Fundada em 1998, a instituição não apenas santificou o craque da Seleção Argentina, como passou o Natal para a data de seu aniversário
Wallacy Ferrari Publicado em 29/11/2020, às 07h00 - Atualizado em 30/09/2022, às 10h00
Em 30 de outubro de 1998, Diego Armando Maradona completava 38 anos de idade, um ano depois de realizar sua última partida oficial pelo Boca Juniors. Ainda sob contrato, o atleta chegou a ser cogitado a ir para a Copa do Mundo de 1998, o que não se realizou, cravando a Copa de 1994 como a última do atleta.
Sabendo do fim eminente da carreira do "Dios", o jornalista argentino Hernán Amez decidiu eternizar a imagem santa do craque no país, fundando, no dia do aniversário do ídolo, a Iglesia Maradoniana que, em português, significa Igreja Maradoniana. A sede seria em Rosário, cidade-natal do de Dieguito, além da instauração de diversas cerimônias e feriados.
Para dar início os regimentos e doutrinas da nova religião, Hernán convidou o amigo e fanático Héctor Campomar. Juntos, se encontraram no momento da fundação, onde o amigo teve mais uma sacada; Héctor gritou "Feliz Natal" alegremente ao jornalista, dando a entender que, na nova igreja, o nascimento do ídolo seria o principal feriado maradoniano.
Amez fez questão de disponibilizar um espaço em sua residência na Rua Garay, nº 197, para abrigar uma capela, além de contar com um altar e uma bola de futebol com uma coroa de espinhos ensanguentada, representando a santidade futebolística.
O calendário dos fiéis também mudou, passando a ser contado como a.D. (antes de Diego) e d.D. (depois de Diego), tendo como marco da virada o nascimento do atleta.
A religião, que começou em uma área simples, se ampliou; um espaço passou a ser alugado para os cultos, além de atrair, via internet, diversos fiéis ao redor do mundo — principalmente em outros países sul-americanos e, especialmente, no sul da Itália, onde o craque argentino consagrou o Napoli como bicampeão nacional e europeu.
Até mesmo um tetragrama, inspirado na Bíblia hebraica, conseguiu ser estilizado para a santidade maradoniana; a palavra espanhola ‘Dios’ (‘Deus’, em tradução livre) tornou-se “D10S”, utilizando o número de sua camisa no segundo e terceiro caractere da representação. O número 10 também é presente na roupa eclesiástica dos seguidores, estampando as costas.
Apesar da adoração, Maradona nunca compareceu pessoalmente na unidade principal, visando sua segurança e evitando o fanatismo. Em junho de 2016, no entanto, ele não apenas vestiu a camiseta da instituição, como gravou um vídeo agradecendo o amor e carinho da Igreja Maradoniana e prometeu visitar quando saísse de Buenos Aires.
Na ocasião, ele acrescentou que, para ele, a religião era apenas uma representação da preocupação e agradecimento pelos momentos de felicidade. A promessa do ex-jogador, no entanto, acabou não sendo cumprida, visto que, em 25 de novembro de 2020, ele faleceu, vítima de uma parada cardíaca enquanto se recuperava de uma drenagem no cérebro.
Ao saber da morte do ídolo, os organizadores dos cultos convocaram fiéis para uma cerimônia urgente, realizando uma vigília e centenas de orações para se despedir de Diego. Uma unidade do grupo, em Buenos Aires, chegou a se reunir em volta do Obelisco para orar, antes de comparecer em massa ao velório na Casa Rosada, como noticiou o jornal Extra.
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