Jorgensen foi a primeira pessoa dos EUA a ficar conhecida pelo procedimento em uma história emocionante
Redação Publicado em 29/08/2020, às 09h00 - Atualizado em 01/12/2022, às 09h19
Infelizmente, a cirurgia de mudança de sexo é um dos mais controversos temas da sociedade contemporânea. Se hoje, com todos os avanços que temos, parece uma cirurgia 'absurda' na visão de muitos, tente imaginar como foi para a primeira pessoa que se submeteu ao procedimento na década de 50.
George Jorgensen, um tímido norte-americano de Nova York, chamou a atenção de jornais e tabloides em 1952. Durante a adolescência no Bronx, o jovem sentia que não pertencia ao corpo nasceu, e tudo fez mais sentido quanto ingressou brevemente no exército dos Estados Unidos.
No final dos anos 40, já com a vitória dos Aliados na Segunda Grande Guerra, Jorgensen ocasionalmente se deparou com um artigo que falava sobre um médico na Dinamarca. Seu trabalho consistia em fazer terapia de gênero utilizando hormônios em animais. A notícia relembrou a sensação de que ele não se identificava com o sexo pelo qual era reconhecido, e isso acendeu uma leve chama de esperança.
A família de Jorgensen era dinamarquesa, portanto, foi até que fácil justificar para familiares e amigos uma viagem até a Europa, sem dar maiores detalhes sobre quais eram suas reais intenções. Assim, em 1950, viajou sozinho até Copenhague.
Não demorou para conseguir falar com o doutor Christian Hamburger, responsável pelas pesquisas com hormônio que talvez pudessem ajudá-lo. Falando disso pela primeira vez com alguém, George conversou a respeito de todos os seus sentimentos. Para surpresa do rapaz, o doutor não achou estranho nada do que ele tinha dito, afinal, foi, pela primeira vez, diagnosticado como transexual.
Hamburger decidiu que ajudaria o rapaz a realizar a mudança que ele tanto almejava, no entanto, precisaria ficar na Europa passando por tratamentos que tinha desenvolvido. O americano aceitou, enxergando no doutor a primeira oportunidade de uma felicidade.
O primeiro passo para se tornar biologicamente uma mulher seria tomar hormônios femininos. Enquanto isso, Christian incentivou George a se vestir de mulher e sair na rua, para saber quais seriam os efeitos. Assim, surgiu pela primeira vez Christine.
O efeito inicial que se manifestou na mulher foi o crescimento das mamas e de cabelo, em áreas que George, anteriormente, havia começado a perder. O médico escreveu que, aos poucos, o corpo foi tomando um formato feminino.
Enquanto isso, era acompanhada por um psicólogo, o Doutor Georg Sturup. Sturup logo percebeu que ela estava plenamente convicta de que queria mudar de sexo. Não restava dúvida que ela acreditava pertencer ao gênero oposto. Como consequência, o psicólogo tratou de entrar em contato com o governo dinamarquês para tratar das burocracias fundamentais com o objetivo de levar a cirurgia adiante.
Georg teve que pedir para que uma brecha fosse criada nas leis do país, permitindo, nesses caso específico, a castração. O processo durou, mais ou menos, um ano. Enquanto isso, Christine tomava seus hormônios e estava finalmente pronta para a transição de gênero.
Foram diversas as sessões cirúrgicas até que fosse possível transformar o órgão de George. Não se tem certeza absoluta de todos os processos tomados por Hamburger durante as cirurgias.
Christine se tornou um fenômeno, dando várias entrevistas e se tornando estudo de caso até hoje. Sua chegada foi amplamente noticiada. Jorgensen não passou pelos processos cirúrgicos exatamente iguais aos que são utilizados atualmente, e também nunca mostrou as etapas para a construção vaginal.
Foi acolhida pela alta sociedade de Hollywood, que a convidava para festas exclusivas, além de participações e atuações em filmes e peças. Durante os anos 60 e 70, se tornou uma verdadeira artista, atravessando o país para fazer shows e realizar shows.
A família de Jorgensen, desde sempre, foi muito unida, e não foi diferente quando ela se tornou Christine. Em carta direcionada aos pais, ela escreveu: “A natureza cometeu um erro, o qual eu corrigi. Agora eu sou sua filha”.
A filha dos imigrantes dinamarqueses faleceu em 1989, em decorrência de um câncer, quando tinha 62 anos de idade.
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