A ruiva exerceu grande influência no início do descobrimento do Chile e marcou a história pela sua crueldade com escravos e funcionários
Wallacy Ferrari Publicado em 20/04/2020, às 08h00
Nascida em 1604, Catalina de los Ríos y Lisperguer ostentava dois sobrenomes de peso no Chile e já herdava grandes poderes ao nascer. Intergrante da nobreza chilena, cresceu inserida na alta sociedade, mas contrastava com o ensino e etiqueta dos outros membros. Sempre criada com regalias, Catalina não teve uma educação dedicada e nem fez questão de ter.
Seu pai, Gonzalo de los Ríos e Encio, ocupava o posto de general no Exército Real e, por sua posição de importância, chegou a desempenhar, em ocasiões de vacância, o título de prefeito da capital Santiago. Com suas conquistas, fez fortuna como proprietário de terras da sociedade colonial e enriqueceu ainda mais com o trabalho escravo de suas fazendas de cana-de-açúcar.
Sua mãe, Catalina Lisperguer y Flores, era filha do conquistador alemão Pedro Lisperguer e vinha de uma família de latifundiários com fazendas, esbanjando poder na nobreza inca local. Juntos, o casal teve duas filhas, sendo Águeda e Catalina — apelidada de La Quintrala. O apelido de Catalina tem duas versões de sua origem: na primeira, La Quintrala se trata de seu nome em uma colocação diminutiva, porém, na outra teoria, o apelido vem do fato de que, desde cedo, a garota gostava de chicotear os escravos com galho de quintral.
Quando cresceu, externava uma beleza rara no país, com longos cabelos ruivos, olhos verdes e estatura alta. Cobiçada pelos rapazes da época, sua ausência de educação compensou suas acusações com sua beleza que transbordava. Sabendo disso, Catalina foi meticulosa em seus atos. Uma das primeiras acusações contra a jovem relacionava a morte de seu pai com um envenenamento, supostamente causado pela mesma ao preparar o jantar.
O processo não prosseguiu, alegando falta de provas, e Catalina passou a viver com a avó materna, que orientou a jovem a se casar, buscando melhorar seus modos. O companheiro escolhido foi o coronel espanhol Alonso Campofrío de Carvajal e Riberos. Mesmo sem interesse no marido, passou a comandar ainda mais terras no Chile, unindo suas propriedades com as da família do cônjuge.
A crueldade da ruiva
Em sua principal fazenda, chamada de El Ingenio, os eventos relatados por autoridades indicavam que a violência e agressividade de Catalina com os funcionários e escravos ocasionou em episódios horríveis. Sempre amparada por membros da família em posições importantes na sociedade e subornando autoridades, torturava e chegava a matar os trabalhadores de suas residências rurais.
Um dos casos foi o de um escravo, chamado de Ñatucón-Jatón, que foi morto sem motivo desconhecido, apenas pelo fervor da dona. Foi o estopim para uma rebelião entre seus membros, que juntos decidiram fugir da fazenda. Apesar de recolhidos e levados de volta para a fazenda pelas autoridades, a Audiência Real Chilena decidiu começar uma investigação oficial secreta para avaliar as denúncias de maus tratos.
Após afastar a proprietária e seus capangas dos escravos, as vítimas foram recolhidas para depor os atos de agressividade, que se cruzaram. Foi possível concluir que os relatos eram verdadeiros pela quantidade de testemunhas e Catalina foi presa. Com a investigação, foi possível chegar a constatação de que a ruiva havia assassinado, junto ao seu mordomo e seu sobrinho, cerca de 40 pessoas.
Em 1600, foi acusada de assassinato e parricídio, seu julgamento foi lento e sofreu diversas intervenções de parentes influentes e outros juízes — comprados pela família. Sem a possibilidade de concluir dar uma pena justa, o juiz Fransico de Millán optou por interromper as audiências e liberar a réu. Cinco anos depois, Catalina morreu aos 61 anos, sem sofrer consequências pelos assassinatos e eventos de tortura. Três décadas depois, a Audiência Real reabriu a investigação e culpou a ruiva, que já havia partido.
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