além disso, as muitas implicações éticas deste recente conceito de congelamento de indivíduos pode resultar em complicados processos judiciais futuros. Com pets, é possível evitar problemas assim. 

O principal fator que torna cachorros e gatos candidatos ideais para a criogenia, todavia, é a maneira como a maioria deles morre: recebendo um procedimento de eutanásia na mesa de um veterinário após ficarem muito velhos ou muito doentes para se locomoverem e fazer suas necessidades sozinhos. Os momentos finais de humanos, por outro lado, são bem mais variados e difíceis de prever. 

Para que seja tão efetiva quanto possível, a criogenia precisa ocorrer imediatamente após o óbito, assim garantindo que os tecidos sejam preservados exatamente maneira como eram enquanto o ser estava vivo, permitindo chances melhores de um sonhado 'reavivamento bem-sucedido'. 

Por fim, um dos pontos mais curiosos do projeto de Mills é que ele não espera vê-lo se concretizar durante sua própria vida. Caso a medicina um dia realmente consiga ressuscitar humanos e animais que morreram e foram preservados em tanques criogênicos, é seguro prever que ainda vai demorar bastante para chegarmos lá. 

É possível também que os donos de muitos desses pets previstos para serem congelados pela Cryopets — ou até mesmo os descendentes de donos já falecidos — deixem de conseguir arcar com os custos da preservação. 

Neste caso, o plano é colocar o bichinho para uma adoção póstuma, o que Kai Mills acredita que seria uma ideia muito popular, o que explicou através de um cenário hipotético: 

Você consegue imaginar a fila de pessoas que estariam mais dispostas a cuidar de um gato do século 19?", disse, de acordo com o Business Insider. 
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