Entenda como é organizado o grupo fundamentalista que voltou ao poder no Afeganistão
Redação Publicado em 17/08/2021, às 16h18
Com a retirada das tropas americanas do Afeganistão, iniciada em maio, o grupo extremista Talibã tem aproveitado para retomar o território que comandara em um passado não muito distante.
No último fim de semana, os fundamentalistas dominaram a capital do país, Cabul, assumindo o comando afegão e desesperado pessoas ao redor do país.
"Mas como esse grupo, que conseguiu tomar a região em tão poucos dias, se organiza?", você pode estar se perguntando.
A verdade é que o Talibã possui uma organização complexa, que conta com um líder supremo, um conselho com 26 membros e ainda um "gabinete de ministros", o qual é responsável por monitorar as diversas atividades do grupo, desde a área militar até a econômica.
Contudo, apesar da organização, os talibãs não possuem uma insfraestrutura física, uma vez que estão em constante movimento.
Quando, em 1979, a União Soviética invadiu o Afeganistão para dar apoio ao governo comunista de Babrak Karmal, os EUA criaram a Operação Ciclone.
Segundo O Globo, a estratégia baseava-se em apoiar financeira e militarmente um grupo de combatentes islâmicos chamados mujahedins, os quais lutavam contra os comunistas. O plano funcionou e, em 1989, os soviéticos deixaram o país. Três anos depois, o governo comunista acabou sendo derrotado pelos mujahedins.
Mais tarde, em 1994, surgiria em meio a seminários religiosos promovidos por fundamentalistas sunitas o grupo Talibã, cujos membros, em grande parte, haviam participado da luta contra os soviéticos.
Até o fim da década, o grupo já havia conquistado grande parte do Afeganistão e somente deixaria o poder com a chegada dos militares americanos, em 2001.
Conforme a BBC, o primeiro lider do grupo, Mullah Mohammed Omar, morreu no ano de 2013 em razão de problemas de saúde, sendo substituído por Akhtar Mohammad Mansour. Este, no entanto, foi morto três anos depois, em um ataque de drone realizado pelos EUA.
Desde então, a posição de chefe supremo do Talibã, é ocupada por Mawlawi Hibatullah Akhundzada, quem fez parte da resistência contra os soviéticos.
Acredita-se que ele tenha realizado decisões nos tribunais em casos de execuções públicas e também em outras formas de punições.
No entanto, por mais que Akhundzada seja o líder dos talibãs, quem mais aparece em público é o chefe político Mullah Abdul Ghani Baradar, quem é um dos fundadores da organização.
Segundo a fonte, ele exerceu liderança em praticamente todos os conflitos nos quais o Afeganistão esteve envolvido e, quando o regime foi derrubado pelos americanos, ocupava a posição de vice-ministro da defesa.
Em fevereiro de 2010, o líder foi capturado pelos exércitos americano e paquistanês no sul do Paquistão. Alguns anos depois, foi solto em uma tentativa de um acordo de paz. Livre, se tornou o encarregado de comandar o escritório diplomático do grupo, localizado em Doha e criado em 2013.
Além do chefe político, a organização tem ainda um chefe militar, posição ocupada por Mullah Muhammad Yaqoob, filho de Mullah Mohammed Omar.
Conforme a BBC, há ainda 5 mil unidades militares do Talibã abaixo de Yaqoob, as quais realizam diferentes funções, que vão desde o suprimento até o treinamento dos membros. Outros cargos importantes compreendem até mesmo o dos delegados, que são responsáveis por monitorar cada região do país.
Há ainda o grupo guerrilheiro Rede Haqqani, o qual é ligado aos talibãs e que luta contra os estadunidenses e o governo afegão. Atualmente, o grupo, conhecido por suas ações extremamente violentas, é liderado por Sirajuddin Haqqani.
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