A pintura, que é considerada a "Mona Lisa holandesa", foi alvo de um bizarro protesto recente
Wallacy Ferrari Publicado em 25/08/2020, às 13h36 - Atualizado em 27/10/2022, às 15h30
Nesta semana, uma das pinturas mais famosas do século 17, "Moça com brinco de pérola", pintada pelo artista holandês Johannes Vermeer em 1665, esteve no centro de uma chocante manifestação realizada pelo grupo ambiental Just Stop Oil.
O coletivo usa atos de resistência civil para protestar contra a produção constante de combustíveis fósseis, cuja queima é um dos grandes responsáveis pela poluição atmosférica atual.
No último dia 14 de outubro, o grupo se tornou notícia internacional após duas ativistas jogarem molho de tomate contra "Girassóis", de Vincent Van Gogh. De lá para cá, houveram outras ocorrências semelhantes, com a mais recente envolvendo a "Moça com brinco de pérola".
Na ocasião, uma dupla de homens foi até a pintura holandesa, e um deles, que era careca, tentou colar sua cabeça ao quadro, enquanto o outro jogou, também, molho de tomate na obra de arte.
Como você se sente quando diz algo bonito e inestimável aparentemente sendo destruído diante de seus olhos? Você se sente indignado? Bom. Onde está esse sentimento quando você vê o planeta sendo destruído?", perguntou o segundo à plateia, segundo apurado pelo The Guardian.
Ele acrescentou em seguida que, devido ao vidro protetor ao redor da tela, ela "estava bem". Por outro lado, o "futuro de nossas crianças" não estaria protegido, afirmou ele, voltando a focar na questão da crise climática.
Após o ato, o museu Mauritshuis, onde ocorreu a manifestação, divulgou um comunicado ao público informando que a famosa tela de Johannes Vermeer de fato não havia sofrido danos, enfatizando que "a arte é indefesa e o Mauritshuis rejeita veementemente tentar danificá-la para qualquer finalidade".
Vale mencionar que, no caso da pintura de Van Gogh, o vidro havia, também, servido para mantê-la segura do molho de tomate.
Confira abaixo uma pesquisa de 2020 que revelou alguns dos muitos segredos da tela conhecida popularmente como “a Mona Lisa neerlandesa”.
A origem de sua criação é uma incógnita; não há ciência absoluta se o autor fez uma obra encomendada para ser um retrato ou se foi uma obra feita de maneira recreativa. A modelo da pintura também não é reconhecida por historiadores, nem teve traços identificados em outras obras de Veermer. Inclusive, está assinada como “IVMeer”, sem a atribuição de uma data de conclusão.
Sua técnica, no entanto, foi aprimorada em 1994, com a restauração mais recente trabalhando o esquema de cores e aumentando a imersão do olhar para o espectador. Financiada pelo Museu Mauritshuis — onde a obra está instalada desde 1902 — as pesquisas recentes para entender a origem da pintura têm jogado luz na história do autor e da personagem central.
Em uma análise aprofundada, realizada ao longo da década passada e publicada em nota oficial no início de 2020, uma série de evidências imperceptíveis a olho nu foram localizadas por uma equipe de pesquisadores contratados pelo museu. Com isso, foi possível notar traços de cílios delicados — ausentes ao longo de restaurações com menor cuidado.
Também foi possível notar que o fundo da pintura não se trata de uma simples escuridão; a técnica utilizada por Vermeer seguiu as linhas de maneira segmentada para que tivesse pequenas oscilações atualmente nulas, mas que, quando pintadas na época, evidenciavam uma cortina verde escura. O escaneamento de camada possibilitou ver a trajetória da pincelada e os desníveis no fundo.
Com o escaneamento, houve a possibilidade de reconhecer erros do artista, posteriormente corrigidos e sobrepostos com mais tinta. Durante o processo de criação, o holandês repintou a posição da orelha esquerda, a sombra formada na parte superior do lenço na cabeça e a parte de trás do pescoço, que foi diminuído.
Na análise recente, com o apoio da tecnologia infravermelho, pesquisadores perceberam que a pintura foi iniciada apenas com as cores marrom e preto, sendo pinceladas de maneira densa e ampla, apenas para demarcar áreas menos delicadas. Com o último escaneamento, é possível observar contornos da figura feminina com finas linhas na cor preta.
O museu revelou um interessante ponto na nota; a pérola, pendurada no lóbulo da orelha esquerda da figura, não é pintada com tinta clara, mas sim, teve algo em cima que impediu a queda de tinta na região, de maneira que se mantivesse com a cor branca da tela. Para causar o efeito tridimensional, há apenas alguns toques finais translúcidos e opacos com tinta branca, para dar a noção de proporção e luz.
A descoberta foi enaltecida pelo chefe da equipe de pesquisa contratada pelo museu, Abbie Vandivere, que pôde esclarecer qual a condição atual da pintura:
Nosso exame científico nos aproximou de Vermeer e da Moça. Combinar e comparar diferentes tecnologias científicas forneceu muito mais informações do que uma única tecnologia teria feito sozinha. Essa é uma imagem mais pessoal do que se pensava anteriormente”, afirmou ele.
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