Em 2002, uma idosa responsável pela restauração do afresco Ecce Homo, do pintor Elias García Martínez, entrou para a História
Redação Publicado em 23/08/2024, às 17h06 - Atualizado em 24/08/2024, às 10h04
Em 2012, inúmeras pessoas se reuniram para participar da romaria ao santuário espanhol de Nossa Senhora da Misericórdia, em Borja. A grande atração era a oportunidade de fotografar a pintura "Ecce Homo", do pintor Elias García Martínez, que havia passado por uma restauração. O processo, no entanto, foi desastroso.
Mas, o que começou como "a pior restauração da História" logo se transformou num caso emblemático de apoio. Os moradores de Borja manifestaram seu "mais absoluto apoio" à autora da restauração, Cecilia Giménez.
Na época, com 81 anos, Cecilia era conhecida por todos como uma "pessoa muito boa" que agiu "com a melhor das intenções". No entanto, ela sofreu após a repercussão e até mesmo foi perseguida.
"Agora, quando olho para Ecce Homo, vejo algo positivo. Mas levei muito tempo para chegar a esse ponto. No começo, sofri muito. Chorava todos os dias. Havia pessoas me esperando na porta, me perseguindo com câmeras e perguntas. Era demais para mim – sou uma viúva de 84 anos", disse ela ao The Guardian no ano de 2015.
A população local rapidamente abraçou Cecilia, cuja vida difícil - incluindo a perda de um filho devido a uma doença muscular rara e o cuidado contínuo com outro filho com lesão cerebral - despertou ainda mais empatia, informou o UOL.
"Naquele dia, notei o quanto a tinta estava descascando. Então, molhei a pintura, fazendo pinceladas largas. Depois, deixei secar e tirei férias por duas semanas, pensando que terminaria a restauração quando voltasse. Quando voltei, todo mundo no mundo tinha ouvido falar de Ecce Homo. A maneira como as pessoas reagiram ainda me machuca, porque eu não tinha terminado a restauração. Ainda penso em como se eu não tivesse saído de férias, nada disso teria acontecido", disse ela ao The Guardian.
A restaurada explicou que até mesmo ficou doente, entretanto, também recebeu apoio de admiradores.
Uma semana depois do escândalo, recebi flores e um cartão com uma mensagem de apoio. Foram pequenos gestos como esse que me mantiveram firme durante o primeiro mês. Foi tão difícil. Perdi seis quilos. Tive que tomar remédios para ansiedade", afirmou Giménez.
A Associação de Moradores do Santuário de Misericórdia emitiu um comunicado oficial demonstrando "todo o apoio e reconhecimento" a Cecilia e solicitando à prefeitura que mantivesse a pintura no estado atual, considerando o "apoio majoritário dos membros e de inúmeros cidadãos". A Associação também expressou o desejo de incluir as obras de Cecilia nas atividades culturais locais.
O prefeito de Borja na época, Francisco Miguel Arilla, destacou que a restauração foi feita "com todo o carinho do mundo" em uma "obra pequena e sem valor significativo", repercutiu em 2012 a EFE. A pintura original do Ecce Homo, realizada pelo artista Elías García Martínez no início do século 19, exigiu medidas especiais para proteção após o ocorrido.
Curiosamente, a intervenção de Cecilia atraiu atenção e visitantes para Borja. Uma vizinha comentou que nem os renomados encontros corais, nem a restauração da histórica Colegiata conseguiram tamanha visibilidade para a cidade.
Com o tempo, Cecilia Giménez encontrou novas oportunidades como pintora. Ela realizou exposições na cidade e passou a receber uma porcentagem dos lucros gerados pela comercialização da imagem restaurada, graças a um contrato com a fundação responsável pelo santuário, repercutiu o portal de notícias UOL em 2022.
O santuário recebeu mais de 40 mil turistas interessados na obra e o município começou a cobrar entrada no local. A primeira arrecadação destinou 50 mil euros para instituições de caridade locais.
Ainda em 2022, foi noticiado que Cecilia Giménez reside em uma casa de repouso com saúde debilitada.
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