Em 1979, um grupo de 28 pessoas começou a escavar uma montanha no norte da Itália, no que viria a ser o maior templo subterrâneo do mundo; conheça curiosa história!
Éric Moreira Publicado em 05/05/2024, às 09h00
Por todo o mundo, existem os mais variados tipos de templos e centros religiosos, relativos a diversas culturas e tradições, e seguindo formas próprias não só nas doutrinas, mas também, por exemplo, em suas arquiteturas.
Na Europa, podemos ver algumas colossais igrejas construídas em estilo gótico, românico ou barroco. Na Ásia, mosteiros e templos de várias religiões diferentes. E em meio a tantos templos no mundo, um que se destaca por ser o maior templo subterrâneo que existe é o Damanhur.
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Localizado na região de Piemonte, no norte da Itália — a apenas cerca de 50 quilômetros ao norte de Torino —, a Federação de Damanhur, também referido muitas vezes apenas como Damanhur, é não só um templo, mas também uma comuna, ecovila e comunidade espiritual, com sua própria constituição e moeda. Confira mais sobre sua construção e história!
Segundo a BBC, a construção de Damanhur começou em 1979, pelas mãos de um grupo com inicialmente apenas 28 pessoas, que o escavaram em segredo durante a noite. Desde o princípio, eles planejavam construir o maior templo subterrâneo do mundo, o que foi feito com sucesso, após anos.
Ao todo, Damanhur conta com nove templos ornamentados, distribuídos ao longo cinco níveis diferentes, e todos conectados por túneis repletos das mais variadas formas de arte que contam a história da humanidade. A catedral toda é conhecida como "Templos da Humanidade", inclusive.
Já o nome Damanhur é uma referência ao antigo templo subterrâneo de Damanhur, do Egito, que também significa "Cidade da Luz". Esta construção mais nova foi encabeçada por Oberto Airaudi, que faleceu em 2013 — e que também era chamado na comunidade de Falco Tarassacose, como reflexo da tradição da comunidade de se adotar nomes de animais e vegetais.
Para a maioria de seus seguidores, Falco é considerado uma figura extraordinária", comenta a professora de Sociologia da Religião na Universidade de Turim, Stephania Palisano, à BBC.
Ela acrescenta ainda que ele é considerado, por seus seguidores, "um homem do futuro que viajou no tempo para cumprir uma 'missão mágica' para salvar a Terra e seus habitantes".
De fato, em seus primeiros anos de existência, os damanhurianos — nome atribuído aqueles que eram associados ao templo — acreditavam que viagens no tempo eram possíveis para aqueles que alcançassem o mais alto nível de iluminação, tornando-se assim "temponautas".
O próprio Falco afirmava no grupo que era uma pessoa de 600 anos no futuro, que havia retornado para tentar salvar a humanidade do desastre que se seguiria. Além disso, ele também dizia ter sido o responsável por, ainda mais no passado, ter auxiliado no desenvolvimento de uma colônia que se tornaria a mítica civilização de Atlântida.
"Falco encorajou esse tipo de afiliação porque, ao seguir sua missão 'mágica', precisava construir templos, onde 'tecnologias mágicas' residiriam", pontua Palisano. E foi assim que, sob a liderança de Falco, os primeiros damanhurianos se envolveram na construção daquele que deveria se tornar o maior templo subterrâneo do mundo.
Na época em que o templo começou a ser construído, o projeto precisou acontecer em segredo, pois a Itália não permitia por lei a construção de estruturas subterrâneas privadas. Isso sem mencionar que, sendo um país extremamente católico, o grupo temia que um templo relacionado a alguma outra crença fosse rejeitado.
Pouco a pouco, o grupo foi ficando cada vez maior e buscando mais uma sociedade utópica que, junto deles, respeitasse e cuidasse do planeta e das outras pessoas. E conforme o grupo aumentava, o templo também crescia.
No entanto, mesmo com toda a cautela, uma hora o segredo vazou, e em julho de 1992 — quando a maior parte do templo já estava pronta —, Damanhur foi invadido pelas autoridades italianas.
Foi então que Falco e os outros damanhurianos revelaram a simples e quase secreta porta de madeira que levaria para o interior do templo. Porém, ao avistar as salas temáticas com altas colunas, cujas paredes e tetos eram decorados com vários murais, mosaicos e afrescos, o procurador e os três policiais envolvidos na operação ficaram maravilhados.
Foi incrível, eles vieram com dinamite, mas quando viram cada câmara e começaram a compreender a sabedoria inerente contida, emocionaram-se até às lágrimas", descreve Esperide Ananas, uma residente de Damanhur, em seu livro 'Damanhur: Templos da Humanidade'. "Após verem as nove câmaras, nos disseram para continuar com a obra de arte, mas que não construíssemos mais".
Nos anos que se seguiram, o grupo ainda precisou enfrentar uma complicada batalha política, que só chegaria ao fim em 1996. Na ocasião, a Justiça autorizou oficialmente o grupo a se manter, além de reabrir a catedral subterrânea.
"Os templos são um hino à humanidade. Cada sala conta um capítulo diferente de nossa vida, nossa maneira de interagir conosco, com o ambiente, com o tempo, com a vida e a morte. Portanto, representam — do nosso ponto de vista — uma enciclopédia da espiritualidade humana", pontua, por fim, Reel Barys Elleboro, atual embaixador de Damanhur, à BBC.
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