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Personagem

A doença oculta de Tancredo Neves

Depois de esconder sua doença e adiar o tratamento, Tancredo foi internado na véspera de sua posse, em março de 1985

Leonardo Mourão Publicado em 25/10/2019, às 10h00

O Brasil vivia um dos seus mais delicados momentos políticos no início de 1985. Após 21 anos de ditadura, tomaria posse um presidente civil, Tancredo Neves, experiente político mineiro, que garantia estar comprometido com a redemocratização do país.

Não era ainda a volta das eleições diretas — Tancredo fora eleito indiretamente em 15 de janeiro por um Colégio Eleitoral composto de deputados e senadores do Congresso Nacional —, que não encontraram uma conjuntura favorável para a sua instalação, mas era considerado um avanço político relevante.

Tancredo Neves / Crédito: Wikimedia Commons

Mas Tancredo Neves, então com 74 anos, vinha sentindo a saúde fragilizada. O assunto transformou-se em segredo de Estado. Temendo que os militares, que ainda estavam no poder na figura do presidente João Baptista Figueiredo, tentassem impedir sua posse usando sua doença como pretexto, o político mineiro escondia a enfermidade e protelava o necessário tratamento.

Quase 30 anos depois ainda persistem inexatidões sobre os acontecimentos, mas é aceito que o presidente eleito automedicou-se com antibióticos, o que mascarou os sintomas e a causa de seu mal-estar.

No dia 14 de março de 1985, na véspera de sua posse, Tancredo foi finalmente internado com uma infecção intestinal no Hospital de Base, em Brasília. Seu vice-presidente, José Sarney, tomou posse como presidente no dia 15. No ambiente caótico que se seguiria, o candidato foi submetido a sete operações, algumas acompanhadas por pessoas leigas que chegaram a fumar na sala de cirurgia. 

Transferido para o Instituto do Coração, em São Paulo, Tancredo, seus assessores e familiares continuariam a esconder seu real estado de saúde até a data da sua morte, em 21 de abril.

Mostra disso é uma foto em que o político aparece sentado sorridente em um sofá rodeado por médicos e assessores, sofria de diverticulite, uma doença raramente fatal, a não ser quando apresenta complicações, como no caso do presidente eleito.

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