Durante ato político a favor do direito ao voto feminino, a ativista foi atingida pelo cavalo do rei George V
Victória Gearini Publicado em 04/06/2020, às 16h15
Emily Davison foi uma sufragista inglesa e membro da União Política e Social das Mulheres. A militante foi presa por diversas vezes por reivindicar o direito das mulheres ao voto, no início do século 20. Com o intuito de atrair atenção para a causa das sufragistas, a ativista Emily Davison acabou morrendo de uma forma trágica.
Nascida em 11 de outubro de 1872, Emily Davison cresceu em uma família de classe média, e estudou nas melhores instituições de ensino de Londres. Formada em pedagogia, a ativista se tornou membro da União Política e Social das Mulheres em novembro de 1906.
Ativismo Político
Devido a sua excelente oratória, a professora foi convidada para assumir o controle da administração do movimento durante as marchas. Ousada e destemida, Davison logo ficou conhecida por usar táticas resistentes a opressão, que incluíam na depredação de estabelecimentos e atear fogo em caixas postais.
Seguidora do socialismo, Davison acreditava que a igualdade de gênero estaria atrelada a luta de classes, motivo pelo o qual entrou para o movimento feminista. Por diversas vezes, Davison foi presa sob a alegação que estaria agredindo a polícia e descumprindo seus deveres perante à ordem pública.
Em 1909, logo após ser liberada da prisão, Davison afirmou que estava cansada da desigualdade de gênero, e que as mulheres deveriam lutar pelos seus direitos. "Através do meu humilde trabalho nesta mais nobre de todas as causas, entrei em uma abundância de empregos e em um interesse em viver uma experiência que nunca havia experimentado", escreveu no jornal Votos para Mulheres.
Morte inesperada
Em 4 de junho de 1913, Davison partiu em direção a Epsom, onde aconteceria uma corrida à cavalo. Segundo os jornais da época, a ativista se posicionou diante da curva final, onde se escondeu sob o parapeito e correu em direção a pista.
Tendo em mãos uma das bandeiras do movimento sufragista, conseguiu alcançar as rédeas do cavalo do rei George V que, na ocasião, foi montado por Herbert Jones. No entanto, ela foi atingida pelo animal, que não conseguiu parar a tempo. Com a colisão, o cavalo pisoteou Davison.
No dia seguinte, as manchetes dos jornais se ocuparam em relatar sobre o estado de saúde do jóquei e da proeza do cavalo do rei George V, que conseguiu concluir a prova em uma posição de destaque.
Especulações sobre a morte
Não se sabe ao certo as motivações de Davison em fazer a manifestação durante a corrida, portanto, diversas teorias sobre suas intenções surgiram. Na época, acreditava-se que Davison teria se suicidado desta forma para impactar a sociedade. No entanto, com o passar dos anos, outras teorias mais contundentes foram levantadas.
É possível que a sufragista tenha pulado sobre o animal a fim de anexar uma das bandeiras do movimento nas rédeas do cavalo, mas devido à velocidade em que ele se encontrava, Davison perdeu o controle e acabou sendo pisoteada. Outra teoria é que a ativista teria tentado atravessar a pista, acreditando que todos os cavalos haviam passado.
Segundo a escritora e historiadora Elizabeth Crawford, a morte de Davison está atrelada a inúmeras sequências de fake news que contribuíram para criar um contexto fantasioso. “Explicações subsequentes da ação de Davison criaram um emaranhado de ficções, deduções falsas, boatos, conjecturas, deturpações e teorias", disse a especialista.
De acordo com um documentário lançado em 2013 pelo canal Channel 4, Davison pretendia colocar uma bandeira sufragista ao redor do pescoço do animal quando o acidente aconteceu. Para o historiador Michael Tanner, a escolha de Davison sobre o cavalo do rei trata-se de uma coincidência, pois pela sua posição ela tinha uma visão limitada da pista.
Na época, os veículos midiáticos questionaram a sanidade mental da sufragista, alegando que ela teria cometido suicídio. Em represália, a União Política e Social das Mulheres a descreveu como mártir, e publicou uma nota no jornal Suffragette a apresentando como um anjo. "Davison provou que existem, no século 20, pessoas dispostas a dar a vida por um ideal. Maior amor em dar a vida pelos seus amigos”, publicou o jornal.
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