Batalha do Avaí, de Pedro Americo, no Museu Nacional de Belas Artes - Wikimedia Commons
Guerra

Caos na América do Sul: Há 156 anos, começava a brutal Guerra do Paraguai

Com mais de 400 mil mortes, o episódio representou um dos conflitos mais sangrentos da história da América, com grandes desdobramentos

Giovanna Gomes Publicado em 06/12/2020, às 00h00

Dezembro marca o aniversário daquele que foi um dos maiores conflitos armados ocorridos na história da América: a Guerra do Paraguai. Iniciada numa época em que grandes disputas territoriais ocorriam na região da Bacia Platina, o embate acabou por gerar graves consequências para os países envolvidos, até mesmo para o Brasil, que saiu vitorioso.

Naquela época, o Paraguai era governado pelo ditador Francisco Solano López, que perseguia seus opositores e utilizava o poder para enriquecer sua própria família. López também tentou transformar o Paraguai em uma potência política e, para isso, decidiu enfrentar o Brasil e a Argentina.

Tudo começou quando o tirano aproximou-se politicamente dos federalistas argentinos, grupo que lutava contra o autoritarismo do presidente Bartolomé Mitre. A aliança aproximou os paraguaios do grupo que governava o Uruguai, os blancos, de modo que deu a possibilidade do Paraguai utilizar o porto de Montevidéu como acesso ao mar.

Com o desenvolvimento da Guerra e o início da decadência paraguaia, as tropas guaranis começaram a diminuir e Solano apelou para condições deploráveis de estratégia militar.

Uma das principais foi o recrutamento de menores de idade (alguns de até 12 anos) para lutar contra as tropas profissionais da Tríplice Aliança e, como no Paraguai existiam castigos físicos contra trabalhadores, algumas dessas crianças lutavam mesmo com ausência de um braço, por exemplo, ou outros membros.

Solano López/ Crédito: Domínio Público

 

A partir de 1862, o governo brasileiro passou a sofrer forte pressão dos estancieiros gaúchos para intervir na disputa política travada no Uruguai, já que cidadãos brasileiros estariam sofrendo ataques por parte dos blancos naquele país.

Porém, na verdade, do ponto de vista dos estancieiros, essa intervenção visava estabelecer um governo que atendesse aos interesses econômicos do Brasil no Uruguai: o dos colorados.

Solano López reprovou a intervenção do Brasil na Guerra Civil Uruguaia e determinou que os brasileiros não invadissem seu país. No entanto, em setembro de 1864, foi conduzida uma invasão ao Uruguai com o objetivo de destituir o governo blanco do poder.

Artilharia uruguaia se prepara para a Batalha do Boqueirão/ Crédito: Domínio Público

 

Em resposta, o Paraguai aprisionou uma embarcação brasileira que navegava pelo rio Paraguai e invadiu a província do Mato Grosso em dezembro de 1864. Assim teve início a guerra.

O desenvolver do conflito

De início, as ações ofensivas foram realizadas pelo Paraguai, que enviou soldados para o Rio Grande do Sul e também para Corrientes, na Argentina, o que fez com que os argentinos entrassem na Guerra ao lado do Brasil.

Nessa época, o Uruguai já era governado pelos colorados e, por isso, também entrou na guerra contra os paraguaios.

Os ataques do Paraguai em Corrientes e no Rio Grande do Sul foram totalmente desastrosos e as tropas de Solano López foram derrotadas. A guerra oficialmente foi encerrada quando o ditador paraguaio foi morto por soldados brasileiros na batalha de Cerro Corá, em março de 1870.

Oficiais brasileiros posam na iminência da vitória, em 1870/ Crédito: Domínio Público

 

Resultados

Como vencedor, o Brasil ficou com as terras. No entanto, o conflito ocasionou a morte de 50 mil pessoas, além de que os altos gastos com a guerra geraram o endividamento do país com a Inglaterra.

Já para o Paraguai, as consequências foram ainda piores. O país ficou destruído e cerca de 280 mil pessoas foram mortas. A maioria dessas vidas perdidas eram homens.

Conforme contam os repórteres da época, quando terminou a "Guerra Grande", havia no país quatro mulheres para cada homem, o que representou um enorme desastre demográfico que, acabou por atrasar o desenvolvimento do país.


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